Ivo Gomes promete recuperação de renda, reformulação na gestão e descarta novas candidaturas
Série "O traçado da gestão" entrevista prefeitos dos maiores municípios cearenses fora de Fortaleza. Prefeito de Sobral fala sobre segurança pública, retorno das aulas presenciais e de seu futuro político.
Reeleito para mais quatro anos à frente da Prefeitura de Sobral, Ivo Gomes (PDT) estabelece quatro prioridades ao novo mandato: a recuperação econômica, programas de prevenção na segurança pública, vacinação o retorno das aulas presenciais nas escolas. Para garantir a retomada na Economia no município, as primeiras mensagens enviadas para a Câmara Municipal de Sobral são medidas para auxiliar pessoas físicas e jurídicas a se reinserir no mercado.
Em entrevista exclusiva, o prefeito diz que quer avançar na gestão e, para isso, mudou boa parte do secretariado. Ivo Gomes disse ser “um crítico” de sua primeira gestão, por isso quer modificar e corrigir erros para conseguir avançar. Ele detalhou as propostas para refinanciamento de dívidas e também para a contratação de mil de chefes de família – visando reduzir os impactos causados pelo fim do auxílio emergencial.
Referência em Educação no Estado, a cidade também conta com um Plano Municipal para a retomada das aulas presenciais, que está assegurado apesar do aumento de casos da Covid-19 no município, conforme garantiu o gestor. De acordo com ele, as mensagens já foram enviadas para aprovação da Câmara Municipal.
Ao contrário de seu irmão Cid Gomes (PDT), o prefeito de Sobral defende o impeachment do presidente Jair Bolsonaro. Para Ivo, Cid é um político “sereno" e está correto em ser contrário ao impeachment, mas o gestor diz não ter a mesma paciência do irmão.
Ele falou, também, da polêmica envolvendo a Santa Casa de Sobral sobre a cobrança de serviços de saúde a paciente do SUS
Prevendo que o comando da Prefeitura de Sobral será seu último cargo eletivo, Ivo Gomes diz que, ao fim do mandato, vai “montar uma pousada” ou “procurar emprego de gerente de pousada em Jericoacoara”. Ele nega qualquer articulação para ser candidato a governador em 2022: “Em hipótese alguma, eu renunciaria ao cargo de prefeito”.
Veja a entrevista completa:
O senhor está iniciando o segundo mandato. Quais pontos pretende dar continuidade e a quais pontos pretende fazer mudanças para nova gestão? Faz alguma autocrítica em relação ao primeiro mandato?
Sim, inclusive tenho falado muito mal do meu antecessor que sou eu mesmo (risos). Mesmo com a gestão tendo sido reconhecida nas eleições com quase 60% dos votos, a mudança da equipe – quase metade foi mudada – representa uma manifestação nossa de que as coisas podem melhorar e mudar, mesmo sendo o mesmo prefeito. Muda a equipe, muda o secretariado e também vai mudar a equipe abaixo deles, para a gente redirecionar algumas políticas, corrigir erros e realinhar a gestão para atender às novas demandas da população.
Quais são as principais mudanças para essa nova gestão? O que pretende adaptar e reformular?
Os desafios são os mesmos, no geral. A preocupação da população de Sobral é centrada em praticamente três áreas: a da segurança pública, sobre a qual o município não tem muitas atribuições constitucionais no que diz respeito à repressão, mas vamos dar um novo direcionamento para a nossa Secretaria de Segurança Cidadã. Vamos trabalhar com a Guarda Municipal na ostensividade, mas também fortemente na prevenção, que é o que os municípios podem fazer de mais importante nessa área.
Aliás, são os municípios brasileiros que podem – sem dispensar o apoio dos governos estaduais e federal – ter alguma política eficaz de prevenção, porque nós temos equipamentos públicos e temos alta capilaridade no município inteiro com escolas, postos de saúde, CRAS (Centro de Referência de Assistência Social), CREAS (Centro de Referência Especializado de Assistência Social) e vários outros.
O ano de 2020 foi muito duro para nós, não apenas por conta da pandemia, mas porque Sobral teve os seus indicadores de violência muito elevados. Batemos todos os recordes negativos de violência e a gente precisa agir com mais contundência e eficácia nessa área.
Tem a Saúde, que estamos tratando da vacinação, com a aquisição de seringas e agulhas e toda a estrutura necessária. E a questão de emprego e renda, que é um problema nacional. O País está batendo recordes de desemprego, e Sobral não é uma exceção. A Prefeitura prepara medidas para ajudar a população a passar por esse momento difícil, especialmente com o fim do auxílio emergencial.
