Com Luizianne como pré-candidata em Fortaleza, PT busca alianças

Deputada federal e ex-prefeita de Fortaleza fala em Élcio Batista, do PSB, como um “ótimo” vice da chapa e acena também para compor com o PCdoB. Anúncio da pré-candidatura de Luizianne Lins expõe divergências no PT

Escrito por Alessandra Castro ,
Legenda: Luizianne Lins (PT) tenta voltar a ocupar o Paço Municipal, após a derrota em 2016
Foto: Agência Câmara

Com a definição do nome da deputada federal Luizianne Lins como pré-candidata para a disputa na Capital, o Partido dos Trabalhadores (PT) se articula agora em busca de alianças para formação da chapa pelo Paço Municipal. Apesar de se colocar aberto ao diálogo com todas as legendas para forma uma frente 'antibolsonarista' em Fortaleza, o PDT mais uma vez é posto como uma opção "difícil" e praticamente nula.

"Existe uma dificuldade na aliança com o PDT aqui, e não é por minha causa ou por causa do PT. É difícil formar uma frente com quem fica xingando a gente, que chama petista de babaca. Não preciso disso", destacou, ao se referir a críticas feitas pelos irmãos Ferreira Gomes - desafetos de Lins e aliados do governador Camilo Santana (PT).

Mesmo sem citar diretamente os partidos que buscará apoio para sacramentar seu nome na disputa, Luizianne aponta alguns coligados e legendas que também devem ser sondadas pelo PDT, como PSB e PCdoB.

"O Élcio Batista (ex-secretário da Casa Civil) poderia ser um ótimo vice para o PT. O PCdoB poderia ter um vice conosco. Vamos botar todos os nomes na mesa para chegarmos a um consenso. E vamos buscar sempre conversando com o governador", disse.

Élcio deixou o Governo Camilo no fim do prazo de desincompatibilização, em 4 de junho, para concorrer à eleição. Ele se filiou ao PSB e é apontado como possível postulante da legenda na Capital.

Oficialização

O nome de Luizianne foi oficializado ontem, por meio de resolução apresentada em conferência, após ter sido admitido em convenção. De acordo com o presidente do PT Fortaleza, vereador Guilherme Sampaio, a pré-candidatura da deputada federal foi uma "unanimidade dentro do partido, em todas as esferas (nacional, estadual e municipal)". Por isso, ele retirou seu nome do páreo para construção de um consenso.

Dos 46 membros do diretório, houve apenas duas abstenções ao nome de Luizianne. O sigla também deve lançar 63 vereadores para a vagas no Legislativo da Capital.

Divergências

Apesar da unificação ser um ponto enfatizado por Guilherme e Luizianne, a militância socialista da legenda, por meio do deputado estadual Acrísio Sena, enviou nota destacando divergências sobre na escolha para Fortaleza.

"A resolução apresentada no encontro do PT de Fortaleza não abre a possibilidade de um diálogo aberto e sincero com o governador Camilo Santana no sentido de envolvê-lo na busca de alternativas que possibilitem a unidade do campo democrático e popular", diz a nota.

Governador

Em entrevista exclusiva publicada na edição de domingo do Diário do Nordeste, o governador destacou ser favorável a uma união entre o PT e o PDT, o que vem sendo rejeitado por lideranças de ambas legendas. Na entrevista, ele expôs ter sido deixado de fora das decisões sobre Fortaleza, não tendo sigo sido convidado pela presidente nacional do partido, Gleisi Hoffman, para dialogar sobre a candidatura na Capital.

Guilherme fez questão de minimizar os desencontros com o governador para discutir a disputa em Fortaleza, enfatizando que é "normal ele preservar o arco de alianças que estruturam o seu governo"", se referindo a defesa de Camilo por uma união entre PT e PDT.

O chefe do Executivo Estadual chegou a exonerar, em junho, o então assessor especial de Relações Institucionais do Governo, Nelson Martins, que também é filiado ao PT, abrindo a possibilidade de uma candidatura que dialogasse com o PDT.

Sobre Nelson, o presidente municipal da legenda deixou claro que ele não era um nome cogitado pela sigla para a disputa. "Ele foi exonerado para criar alternativas políticas, mas esse movimento não foi sucedido de outros que pudessem acarretar em qualquer mudança (na decisão sobre pré-candidatura de Luizianne) no PT", disse Guilherme, citando o processo interno na agremiação para escolha de um nome como algo que inviabilizasse Nelson.

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