Ceará tem quatro parlamentares em cargos de liderança no Congresso

Em uma dinâmica que envolve quase 600 representantes de 27 estados, ocupar postos de liderança garante espaço de fala, decisão na pauta e poder de influência com os colegas; coordenação da bancada cearense está em disputa

Escrito por Felipe Azevedo , felipe.azevedo@svm.com.br
Legenda: A Câmara dos Deputados é um dos palcos do centro da discussão política do País e já existe movimentação com foco nas eleições de 2022
Foto: Maryanna Oliveira/Câmara dos Deputados

Composta por 22 deputados federais e três senadores, a bancada parlamentar cearense no Congresso Nacional ocupa posições de destaque que ultrapassam os limites do Estado. Na atual composição, ao menos quatro deputados e um senador mantêm lideranças partidárias ou de grupos na Câmara e Senado. Em meio à dinâmica do parlamento nacional, cujos 27 estados somam cerca de 600 parlamentares, ocupar um posto de liderança é fundamental para ter mais tempo de fala no plenário e influência na definição das pautas que serão discutidas em conjunto.

Na atual composição, André Figueiredo (PDT) é líder da oposição na Câmara. José Guimarães (PT) está à frente da minoria. Capitão Wagner lidera a bancada do seu partido, o Pros, e Eduardo Bismark, é titular da Mesa Diretora, vice-líder do PDT e coordenador da bancada cearense. Além deles, o senador Cid Gomes foi escolhido, recentemente, líder da bancada do PDT no Senado Federal. 

Disputa na bancada

Um dos cargos de liderança, inclusive, será disputado dentro da bancada cearense: a coordenação da bancada do Estado. O deputado Genecias Noronha (SD) confirmou participação na disputa para escolha da nova coordenação do grupo. Até ano passado, o cargo era ocupado por Domingos Neto (PSD), que deixou o posto quando se licenciou por conta das eleições municipais. 

Com a saída temporária de Neto, Eduardo Bismarck assumiu o lugar, no qual permanece até hoje. Bismarck também quer se manter no cargo. Com dois concorrentes, haverá disputa pelo espaço. Na próxima quarta-feira (17), em reunião, os deputados cearenses definirão o novo coordenador da bancada. Para a professora de Teoria Política da Universidade Estadual do Ceará, Monalisa Torres, a função do líder agrega poder e os deputados “vão disputando espaço para se fortalecer frente aos colegas”.

Ela lembra também que está em curso uma preparação para as Eleições 2022, “e as posições de poder precisam estar estabelecidas”. Para a especialista, questões ideológicas tendem a ficar de lado frente ao pragmatismo político que os líderes precisam ter no Legislativo. “No final das contas, essa história de conteúdo programático do partido fica em segundo plano, tanto na esquerda quando na direita”, destaca a docente. 

Suplente na Mesa

Integrante do PDT, Bismark é o 1º suplente da Mesa Diretora da Casa. Ele faz parte do colegiado de 11 deputados – incluindo secretários, vice-presidentes e o presidente -, que toma decisões institucionais. Ele, por exemplo, pode ser um representante do presidente Arthur Lira em eventos – seja no Ceará ou em qualquer lugar do País. Junto ao colegiado, o parlamentar participa também das definições das pautas que serão votadas. 

Minoria

Há pouco menos de um ano, o deputado José Guimarães (PT) foi escolhido o novo líder da Minoria na Câmara dos Deputados. Ele substituiu a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) na função. Em 2016, Guimarães também ocupou o cargo. Em 2018, ele foi líder da Oposição. Assim como as demais lideranças da Câmara, o líder da minoria tem mais tempo de fala nas sessões e participa da reunião de líderes. 

Líder de partido

Em paralelo, o deputado Capitão Wagner exerce função de liderança do Pros na Casa. Ele avalia que o cargo irá o “aproximar não só do presidente da câmara, mas do Governo Federal e dos ministros e com isso teremos uma melhor condição de levar melhorias para o Ceará”. Wagner avalia que a proximidade com Lira facilita o trâmite de matérias consideradas importantes. 
“Vamos ter uma posição de destaque maior nas votações, relatorias, encaminhamentos. Havendo projeto do Estado a gente tem condição de encaminhar de forma favorável”, explica o político. 

Liderança na oposição 

O deputado André Figueiredo (PDT) é o líder da oposição na Câmara. Ele deve deixar o posto no próximo mês. O parlamentar cearense ocupa o cargo desde março do ano passado. Deve deixar o posto “para obedecer às regras da proporcionalidade dos partidos”, como salienta. 

Na avaliação dele, “a liderança (da oposição) estabelece o diálogo com o presidente da Câmara e, nessa perspectiva, estamos trabalhando junto ao governador Camilo Santana (PT)”. “Com essa função (de líder da oposição), o parlamentar consegue dialogar com outros líderes e com isso aprovar projetos para o Ceará e para o Brasil”, enfatiza ainda. Ocupar territórios de liderança abre uma outra perspectiva em relação a possibilidade de atuação no Congresso Nacional brasileiro. 

Senado 

No Senado Federal, a lógica de liderança funciona de modo um pouco diferente. Com apenas 81 membros, a Casa tende a ter mais espaço para os parlamentares, ao contrário da Câmara, com 513 deputados federais. Na bancada cearense, o destaque de liderança é Cid Gomes, indicado ainda no dia 9 de fevereiro como novo líder do PDT na Casa. A escolha foi confirmada por meio de documento da bancada encaminhado à Mesa Diretora do Senado. Cid ocupou o lugar do senador Weverton (PDT-MA), que foi eleito no dia 1º de fevereiro para ser o 4º secretário da Mesa.

Exercendo influência de liderança e sendo a primeira atividade no cargo, Cid já participou, na mesma semana, da primeira reunião do novo Colégio de Líderes do Senado com recém-eleito presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG). O encontro foi para tratar de pontos como alternativas ao auxílio emergencial e a votação de Medidas Provisórias pelo Senado.

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