Na eleição, seu concorrente Oscar Rodrigues criticou a perda de empregos que Sobral teve durante a pandemia. O que virá neste sentido de emprego e renda?
Sobral foi o município do Ceará que mais gerou empregos no ano de 2020 e foi 30º do Brasil entre os 5 mil pesquisados pelo Caged a gerar mais empregos. A economia depende muito pouco do que o município pode fazer, porque o município não é uma ilha. A política monetária é nacional, política fiscal é nacional, a política de importação é nacional. Enfim, a gente meio que fica ali remando contra a maré.
Agora, por exemplo, me comprometi de enviar para a Câmara e já mandei no dia 1º de fevereiro o primeiro Refis (Programa de refinanciamento de dívidas) que eu faço na minha gestão, já que eu não fiz nos últimos quatro anos e vai ser o único dessa gestão também, para ajudar as empresas a colocarem suas contas em dia com o Fisco e, portanto, ter acesso a crédito.
Mandei também agora à Câmara um projeto de lei autorizando a Prefeitura a contratar mil pessoas, chefes de famílias que com o fim do auxílio emergencial estão passando muitas dificuldades. E nós vamos contratar essas mil pessoas durante um ano. Isso também faz com que o dinheiro, que não é muito dinheiro, rode.
Esse dinheiro vai direto para a bodega do bairro, para o mercadinho. São mil pessoas sem nenhuma exigência de qualificação. O critério é chefe de família, quanto mais filho tiver e em maior dificuldade estiver. É para ajudar essas pessoas a não passarem necessidade.
Elas vão ser convidadas a trabalhar na arborização da cidade, na limpeza, a fazer manutenção dos prédios públicos, ser monitor de acesso de alguns prédios. Não vai faltar o que fazerem. Mas é muito importante que a prefeitura chegue junto dessas famílias nesse momento em que elas estão completamente desamparadas.
O senhor citou ainda a questão da contratação de mil chefes de família e falou do auxílio emergencial. Existem outros projetos, como uma renda mínima, para essa população que vai ficar sem o auxílio emergencial?
Sobral já tem o programa “Viver bem em Sobral”, que é voltado desde mães gestantes até mães de bebês com três anos de idade, que a primeiríssima infância. Ele foi esvaziado pela opção que as mães fizeram de migrar para o auxílio emergencial, porque pagava mais. Com o fim disso, a gente acredita que vai haver uma migração muito forte para esse programa.
A gente quer chegar perto das mães e proteger as crianças desde o ventre até os três anos de idade, que é a idade mais complexa e mais importante de uma pessoa, porque nessa fase são formadas 80% das ligações neurológicas no cérebro de uma pessoa.
Essas ligações dependem muito de alimentação adequada e, preponderantemente, de afeto e de parentalidade positiva. Esse programa visa uma transferência de renda, mas também um encontro com as mães para discutir a importância da parentalidade positiva.
As ações na segurança pública aparecem bastante no seu plano de governo, com linhas e níveis de intervenção de acordo com as vulnerabilidades do município. Como deve ser essa atuação da Prefeitura?
Antes da pandemia, tínhamos um programa experimental, porque não existe modelo que a gente possa seguir. Começamos a mapear os garotos e garotas de Sobral que tinham em torno de si grande parte dos determinantes (de vulnerabilidades) que foram identificados na pesquisa feita pela Assembleia (Legislativa do Ceará). A partir desses determinantes, fomos procurar esses meninos e meninas e os incluímos em programas que a gente colocou sobre um guarda-chuva chamado #OcupaJuventude.
São programas de estágios e de esporte; o Jovem Guarda; Bolsa Universidade; Bolsa Esporte; ocupações de espaços públicos; melhoria na iluminação pública; e reformas de áreas degradadas como parques, praças e jardins. Boa parte desses programas, especialmente os presenciais, ainda estão suspensos por conta da pandemia. A nossa disposição é de retomar isso com mais força. Também queremos dar escala a um programa de mediação, para que conflitos existentes não se transformem em confrontos e causem crimes.
A Prefeitura celebrou um empréstimo com o Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF), principalmente para as obras de saneamento. Existem outros planos para atrair recursos para Sobral?
