Pandemia e animais abandonados

Escrito por Marcel Girão - Coordenador Estadual da Defesa Animal do Ceará ,

Vivemos um momento em que surge uma aparente contradição. Um forte pedido de isolamento entre as pessoas tem fomentado um intenso sentimento de união entre os seres humanos. Um momento em que abraços e afagos físicos cederam espaço para conferências e interações virtuais nas redes sociais. Um momento em que talvez aquela trivial pergunta - "Oi,tudo bem?" - nunca tenha sido tão sincera.

Nos momentos de crise, a sociedade sai um pouco do piloto automático e muda seu foco, passa a pensar menos no que fazer e refletir mais sobre por que fazer. Aprendendo a valorizar o essencial da vida.

Há alguns seres que levam uma vida sempre focada nesse essencial, os animais só pensam em comer e trocar carinhos com os humanos. E os idosos, pela experiência adquirida, aprendem que muitas preocupações nunca passaram de mero fruto da imaginação, que desavenças com familiares e amigos não fazem sentido, e são mais suscetíveis a fazer as pazes, se tornam "pais" menos rígidos e mais carinhosos com seus netos.

O mundo precisou de uma grande pandemia para voltar a valorizar o essencial e perceber que para a roda do sistema girar, todos têm sua importância, desde aquele trabalhador mais humilde até os grandes líderes de organizações e de nações mundiais.

A solidariedade tem sido o sentimento que mais se aflorou neste momento, quando a Covid-19 se espalha pelo mundo e se faz necessário seguir as determinações do isolamento físico. Muitos profissionais estão arriscando suas vidas pelos demais, muitos cidadãos têm ficado em casa pelos idosos enquanto outros têm ido às ruas pelos animais.

Muitas pessoas que talvez nunca tenham tido contato com a filantropia estão experimentando a divina sensação de ajudar todos aqueles que precisam e sentindo na pele que ninguém é tão rico que não precise de um abraço e ninguém é tão pobre que não possa abraçar.

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