Ceará Azul: o maior território do Estado

Escrito por Artur Bruno ,

A área socioambiental tem se tornado cada vez mais relevante no contexto do desenvolvimento sustentável. As paisagens cearenses são representadas pelo semiárido, caatinga, serras úmidas, manguezais, dunas, praias e falésias. Entretanto, o Ceará não termina nas suas praias: temos uma extensa área marinha. O Ceará tem 149 mil km². Porém, o “Ceará Azul” tem uma área de 249 mil km², portanto, superior em 67% à área terrestre. Essa vasta área submersa tem um potencial para ser explorado de forma sustentável, observando todos os parâmetros de conservação, no âmbito das diretrizes da Década do Oceano (2021-2030) da UNESCO, e ainda garantir a melhoria de vida dos cearenses.

Esses interesses e potencialidades são parte da “Economia Azul”, um dos setores de desenvolvimento dos planos estratégicos Fortaleza 2040 e Ceará 2050. Entretanto, o Brasil ainda engatinha em políticas para a sua Amazônia Azul (área marítima nacional) apesar da importância econômica (19% do PIB nacional), social e ambiental dessa área enorme e esquecida.

Nesse contexto, o Ceará está buscando pioneirismo em nível nacional e internacional em políticas para o seu mar territorial, com o uso ordenado e sustentável das suas riquezas marinhas. Estamos preenchendo lacunas técnicas, científicas e de governança como a elaboração de um Atlas Marinho e de um planejamento espacial do litoral e do mar.

O Ceará Azul possui uma série de atividades sociais e econômicas como o turismo, petróleo e gás, mineração, portos, cabos submarinos, pesca (atum e lagosta, por exemplo), aquicultura, esportes náuticos (por exemplo, kite surf, vela e mergulho) e indústrias. Além disso, atividades emergentes como as usinas eólicas offshore, fornecimento de água por dessalinização, turismo náutico, logística marinha, maricultura, e, mais recentemente, o Hidrogênio Verde, mostram nosso potencial.

Estas atividades precisam de planejamento e estudos que evitem agressões ao meio ambiente. Por isso, o desenvolvimento do Planejamento Costeiro e Marinho do Ceará no âmbito do Programa Cientista-Chefe Meio Ambiente e conta com o apoio da força da ciência produzida nas universidades, além de empresários, comunidades tradicionais, Marinha, SPU, ONGs, parceiros municipais, estaduais e federais.

O Ceará também ganhará um Observatório Costeiro e Marinho, reunindo informações, profissionais e lideranças do setor. A união da academia, da gestão pública, setor privado e daqueles que vivem e trabalham no nosso litoral e mar é o único caminho para a conservação e uso adequado do nosso Ceará Azul.

Artur Bruno é Secretário do Meio Ambiente do Ceará

*Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.