Uso excessivo de eletrônicos na pandemia pode causar irritação aos olhos, dor de cabeça e insônia

"Olho seco", coceira e alteração no grau são as principais queixas de quem passou a utilizar computador, celular e outras telas com mais frequência no período de isolamento social

Escrito por Redação ,
Imagem: Ana Lília Fernandes
Legenda: A educadora Socorro Fernandes e sua filha Ana Luisa destacam aumento de grau, dor de cabeça, ardência e vermelhidão nos olhos nesse período de pandemia
Foto: Ana Lília Fernandes

A chegada da pandemia causada pela Covid-19 transformou a convivência presencial em online. A mudança atingiu todas as gerações e provocou a utilização prolongada de computador, celular e outros equipamentos eletrônicos para a realização de tarefas ou busca de entretenimento. No entanto, apesar de necessárias, a oftalmologista Excelsa Costa Lima alerta que o uso excessivo das telas pode causar desconforto e prejudicar a visão. 

Seja por razão profissional, estudantil ou de entretenimento, é difícil controlar o manuseio desses eletrônicos no momento em que lives, trabalho home office, aulas online, redes sociais, sites de compras de notícias e games, os aparelhos eletrônicos são os recursos mais  utilizados pela população.

"Apesar das consequências que  os aparelhos eletrônicos podem provocar na visão, tivemos que lançar mão da Internet em quase tudo para seguir a vida", acrescenta a médica.

Para Lara Morais, 15 anos, o tempo e a frequência em que ela fica diante da tela do computador e do celular  para participar das teleaulas e de momentos de entretenimento têm causado efeitos negativos à sua visão. Antes da pandemia, a estudante fazia uso das ferramentas apenas para se comunicar com os amigos e pesquisas escolares. 

Imagem: Rozângila Freitas
Legenda: Lara destaca insônia, dores de cabeça, cansaço mental e na visão provocados pelo excesso de uso dos aplicativos eletrônicos
Foto: Rozângila Freitas

 Atualmente, entre as videoaulas, realização de trabalhos, pesquisa e entrega de tarefas, ela chega a ficar mais de 8 horas por dia diante da tela. Isso sem contabilizar os momentos de socialização com os amigos nas redes sociais.

"Uso óculos há mais de oito anos, mas, com o maior uso das telas nesses últimos meses, passei a sentir, insônia, dores de cabeça, cansaço mental e na visão", declara a estudante que já marcou revisão anual para este mês.

Dentre as principais queixas em relação  ao excesso de exposição ocular pela utilização das telas, Excelsa Costa Lima destaca o “olho seco”. O efeito ocorre devido à redução da produção de lágrimas, que  causam imagens mal definidas ou borradas, sensação de peso palpebral, coceira e irritação ocular. 

Segundo a oftalmologista, as dores de cabeça e cervical e erros de refração são agravados pela má postura.

"Há inúmeros relatos de surgimento de miopia quando se usa o celular muito próximo aos olhos, pois a posição desencadeia um esforço excessivo da acomodação ocular, principalmente em crianças", confessa.

Já nos adultos, a especialista diz que a exposição à luz azul acumulativa pode acelerar o envelhecimento dos tecidos oculares, risco de DMRI (degeneração macular relacionada à idade) e aparecimento precoce de catarata.

Porém, apesar dos sintomas, somente o exame oftalmológico confirmará se houve alteração ou surgimento de grau."O ideal, mesmo sem sintomatologia, é fazer uma avaliação oftalmológica anual, principalmente agora que os olhos estão mais expostos às luzes dos eletrônicos", ressalta a médica.

No caso das crianças, os relatos mais comuns associados à exposição ocular são distúrbios do sono, prejuízos cognitivos e de interação social, prurido e vermelhidão. O uso de lágrimas artificiais costumam melhorar esses incômodos, orienta a profissional.

As queixas destacadas pela especialistas são sintomas frequentes apresentados por Maria Lis dos Santos, 12 anos. Conforme a mãe, Laedna Anajessem, 42 anos, desde o ínicio da pandemia, quando a garota (filha única) passou a se comunicar com os primos e amigos da escola, apenas por meio virtual, o uso do celular cresceu consideravelmente e as reclamações das dores de cabeça também.

Imagem: Maria Socorro Galvão
Legenda: Com o uso prolongado dos equipamentos eletrônicos, Laedna Anajessem e a filha Maria Lis reclamam de dor de cabeça, cansaço e vermelhidão nos olhos

"Com o início das aulas, além da dor de cabeça, ela apresenta irritação e coceira nos olhos. Sei que isso é por conta da exposição as telas, porque ela tem uma visão excelente", declara a mãe que, além das mais de 10 horas de trabalho home office, auxilia Maria Liz com as tarefas escolares.

Ana Luisa Fernandes, 9 anos, tem uma rotina de teleaulas de 1h30 por dia. Mas, segundo a mãe Socorro Fernandes,  além do uso diário das telas para participar das aulas, a pequena dedica mais de 6 horas por dia conversando com os amigos e vendo vídeos. "Ana Luisa reclama de vermelidão, ardor nos olhos e dor de cabeça, principalmente quando está usando o aparelho. Ultimamente percebo que ela está também muito agitada", declara.

Imagem: Ana Lília Fernandes
Legenda: O constante uso dos também tem deixado Ana Luisa bastante agitada
Foto: Ana Lília Fernandes

Socorro Fernandes, 46 anos é professora da rede municipal de ensino e, além de acompanhar a filha Ana Luisa nas tarefas escolares, utiliza o computador para planejar aulas, formação, pesquisa, montagem de atividades e o celular para acompanhar o desenvolvimento das atividades. "Sem contar com os diversos grupos e contato com as famílias, porque muitas crianças não dão retorno e precisamos acompanhar as atividades". A professora passa aproximadamente 12 horas do seu dia diante das telas. 

"Nesse período de trabalho por meio dos dispositivos eletrônicos, senti dor de cabeca, vista cansada e embaçada. Em junho marquei consulta com meu oftalmologista é não deu outa. Meu grau aumentor de 1,75 para 3.00", relata a professora.

Dicas

Diminuir o brilho da tela é essencial, segundo a médica. O ambiente de navegação deve estar iluminado, pois o escuro faz com que as pupilas dilatem e a luz das telas seja mais agressiva aos tecidos oculares.

A luz azul emitida pelas telas são capazes de bloquear a produção de melatonina, causando insônia. Em crianças e adolescentes, a exposição contínua pode causar déficit de atenção, dificuldade na aprendizagem, alterações do apetite, depressão, ansiedade e comprometimentos osteomotores.

Manter sempre os olhos lubrificados, ter uma cadeira que deixe numa posição confortável para a postura e tentar fazer intervalos de tempo de duas horas são outras orientações. Nesse novo cenário, adultos e crianças também devem encontrar um ponto de equilíbrio entre trabalho, estudo, espaço pessoal e interação familiar.

 

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