'Não posso ser colocado como candidato do Bolsonaro', diz Capitão Wagner

Em entrevista, o parlamentar do Pros rebateu críticas feitas por Roberto Cláudio (PDT) à sua pré-candidatura, lembrou que o presidente já afirmou que não apoiará postulantes pelo País neste ano e afastou embate com o prefeito

Escrito por William Santos ,
Legenda: Pelas circunstâncias do desenho pré-eleitoral, Capitão Wagner tem buscado se aproximar do voto conservador na Capital
Foto: Agência Câmara

O deputado federal licenciado Capitão Wagner, pré-candidato do Pros à Prefeitura de Fortaleza, disse, em entrevista ao Diário do Nordeste, que não pode ser colocado como "candidato do (presidente Jair) Bolsonaro" na Capital e que não teme que a aproximação que tem costurado com parlamentares bolsonaristas - no Ceará e nacionalmente - afaste possíveis apoios de centro na busca por alianças. Ele sustentou, ainda, que não há "cabimento" em associar sua pré-candidatura a um "radicalismo" e que não entrará em debate com o prefeito Roberto Cláudio (PDT), porque "não é ele o candidato".

Ao tratar da sucessão municipal em entrevista à Coluna Poder, publicada na edição deste domingo (9) do Diário do Nordeste, Roberto Cláudio subiu o tom em críticas ao parlamentar. Ele afirmou que o maior desafio do grupo governista será "enfrentar os piores sentimentos que representam o bolsonarismo radical" em Fortaleza e nomeou Capitão Wagner como representante desta ala ideológica na disputa eleitoral, sinalizando que, na pré-candidatura do opositor, "há um misto de inexperiência para governar, de despreparo e radicalismo".

O pré-candidato do Pros reagiu, dizendo que, ao "atacá-lo", o chefe do Executivo Municipal estaria desviando o foco de "denúncias" que precisam ser respondidas. "Ele quer me chamar para um ringue para o qual não vou aceitar o convite. Ele não é candidato, não tenho que ficar discutindo com ele, vou discutir com quem seja o candidato que eles (grupo governista) vão apresentar, até porque o foco do debate é esse. Não vou debater com quem está saindo, tenho que debater com quem quer entrar".

Capitão Wagner também argumentou que não pode ser colocado como "candidato do Bolsonaro", porque o chefe do Palácio do Planalto já teria dito que não apoiará nenhuma candidatura a prefeito no País e também porque já disputou a Prefeitura de Fortaleza em 2016, antes do pleito presidencial de 2018. "Eles (governistas) tentam, baseados em pesquisas que mostram certo desgaste do presidente aqui no Nordeste, macular a nossa imagem, mas a gente está muito tranquilo em relação a isso", apontou.

Questionado sobre o que representaria, então, a aproximação com parlamentares bolsonaristas que já declararam apoio à pré-candidatura, o parlamentar disse que as relações que tem com os deputados estaduais André Fernandes e Delegado Cavalcante, por exemplo, e com a deputada federal Carla Zambelli são anteriores às eleições gerais de 2018.

"Por conta disso, há esse apoio. Não há qualquer impedimento deles nos apoiarem, então tenho recebido e agradeço. Acho que quem concorre a cargo majoritário deve receber todo apoio, desde que não seja condicionado a qualquer apelo antirrepublicano, e não é o caso deles".

Capitão Wagner também disse não temer que as demonstrações de afinidade com uma ala que, segundo o prefeito, está alinhada a um "radicalismo" prejudiquem atração de apoios de centro. "Muitos dos aliados que estiveram com ele na eleição passada estão nos apoiando nesse momento", afirmou.

Ele citou que tem, até agora, apoios formalizados de partidos como Republicanos, PTC e PSC, que compunham a base governista, e adiantou que, nos próximos dias, deve receber oficialmente apoios do PMB e do PMN, também ex-aliados de Roberto Cláudio na Capital. "Então, não há qualquer cabimento na associação que ele faz", completou.

Pré-campanha

O pré-candidato do Pros contabiliza, até agora, oito partidos em seu arco de aliança eleitoral, mas tenta avançar em tratativas com outros quatro - DEM, PSDB, PSL e MDB. Segundo ele, uma das legendas deve anunciar posição nesta sexta-feira (14).

"Respeitando o distanciamento, uso da máscara, álcool em gel", o parlamentar também tem realizado incursões por bairros da Capital junto a pré-candidatos a vereador - são cerca de 600, somadas todas as legendas do arco, afirmou - e, hoje, deve se reunir com presidentes dos partidos aliados e técnicos para apresentar "um esqueleto de um plano de governo", que tende a passar por modificações a partir de outros encontros.

Cobranças

O parlamentar cobrou que o prefeito dê esclarecimentos sobre o caso da compra de respiradores não entregues, que ainda não tiveram o valor ressarcido aos cofres públicos na totalidade; e também sobre áudio vazado nas redes sociais em que supostamente o deputado estadual Bruno Gonçalves (PL) negociaria com um pré-candidato a vereador apoio financeiro em troca de composições eleitorais.

Resposta

Na entrevista à Coluna Poder, Roberto Cláudio informou que a Prefeitura de Fortaleza já tem duas decisões judiciais favoráveis à devolução do dinheiro e que aguarda a resolução completa da situação “em breve”.

Vice

Capitão Wagner disse que a convenção partidária do Pros deve acontecer por volta do dia 7 de setembro. Ele afirmou também que a definição do candidato a vice só ocorrerá quando o arco de alianças estiver fechado.

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