A filosofia diante do pânico

Escrito por Antoine Abed - Filósofo e autor da obra "Ensaio Sobre a Crise da Felicidade" ,

Faz muito tempo, e podemos até voltar à Segunda Guerra Mundial, que nosso planeta não sofre um abalo como o que enfrentamos atualmente. Especialistas na área médica e chefes de Estado ainda não sabem o tamanho da crise e quando vai acabar. Afinal, o inimigo agora não é uma nação ou um terrorista com apetites distorcidos: ele é invisível e ataca a todos sem distinção. Você pode morar em qualquer parte do mundo, ter muito ou pouco dinheiro, não importa, ele te desestabilizará de alguma forma.

Viver nessa angústia não é fácil e, como consequência dessas incertezas, alguns indivíduos já apresentam sinais de pânico. Novas ferramentas de comunicação e redes sociais aumentam essa sensação, ora com notícias falsas, ora com dados irrelevantes. Noticiários transmitem 24 horas por dia informações sobre infectados e elevam, assim, o sentimento de impotência e ansiedade. Então, como podemos viver nesse ambiente tão complexo em que o controle sobre nossas vidas é perdido?

Vários filósofos já se debruçaram sobre esse tema e o pensamento que mais me agrada é a importância que Epicuro de Samos destina à prudência. Segundo ele, uma das principais referências do meu livro "Ensaio Sobre a Crise da Felicidade", a prudência é o bem supremo e é dela que se originam as demais virtudes.

O que nos ensina Epicuro é que não existe vida feliz sem prudência e, para suportarmos esse período de dor momentânea, precisamos ser fortes e pacientes, afinal, como dizem os mais antigos, não há bem que sempre dure, nem mal que nunca acabe.

Por fim, manter a calma e pensar de maneira livre procurando desenvolver a virtude da prudência é altamente recomendado em épocas de crises. Como o filósofo árabe Ibn Sina dizia: "A imaginação é a metade da doença, a tranquilidade é a metade do remédio, e a paciência é o primeiro passo para a cura".

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