É muito cedo para falar, mas os primeiros indícios são de certa normalização das transferências constitucionais. O desafio da Prefeitura é a arrecadação própria. A gente arrecadar sem distorcer a atividade econômica. Esse dinheiro da CAF, por exemplo, o grosso dele vai ser investido nos próximos três anos - o programa é de cinco anos, dos quais já se passaram dois.
Os primeiros anos foram de preparação, licitação e elaboração de projetos. Vamos agora começar várias obras em Sobral, o que é um dinheiro novo sendo injetado na economia do município, dando uma ajuda para fazer girar o nosso dinheiro e gerando empregos em obras públicas.
A gente estima que, pelo menos, mil pessoas vão estar empregadas, em 2021 e 2022, em obras públicas, em decorrência não só desse empréstimo, mas também de convênios que a gente já tem com o Governo Federal e Estadual.
O saneamento é um problema em várias cidades cearenses. Com essas obras, como fica essa questão em Sobral?
Com a alta do dólar e com os descontos que as licitações estão propiciando, vamos conseguir ir além da meta que tínhamos estabelecido. Isso vai viabilizar o saneamento do território onde está concentrada 90% da população urbana de Sobral e levar também o saneamento para mais duas sedes e distritos da cidade.
A minha expectativa é muito boa da gente terminar o mandato com Sobral sendo uma das cidades do país com maior cobertura de coleta e tratamento de esgoto, em um momento em que não há investimentos públicos disponíveis para o saneamento básico.
O orçamento do Governo Federal, no ano passado, em saneamento básico em todo país era de R$ 500 milhões de reais. Só Sobral vai investir, nos próximos três anos, R$ 150 milhões.
Quais são as medidas que vocês estão adotando em Sobral para coibir a proliferação da Covid-19 no Carnaval? O senhor anunciou que vai fechar a rodoviária no Carnaval.
Pretendemos fechar (a rodoviária) para o período do Carnaval. Estamos replicando ipsis litteris (tal como está escrito) o decreto do Estado. Como a gente teve a experiência das festas de fim de ano, que provocou um pequeno repique nos casos de Sobral, para evitar um novo repique a gente está tomando as providências. Primeiro, revogamos o ponto facultativo no Carnaval, estamos incentivando o comércio, a indústria, as próprias escolas a abrirem para evitar que as pessoas viagem.
O índice de contaminação em Sobral tem aumentado, mas em uma velocidade muito lenta.A gente considera que a epidemia em Sobral está sob controle.
Em relação a promessas de campanha. O senhor disse no ano passado que iria abrir um hospital para cirurgias eletivas. Como está esse projeto e quanto vai custar?
Está de vento em polpa. O prédio já existe, é o prédio de um antigo hospital de Sobral, que está sob intervenção da Prefeitura desde janeiro de 2020. Lá, já colocamos, por exemplo, enfermarias Covid-19 durante o pico da pandemia e agora estamos utilizando o centro cirúrgico para pequenas cirurgias. Mas a nossa meta é fazer cirurgias eletivas de baixa e média complexidade. Para isso, vamos fazer uma reforma no hospital, isso deve custar mais ou menos R$ 3 milhões, e depois vamos abrir para funcionar. Dr. Estevam é o nome do hospital.
Como está a situação em relação a Santa Casa de Sobral, que médicos estariam utilizando a unidade para fins privados?
A Santa Casa é um hospital 100% SUS. E isso quer dizer o quê? Por lei, ela é obrigada a atender única e exclusivamente pacientes do SUS. Onde estão esses pacientes? Estão em 55 municípios da macrorregião de Sobral. Mas quem recebe o dinheiro desses municípios para gerenciar os procedimentos e a otimização desses recursos é a Prefeitura de Sobral, porque Sobral tem a gestão plena da macrorregião. Então a Santa Casa não é de Sobral. Ela é um patrimônio de Sobral, que está a serviço de 1,5 milhão de pessoas.
A minha luta grande lá é para que as pessoas não furem fila, para que isso seja respeitado, para que não se fure fila pagando e para que não se fure fila com outros municípios pagando para ter um tratamento privilegiado, portanto, furando fila também. É uma luta muito difícil, porque é uma tradição muito arraigada, mas vamos conseguir, já estamos conseguindo.
Com esse aumento de casos, Sobral vai manter o retorno às aulas na rede pública para o dia 15, como já está planejado?
