A ética na medicina reprodutiva

Escrito por Redação ,

Com mais de 40 anos de história, a medicina reprodutiva no Brasil tem crescido e avançado sobre os alicerces da ética e das resoluções do Conselho Federal de Medicina. Esses dois fatores norteiam todos os procedimentos realizados por especialistas da área no país. Essa informação se torna importante para entender o porque de situações como as apresentadas na trama de Fina Estampa, nunca aconteceriam na vida real.

Exibida em 2011, a novela voltou à grade de programação da TV em horário nobre por causa da pandemia. Para melhor entreter, o autor criou uma história que pode levantar dúvidas em quem está em tratamento de fertilização ou quem está buscando informações. Como especialista em medicina reprodutiva reforço que casos como o retratado pela novela - manipulação e escolha consciente dos embriões; acesso à identidade dos doadores e pacientes por profissionais que não o médico; assim como a revelação dos nomes à doadores ou pacientes - são fatos que não devem acontecer na medicina reprodutiva no Brasil.

Todo o processo de fertilização ocorre de forma anônima. Não é possível saber nomes de doadores ou receptores. Quanto a escolha de sexo, apesar da tecnologia permitir, essa prática é proibida no Brasil - somente é válido em casos de risco de transmissão de doenças genéticas determinadas pelo sexo.

Como não há uma regulamentação mundial para a medicina reprodutiva, cada país tem a sua normatização. Procedimentos não permitidos no Brasil, por exemplo, podem ser feitos em outros países, onde inclusive há "comercialização" de óvulos e embriões - tanto para quem compra como para quem doa. Mas também há procedimentos feitos no Brasil, que não são permitidos em outros países, como fertilização independente ou para casais homoafetivos.

Importante dizer que contra dúvidas a melhor arma sempre será a informação e que em casos que envolvam a medicina reprodutiva, definitivamente, a vida não imita a arte.

Daniel Diógenes

Especialista em medicina reprodutiva

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