“Pula a fogueira iaiá”: o fim da greve na educação federal

Escrito por Samara Moura Barreto ,
Samara Moura Barreto é docente do IFCE campus Fortaleza
Legenda: Samara Moura Barreto é docente do IFCE campus Fortaleza

“Pula a fogueira, iaiá. Nas tradições juninas pular fogueira produz a crença da superação de dificuldades imbuída de um salto bem-sucedido. Em análise sobre o gesto de saltar é preciso operar por três imperativos: a força propulsora, o alçar voo e a aterrisagem. Após quase três meses de greve na educação federal, questionamos: O salto foi vitorioso? O que acendemos e o que apagamos sobre as pautas políticas e pedagógicas na educação federal?

A greve motivada, sobremaneira, pela asfixia orçamentária trouxe alguns avanços como a revogação da portaria 983 para os docentes e a implementação do reconhecimento de saberes e competências (RSC) para os técnico-administrativos. Não houve salto sobre a recomposição salarial para 2024, conquista de outras categorias profissionais.

Outra medida, para conter as chamas, foi a afirmação do Novo PAC que prevê R$ 5,5 bilhões para as universidades e R$ 3,9 bilhões para os Institutos Federais e Cefets até 2026. No Ceará, foi anunciada a expansão das Universidades Federais do Ceará (UFC, UNILAB e UFCA) e do Instituto Federal do Ceará (IFCE) com o alcance de 28 obras no estado. Não houve menção que tal efetivação fica condicionada às metas do Novo Arcabouço Fiscal, tampouco, refletiram, que a educação não é feita apenas de prédios, conforme nos diz o educador Paulo Freire. Se assim fosse, não haveria preocupação com o alto índice de evasão na rede federal, a exemplo do que ocorre no IFCE cujo número representa o total de 46,56% de matrículas evadidas desde 2013 (IFCE em número, junho de 2024). No entanto, o IFCE receberá seis novos campi, que fazem parte das cem unidades a serem implantadas.

O movimento grevista deixa marcas com reflexos na leitura de mundo do trabalho dos/as profissionais da educação que continuam imperando pela lógica do capitalismo, autoritarismo e o servilismo, a exemplo do golpismo do Proifes. Nesta análise, acendemos uma militância política contrária ao falseamento de uma base progressista, pondo em apagamento o brilho de uma estrela que privilegiou os interesses do rentismo e do capital financeiro em detrimento daqueles da classe trabalhadora. Alavantú e Anarriê.

Samara Moura Barreto é docente do IFCE campus Fortaleza

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