A gente estabeleceu um cronograma. Então, no dia 1º de fevereiro voltou a Educação Infantil da rede privada (com 50% da capacidade). E a gente se programou para 15 dias depois, ou seja, na próxima segunda-feira (5), voltar Educação Infantil da rede municipal. É o tempo que a gente está se dando para avaliar se tem repercussão ou não nas escolas (o aumento de casos de Covid-19).
A notícia que a gente tem até agora é que não há contaminação entre a garotada. A preço de hoje, a gente ainda tem como abrir a Educação Infantil, que é de 0 a 5 anos. A gente tem que pesar também os malefícios de uma criança ficar mais de um ano sem ir para a escola, em um momento crucial do desenvolvimento dela.
Na Primeira Infância, a criança precisa de estímulos, precisa de uma série de providências que só a escola pode tomar porque se não tomar vai comprometer o resto da vida dela. Então, nós estamos fazendo uma experiência com a Educação Infantil.
Se as coisas se estabilizarem, a gente vai crescendo o nível de escolaridade. Se continuar dando certo, 15 dias depois a gente abre as séries inicias – do 1º ao 5º ano – na rede privada. 15 dias depois a gente abre na rede pública também. Mas tudo está sujeito a alterações. A ciência está mostrando que a criança não só tem mais resistência para se contaminar, como também aquele mito de que ela seria um vetor meio que está sendo desfeito. Estamos acompanhando, qualquer coisa que acontecer a gente suspende.
Sobral vai aumentar o número de secretarias. Vai passar de 14 para 16 e uma reforma administrativa vai ser enviada para a Câmara. Isso deve gerar custos extras para o município?
Não. Estamos fazendo a reforma administrativa empatando, extinguindo algumas pastas, porque não são só os cargos de secretarias, tem todo o meio de campo. A lei que foi aprovada para condicionar o auxílio emergencial aos municípios, aos estados, proíbe o aumento nas despesas com pessoal. A gente teve que fazer a reforma extinguindo alguns cargos e criando outros por uma necessidade.
Estamos criando uma secretaria quase impositiva pelos órgãos de controle: que dizem que no primeiro escalão é para conter também a Controladoria Geral do Município. Na minha gestão passada, era um braço de uma outra secretaria. E um outro tema que vai ganhar relevo nesses próximos quatro anos na cidade é a criação da Secretaria Municipal de Trânsito e Transporte, que vai gerenciar uma grande transformação que o transporte público de Sobral vai atravessar.
No começo da entrevista, o senhor falou um pouco das mudanças da gestão para o segundo mandato. Quais outras mudanças serão feitas?
Em 2020, implementamos as primeiras três linhas de transporte público coletivo em Sobral. Tenho o compromisso de implementar mais quatro linhas, que foram identificadas no plano de mobilidade urbana da cidade. A tarefa da secretaria vai ser instituir essas novas linhas e integrá-las, temporal e tarifariamente, ao VLT.
É um sistema que está ganhando credibilidade e a gente vai expandir. Também vamos pensar nos outros modais, tentar fazer parceria com a administração privada para bicicletas compartilhadas, integrar ciclovias e ciclofaixas que já existem na cidade e criar outras, licitar um novo sistema de transporte distrital.
Cid Gomes disse, em entrevista ao Sistema Verdes Mares, que não apoiava o impeachment do presidente Jair Bolsonaro, que a população tinha que arcar com as consequências do voto. Você apoia o impeachment?
Cid está certo. O Cid é um político muito respeitador da história, das decisões e da democracia. Um político sereno. É uma pessoa que pensa muito antes de falar, que mede e pesa as coisas. É um político frio, não pejorativamente falando. E acho que ele está certo quando diz que as pessoas precisam (arcar com as consequências do seu voto), porque a democracia é um exercício. A nossa democracia é muito jovem, e a gente só aprende errando. Não tenho essa paciência que ele tem. Defendo o impeachment do Bolsonaro para ontem, por razões políticas e por razões jurídicas. Especialmente pelo comportamento inconsequente, irresponsável e antipático durante a pandemia que ainda persiste. Para mim, ele é uma pessoa má.
É como se um pai tivesse vendo o filho sangrando em casa, vomitando sangue e dizendo 'não isso é besteira, isso é frescura, fica aí que isso vai passar'. É assim que ele está tratando a população brasileira, porque um líder de uma nação tem a missão de proteger as pessoas. Estamos vivendo um momento sem precedentes, de necessidade e proteção, proteção física. E ele trata isso com desleixo, digno de uma pessoa ruim, que não tem empatia no coração, que não tem solidariedade no coração. Uma pessoa dessa não pode presidir o País.
