Malha viária cearense: uma verdadeira colcha de retalhos

Escrito por Dinalvo Diniz ,
Dinalvo Diniz é presidente do Sindicato da Indústria da Construção Pesada do Ceará (Sinconpe-CE)
Legenda: Dinalvo Diniz é presidente do Sindicato da Indústria da Construção Pesada do Ceará (Sinconpe-CE)

Desníveis, crateras, veículos quebrados e motoristas em zigue-zague para desviar de um buraco rezando para não cair em outro. Essa é a realidade das principais estradas do Estado do Ceará que passam também por obras não concluídas, como é o caso da obra do Anel Viário que já se arrasta há quase 12 anos, licitação deserta, aumento nos preços de material de construção e a péssima qualidade da malha viária cearense. 

De acordo com a Confederação Nacional do Transporte (CNT), 68,5% das rodovias localizadas no Ceará são classificadas como péssimas, ruins ou regulares. Essa situação é alarmante e preocupante, pois o problema das nossas estradas é a política errática da não elaboração de projetos executivos,  da falta de planejamento para liberação das áreas que garantam um andamento contínuo das etapas construtivas, o equacionamento equilibrado entre os cronogramas físico e financeiro de modo a garantir a justa remuneração dos trabalhos.

Outra problemática que a malha viária enfrenta é a alta no valor de materiais de construção, como: aço, cimento e asfalto que dispararam em meio ao processo inflacionário global agravado pela guerra na Ucrânia. Essa situação também afeta o prazo para conclusão das obras. 

E quando falamos do Anel Viário, que é o principal corredor logístico na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), a situação é ainda mais complicada. Pois esta obra foi iniciada com total falta de planejamento e cuidado na elaboração das desapropriações das áreas, em vários trechos com ausência de retornos em viadutos, licitações fracassadas e tudo isso atrasou o resultado final. Hoje o Anel Viário é uma verdadeira colcha de retalhos, pois fazem uma parte da obra em um ponto e param em outro. 

Essa falta de zelo por nossas estradas é uma herança de décadas de descaso, e é o reflexo da ausência de um planejamento que une orçamento suficiente para executar uma obra de forma contínua, utilizando materiais de qualidade para evitar ou pelo menos diminuir tantas emendas que são feitas na nossa malha viária que é uma verdadeira peneira. 

E os grandes prejudicados desta herança é a população que precisa driblar diariamente a colcha de retalhos nas estradas.

Dinalvo Diniz é presidente do Sindicato da Indústria da Construção Pesada do Ceará (Sinconpe-CE)