Câncer de mama x Saúde Pública na pandemia

Escrito por Aurillo Rocha ,

O câncer de mama é um problema de saúde pública. Em 2021, alcançou a posição de câncer mais comum do mundo, segundo a OMS. Dados do Instituto do Câncer- INCA, atestam que no Brasil é o tumor que mais mata mulheres, sendo que 35% das pacientes brasileiras descobrem a doença em estágio avançado ou metastático. A pandemia do coronavírus comprometeu também, como outras áreas, mas no rastreamento da doença no país, os dados apontam haver uma redução de 45% de mamografias em 2020 e de 50% em 2021. 

Hoje o tratamento oncológico no país enfrenta uma série de dificuldades que deverão se estender pelos próximos anos: diagnóstico tardio de novos casos, filas maiores para procedimentos como radioterapia e piores prognósticos para quem enfrenta o câncer. Durante a pandemia, a superlotação dos hospitais levou pacientes a atrasar ou interromper o tratamento da doença.

O câncer de mama é provavelmente a doença mais temida pelas mulheres, devido à sua morbo-mortalidade, alta frequência e efeitos psicológicos, que afetam a percepção da sexualidade e a imagem pessoal. Durante o Mês Internacional de Conscientização do Câncer de Mama - Outubro Rosa a AMC- Associação Médica Cearense participará do apoio a campanha do outubro rosa e o combate ao câncer de mama; e realizará palestras educativas em algumas instituições. O foco será os desafios no tratamento do câncer de mama em estágios iniciais e avançado/metastático, que antes da pandemia de Covid-19 já representava 40% dos casos. 

A informação e a prevenção são as maiores aliadas contra a doença. Há o temor de que em razão dos diagnósticos de câncer represados durante a pandemia de Covid-19, o número de casos em estágio avançado aumente, sobretudo pelo atraso no início do tratamento de novos pacientes. E o sistema público de saúde precisa se preparar para atender o aumento dessa demanda que virá. Desde o início de 2020, as comunidades médica e oncológica têm sido muito resistentes e estão se adaptando à situação em constante mudança, assim como toda sociedade, necessidade e realidade. O alerta  é de que os casos já estão chegando aos consultórios em estágio mais avançado do que antes, não apenas em câncer de mama, mas também em outros tipos da doença.

Aurillo Rocha é oncologista e presidente da Associação Médica Cearense

*Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.