Compreensão

Fala-se da importância da compreensão. Mas o que seria a compreensão? E quais as possíveis compreensões? Em meio a essas perguntas, fiquei observando minha plantinha chamada camarão que ganhei de presente de uma amiga. Por dois meses e meio ela esteve sob os cuidados da minha mãe. Há duas semanas a peguei e trouxe para casa, já que iniciei um estilo de vida que poderia cuidar melhor dela. Há quatro dias ela começou a definhar. Continuo observando e, por enquanto, apesar de ter feito as recomendações da minha mãe: os banhos, conversas, um pouco de sol, continuo sem compreender o que aconteceu. Talvez a não compreensão que venha da ausência de racionalidade seja a opção possível, ou, simplesmente, compreender que existam os finais de ciclos, principalmente, os que fogem a nossa razão como o fim da plantinha camarão.

Na teoria, a habilidade de compreensão se dá na ordem dos sentidos e, assim, mais subjetivo do que podemos imaginar, já que inclui a percepção do indivíduo, seja de quem percebi, seja de quem é percebido. Um dia conversando com uma colega ela me disse que quase ninguém sabe o que é compreensão, por que ela só pode ser acessada pelo nível do conhecimento. E Compreender é conhecer. Conhecer a si e ao outro?  No caso da plantinha, eu estou a observando pela minha percepção e, não pela dela? Ela precisa de mais sol, de menos água e de mais conversas e compreensões. Talvez seja isso que possa ter evitado seu fim. Ou compreender seja o fim?

Conversando com uma tia, ela me falou que compreender é ser tanto racional como ser sensível, e que precisamos estar abertos ao outro. O que será que a plantinha camarão falaria, ou ela falou e eu não estava aberta? Para algumas religiões a compreensão é a base fundamental para uma sociedade de paz. E, em meio a isso, vejo nas redes sociais a linda frase: pessoas são mundos. E começo a perceber o quão valioso é o outro e o quanto o perceber é importante para nos percebermos no mundo, Começo a perceber o mundo da plantinha camarão, suas singularidades, suas necessidades e desejos que estavam aquém da minha compreensão, talvez. Começo a perceber que pouco sabemos sobre o mundo do outro, e que saber disso seja a compreensão possível e pacífica.

Juliana Romero é docente do curso de Design do UniFanor Wyden