Prefeito de Fortaleza pede ajuda humanitária internacional em entrevista à rede de TV americana

Para José Sarto, o Brasil "precisa sofrer uma pressão política mundial" para conseguir parar a crise

Escrito por Redação ,
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Legenda: Na ocasião, Sarto usou como exemplo a situação de Fortaleza, que tem uma média diária de cerca de 50 mortes ao dia em 2021
Foto: Reprodução Facebook/CNN

Em entrevista à TV americana CNN, nesta sexta-feira (16), o prefeito de Fortaleza, José Sarto (PDT), voltou a criticar a gestão da crise sanitário no País pelo Governo Federal e pediu ajuda humanitária à comunidade internacional: “estamos precisando desesperadamente de ajuda”. 

Atualmente, estados brasileiros vivem um dos piores momentos da pandemia da Covid-19, com uma segunda onda de casos mais letais, em meio a atrasos na vacinação. 

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"Durante esse governo, nós já tivemos quatro ministros da Saúde. Cada um tem o seu próprio ponto de vista, desconectados da visão do que os prefeitos e governadores ao redor do País estão fazendo para combater a Covid-19", disse o prefeito.

Ele ainda ressaltou os interesses políticos nas decisões do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e destacou a criação do consórcio de prefeitos brasileiros para a compra de vacina.

"Os prefeitos do Brasil criaram esse consórcio pra tentar comprar suprimentos médicos e vacinas. Por isso pedimos à comunidade mundial para nos ajudar. Porque nós estamos precisando desesperadamente de ajuda"
José Sarto
Prefeito de Fortaleza

Enquanto alguns países do mundo já estão vacinando jovens, o Brasil segue tentando imunizar grupos prioritários. Em Fortaleza, por exemplo, estão sendo imunizados os grupos prioritários da fase 2, que incluem idosos de 60 a 74 anos. 

A fala de Sarto em uma TV americana ocorre na mesma semana em que todos governadores assinaram uma carta destinada à Organização das Nações Unidas (ONU) e a Organização Mundial de Saúde (OMS) clamando por ajuda humanitária para que os brasileiros tenham acesso a mais vacina, insumos e oxigênios. 

Os posicionamentos evidenciam, mais uma vez, a tensão dos governadores com o Governo Bolsonaro diante da crise. 

Nesta sexta-feira 16), o Brasil atingiu 368.749 óbitos em decorrência da Covid-19. No Ceará, são 16.075 mortes para doença - com uma média de 55 mortes por dia somente neste ano. 

Confira alguns pontos da entrevista:

Durante a entrevista, Sarto agradeceu a emissora a visibilidade perante o mundo para chamar atenção para a situação do País, a qual descreveu como uma “tragédia humanitária”.  Por isso, segundo ele, prefeitos do Brasil resolveram se unir para pedir ajuda e auxílio para adquirir os imunizantes contra a Covid-19 no mercado internacional, tendo em vista o menor poder financeiro dos prefeitos mundo afora. 

"Decidimos criar esse grupo com o suporte da lei e da Suprema Corte e estamos tentando chamar a atenção dessas lideranças para que consigamos doações ao nosso consórcio para comprar as vacinas, principalmente. Só aqui em Fortaleza, temos uma média de 50 mortes por dia. E isso é muito preocupante. Eu como prefeito, preciso vacinar as pessoas. Mas nós não temos vacinas suficientes", disse Sarto.

O Brasil precisa sofrer uma pressão política mundial, precisa haver um debate na corte internacional a respeito dessa grave situação, para conseguir parar a pandemia aqui"
José Sarto

Sobre a avaliação de alguns países acerca da gestão da crise sanitária, considerada negligente por nações afora, Sarto disse que os mandatários internacionais têm suas razões para avaliar o Brasil assim. 

“Não os culpo, porque a gerência da crise aqui está muito distante do que a gente precisaria. Tenho certeza que você sabe que essa variante daqui está se espalhando em uma velocidade que a gente não pode controlar. (...) Então, infelizmente, o Brasil se transformou no epicentro da Covid-19 no mundo. É uma pena pra gente constatar isso, mas precisamos ver isso como é, é uma realidade", pontuou o prefeito. 

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