Sustentabilidade e saúde reprodutiva como compromisso coletivo com o futuro

Escrito por Daniel Diógenes ,
Ginecologista e especialista em medicina reprodutiva
Legenda: Ginecologista e especialista em medicina reprodutiva

Quando falamos em sustentabilidade, a maioria pensa em práticas voltadas à preservação ambiental, como a economia de recursos e a reutilização de materiais. No entanto, acredito que sustentabilidade vai além do meio ambiente. Ela também envolve encontrar soluções acessíveis e inclusivas para as necessidades sociais. Um campo particularmente urgente que demanda essa transformação é a saúde reprodutiva, especialmente no que diz respeito ao congelamento de óvulos e à reprodução assistida.

O Brasil enfrenta um sério desafio demográfico. Nossa taxa de fecundidade está em 1,6 filhos por mulher, muito abaixo dos 2,1 necessários para a reposição populacional. Em poucas décadas, poderemos nos tornar uma sociedade tão envelhecida quanto a da Suécia. Diante desse cenário, é imperativo que tanto o setor privado quanto o setor público trabalhem juntos para ampliar o acesso às tecnologias de reprodução assistida, como o congelamento de óvulos, beneficiando uma gama maior de pessoas.

É fundamental que as empresas invistam na criação de benefícios que facilitem o acesso de seus funcionários a esses tratamentos. O congelamento de óvulos, por exemplo, oferece a chance de preservar a fertilidade e estender o planejamento familiar, especialmente para mulheres que desejam adiar a maternidade por motivos profissionais ou pessoais. Entretanto, é importante destacar que não são apenas as mulheres que se beneficiam dessas tecnologias.

Precisamos pontuar que o setor público também tem um papel essencial. O governo precisa desenvolver políticas públicas que ampliem o acesso à reprodução assistida, especialmente para aqueles que não têm condições de arcar com os custos dos tratamentos. O congelamento de óvulos e a fertilização in vitro ainda são inacessíveis para muitas pessoas, devido aos altos custos e à falta de cobertura por parte do sistema público de saúde e planos de saúde privados. Se desejamos, de fato, um país mais justo e inclusivo, é fundamental que o Estado enxergue a reprodução assistida como uma questão de saúde pública e implemente políticas de apoio a essas tecnologias.

A sustentabilidade, nesse contexto, não é apenas ambiental. Ela envolve também a criação de uma sociedade mais justa e igualitária, onde todos, independentemente de suas circunstâncias, possam ter a oportunidade de formar uma família. As empresas podem e devem ser aliadas nesse processo, mas é o setor público que pode garantir que essas soluções cheguem a todas as camadas da sociedade.

Estamos em um momento em que precisamos nos reinventar como sociedade, e isso envolve buscar novas soluções que atendam a uma realidade cada vez mais diversa e desafiadora. A acessibilidade à reprodução assistida não deve ser privilégio de poucos, mas um direito garantido para todos que desejam ter filhos, independentemente de sua orientação sexual, identidade de gênero ou condição de saúde.

A mensagem é clara: o congelamento de óvulos e outras formas de reprodução assistida são fundamentais para o futuro. Precisamos de um esforço conjunto para garantir que esses recursos estejam ao alcance de todos e desta forma será possível assegurar que a sustentabilidade, em seu sentido mais amplo, inclua também o direito à reprodução.

Daniel Diógenes  é ginecologista e especialista em medicina reprodutiva

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