Depois de anos na oposição, o PSDB compôs o arco de aliança na sua campanha pela reeleição. Como o PSDB vai participar dessa segunda gestão à frente do Município? E como o senhor tem dialogado e contemplado os partidos aliados?
Ninguém faz nada sozinho. Sou político e não tenho nenhum problema em dizer isso. Não acho que político é necessariamente ladrão e incompetente. Não tenho nada contra políticos ocuparem posições de liderança. Cargos técnicos podem até ser ocupados por políticos, desde que tenham um perfil técnico. O meu secretariado é uma mistura disso. Tem políticos, convidei dois vereadores para compor o primeiro escalão, e tenho técnicos também. Os meus aliados não me pressionam. Obviamente que os partidos apresentam sugestões, inclusive para cargos técnicos, e a gente vai ocupando na medida da competência. Se a gente puder aliar competência técnica a perfil político, melhor ainda. O PSDB, exclusivamente, não me pediu nada.
O senador Tasso Jereissati me deu a honra e o privilégio de ter o apoio dele sem fazer nenhum (pedido). Eu não tenho nem coragem de conversar com o senador Tasso sobre isso, porque ele não é homem para ficar barganhando isso e aquilo. Já estive com ele de novo, depois da eleição, e conversamos longamente e em nenhum momento tocamos nesse assunto.
O senhor teve o apoio de dois senadores cearenses e de vários partidos que compõem a bancada federal. Como vai ser essa relação com os parlamentares cearenses?
Precisamos desesperadamente de ajuda de fora. (...) O Brasil está sem projeto econômico e sem planejamento há anos. Não temos um projeto nem para ser criticado, isso é desesperador. A gente tem que fazer as coisas aqui e obviamente contar com as nossas bancadas. Sobral tem dois deputados federais daqui (Leônidas Cristino, do PDT; e Moses Rodrigues, do MDB), tem o Cid, que é senador por todo o Estado, mas é daqui de Sobral também. Ele é senador e acaba tendo o irmão enchendo o saco dele. Sempre tivemos o apoio do senador Tasso Jereissati e agora vou ficar mais à vontade para pedir as coisas a ele.
A gente precisa pedir, a vida de prefeito é essa.
É tomar conta do pouco que arrecada no local e passar o pires o tempo inteiro no Governo do Estado e no Governo Federal. Não conheço todos da bancada federal, mas todas as vezes em que procurei deputados e senadores, tive apoio deles. Nem sempre a gente teve sucesso, mas a solidariedade tem tido sempre.
O senhor é aliado ao governador Camilo Santana, mas faz duras críticas ao presidente Jair Bolsonaro. Como devem ser as relações com os dois poderes durante os próximos dois anos de governo de ambos?
O meu desejo é que continue como está agora, porque nós fazemos oposição a Bolsonaro desde a eleição dele. Os municípios têm seus gestores, que têm suas opiniões políticas individuais, como eu tenho, mas tenho muito respeito. Não posso, como prefeito, ficar atacando pessoalmente o presidente da República ou seus ministros. As críticas que a gente faz são críticas republicanas e isso não pode ser levado para o plano pessoal.
Espero que não aconteça em Sobral o que aconteceu em Fortaleza, com aparelhamento dos órgãos de controle externo. (...) Não tenho nenhum motivo para manifestar qualquer tipo de perseguição do Governo Federal com Sobral, pelo menos até hoje. Não tem novidade, não tem novos projetos, não tem novas linhas de crédito para o município, mas o que tinha tem continuado.
As eleições de 2020 encerraram há poucos meses, mas já começaram as articulações para as eleições de 2022. O senhor pode vir como candidato daqui a dois anos?
Meu plano é terminar meu mandato. Depois, quero concluir meu tempo para a aposentadoria do meu cargo como servidor público de carreira – eu ingressei em 1993, portanto, já devo estar perto. E aí vou montar uma pousada ou procurar um emprego de gerente de uma pousada na região de Jericoacoara. Não serei candidato a mais nada. A fila é muito longa. Se fosse pra chegar em mim, demoraria uns 20 anos. Preciso me preparar para acompanhar a vida dos meus netos, dos meus filhos.
Estou na política desde muito cedo. Desde os 20 e poucos anos de idade. Vou encerrar a minha carreira política no cargo mais importante que eu posso ter na vida, que é o cargo de prefeito na minha cidade.