Comissão de Educação da Câmara visitará escolas na próxima semana para avaliar retorno das aulas

As visitas ocorrem em meio à polêmica no Ceará sobre a assinatura obrigatória de um termo para que professores recebam a vacina e retomem as aulas

Escrito por Igor Cavalcante , igor.cavalcante@svm.com.br
Escolas foram adaptadas para o retorno às aulas
Legenda: Escolas foram adaptadas para o retorno às aulas
Foto: Fabiane de Paula

Representantes da Comissão de Educação da Câmara Municipal de Fortaleza farão visitas a escolas públicas da Capital  na próxima semana. Os parlamentares pretendem fiscalizar a preparação para o retorno às aulas presenciais. As visitas ocorrem em meio à polêmica no Estado sobre a assinatura obrigatória de um termo para que professores recebam a vacina e retomem as aulas presenciais no Ceará. 

De acordo com o vereador Professor Enilson (Cidadania), presidente da Comissão de Educação, algumas unidades educacionais serão escolhidas pelo grupo. “Vamos começar a  fiscalizar a estrutura tanto de creches quanto de escolas. Começaremos na próxima semana, quando eu e outros membros (da comissão) vamos cair em campo”, disse. 

Veja também

Quando tomou posse como prefeito de Fortaleza, José Sarto (PDT) tinha como uma das prioridades o retorno às aulas presenciais. Logo no início da gestão, ele chegou a visitar algumas escolas públicas da Capital que foram adaptadas para reduzir os riscos de contaminação da Covid-19. 

Retorno às aulas

"Algumas foram ampliadas para aumentar a capacidade de aeração, fizeram aquisição de totens, há licitação de tablets, chips e internet gratuita, enfim, queremos verificar o plano de operacionalização", disse o prefeito em 1º de janeiro deste ano. No entanto, com o aumento de casos da Covid-19, o planejamento acabou sendo adiado. 

O assunto voltou ao centro do debate político cearense no último sábado (29), quando profissionais da educação no estado do Ceará – incluindo da Capital – começaram a receber as primeiras doses da vacina. O impasse gira em torno da exigência de assinatura de uma declaração na qual os vacinados se comprometem a retornar às aulas presenciais no segundo semestre de 2021.

O documento foi alvo de críticas de professores e parlamentares, inclusive da base do Governo. Nesta segunda-feira (31), o Sindicato dos Servidores Públicos da Educação (Apeoc) apresentou à Justiça uma ação para reverter a obrigatoriedade.

“Estamos entrando com um mandado de segurança para revogar e acabar a intimidação dos profissionais da educação, que estão sendo obrigados a assinar o termo que troca a vacina pelo obrigação do retorno das aulas presenciais. Estamos dizendo não, é uma ação discriminatória, nenhum trabalhador foi subjugado a isso”, criticou Anízio Melo, presidente da entidade. 

“Coerência e lógica”

Para o presidente da Comissão de Educação da Câmara, o termo não pode ser encarado pela categoria como algo impositivo. “É uma forma de o Governo prestar contas com a sociedade, mas estamos em contato com a secretaria municipal da Educação de Fortaleza e haverá uma reavaliação dessa situação”, disse Professor Enilson.

“Não tem ninguém impondo o retorno às aulas, é uma questão de coerência e lógica, tudo será avaliado no momento de voltar”, acrescentou. O vereador, no entanto, está entre os que defendem o retorno das aulas antes mesmo da segunda dose do imunizante. 

“O Sindicato (Apeoc) vai querer a volta das aulas só após a segunda dose, mas sou a favor do retorno imediato, de forma híbrida, com o número limitado de alunos, equipamentos de proteção e toda estrutura de segurança."
Professor Enilson
Vereador presidente da Comissão de Educação

Decisão pode ser reavaliada

Conforme o Diário do Nordeste informou ontem, o comitê formado pela Secretaria de Saúde do Estado, pelos gestores de saúde municipais e pelo Ministério Público do Estado deve reavaliar, amanhã (1º), a obrigatoriedade do documento.

Segundo interlocutores do Governo, a decisão pela obrigatoriedade da assinatura do termo de responsabilidade pelos profissionais da Educação foi tomada pela Comissão Intergestores Bipartite.

O grupo é formado pelos gestores de saúde do Estado e dos municípios, além do Ministério Público do Estado do Ceará. Contudo, não teria existido uma consulta aos secretários municipais de educação, antes de estabelecer esta obrigatoriedade.

 

Os destaques das últimas 24h resumidos em até 8 minutos de leitura.
Assuntos Relacionados