Os benefícios do implante cerebral para o Parkinson e para outras doenças neurológicas
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A Estimulação Cerebral Profunda é uma abordagem terapêutica que tem ganhado destaque por sua eficácia no tratamento da Doença de Parkinson e diversas condições neurológicas, sendo funcional no alívio de epilepsias, distonias e tremores.
Também conhecida como DBS, do inglês Deep Brain Stimulation, é uma técnica que envolve o implante de eletrodos no cérebro. Esses eletrodos são conectados a um dispositivo semelhante a um marca-passo, o neuroestimulador. Esse sistema gera estímulos elétricos programáveis em localizações específicas do cérebro, para regularizar padrões de atividade cerebral e pode diminuir significativamente os tremores¹ de pacientes, por exemplo.
No Nordeste, o DBS é uma realidade há pelo menos 16 anos com critérios bem estabelecidos para a seleção de pacientes. Geralmente, a seleção inclui aqueles que são refratários a tratamentos convencionais, ou seja, que não respondem adequadamente a medicamentos ou outras intervenções terapêuticas padrão para suas condições neurológicas. O DBS pode ser considerado uma opção terapêutica para esses indivíduos, oferecendo uma alternativa em proporcionar alívio dos sintomas, maximizando seus resultados clínicos e melhorando significativamente sua qualidade de vida².
Além da seleção adequado do paciente, outros dois pilares são fundamentais no tratamento com DBS. A precisão da implantação dos eletrodos, um destes pilares, é mandatória para garantir a chegada dos estímulos elétricos nestes alvos cerebrais. O cuidado contínuo com os pacientes após o implante do sistema de neuroestimulação com uso de programações exclusivas, outro pilar desta terapia, é essencial para garantir o seu máximo benefício a longo prazo.
No entanto, ainda existem desafios no que tange a conscientização e disponibilidade do tratamento com DBS. A disseminação do conhecimento e a promoção de ações especificas sobre essa terapia são essenciais para facilitar o acesso a todos os pacientes elegíveis. Além da abordagem médica, as associações de pacientes desempenham um papel importante na educação do indivíduo com doenças neurológicas crônicas e sua família. Como na doença de Parkinson, a conscientização sobre tratamentos disponíveis como DBS, apoio emocional e suporte, são fundamentais para pacientes neurológicos, e podem vir dessas associações.
Alguns estudos sugerem que o DBS também pode desempenhar um papel importante no tratamento de outras condições, como no transtorno obsessivo compulsivo, depressões maiores refratárias e dependência química, expandindo ainda mais seu potencial terapêutico 3,4.
No cenário global, o DBS está impulsionando uma era tecnológica na neurociência. É uma alternativa segura e recomendada com potencial de melhorar significativamente a qualidade de vida de pacientes refratários a tratamentos padrões, e tem feito com que muitos retomem sua rotina de trabalho e de hobbies. Por isso, a importância contínua da pesquisa, educação e colaboração entre profissionais de saúde, pacientes e associações para maximizar o impacto positivo dessa terapia inovadora.
Yuri Andrade Souza é médico neurocirurgião