Passageiros reclamam de espera por ônibus à noite, nesta quarta-feira
O movimento nas ruas e nos terminais de ônibus de Fortaleza foram diferentes do habitual por conta dos ataques criminosos que acontecem desde o dia 2.
Embora a circulação dos ônibus tenha acontecido normalmente nesta quarta-feira (9) durante o dia, segundo o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros (Sindiônibus), os usuários de transporte público reclamaram da demora. A partir das 19, o movimento nas paradas de ônibus e terminais apresentavam redução tanto no número de passageiros, quanto no de coletivos.
No bairro Itaperi, no entorno do campus da Universidade Estadual do Ceará, local em que as paradas geralmente são bastante movimentadas, estudantes relatam que nesta quarta-feira (9), embora a situação do transporte coletivo esteja melhor que os dias anteriores, o tempo de espera por ônibus ainda tem sido acima do normal.
Para Hyago Breno, 19 anos, estudante do curso de Matemática, as aulas iniciadas essa semana ficaram comprometidas. Ele se desloca da Uece rumo à Messejana e se queixa dos problemas enfrentados com transporte nesse deslocamento. "No começo da semana foi um pouco conturbado, o reitor chegou a cancelar as aulas. Durante o dia o ônibus demorou bastante, mas consegui chegar aqui. No período da noite fica mais difícil", relata.
Em outros pontos da cidade, o volume de pessoas nas paradas de ônibus esteve reduzido. Na Avenida Godofredo Maciel, no bairro Parangaba, as paradas de ônibus estavam esvaziadas. Na rua Costa Barros, na Aldeota, a situação era similar. Poucas pessoas movimentavam os pontos de ônibus, embora o transporte público circulasse com frequência.
Na Avenida Aguanambi, muitos ônibus passavam, mas ainda assim os usuários reclamavam da espera pelas linhas com sentido a Messejana. Segundo os passageiros, a espera já chegava a 40 minutos.
Na Avenida Bezerra de Menezes, usuários no ponto em frente ao North Shopping Fortaleza, relataram que as linhas para o município de Caucaia não estavam passando. Conforme os usuários, apenas algumas linhas em direção ao terminal do Antônio Bezerra passaram pelo local.
Terminais de ônibus
No terminal da Parangaba, quem esperava pelos ônibus ainda reclamava da incerteza e da demora na saída dos coletivos. Edna Araújo, vendedora, que pretendia seguir para casa, no bairro Canindezinho, contou como se sentia com a espera: "Tristeza e preocupação. A gente fica triste porque não pode chegar ao destino e tem que fechar o estabelecimento mais cedo para tentar a sorte de chegar mais cedo. Isso se ainda tiver ônibus, ontem não tinha mais nesse horário", conta enquanto espera o ônibus, por volta das 20h40.
O barista Denis Kennedy Vieira reclama também do processo de troca de policiais que escoltam os veículos, o que também estaria demorando a acontecer, aumentando a espera nas filas. "Já há uma semana passando por essa dificuldade de ônibus, horários. Ônibus para de repente, não avisa se vão parar. E quando não para, é esperando policiais para entrar nos ônibus. E isso custa uma demora na fila esperando, essa dúvida se vai ter ônibus ou não. Ontem eu esperei uma hora e quarenta para subir no Aracapé, hoje do mesmo jeito. O ônibus vem, encosta, mas não sai, porque espera policiais e isso a gente fica quase duas horas esperando numa fila para poder chegar em casa depois de um dia de trabalho cansativo".
O terminal da Messejana operava aparentemente de forma normal, mas motoristas e passageiros informaram à reportagem que o movimento tanto de usuários, quanto de coletivos, estava menor que o habitual. Além disso, os ônibus que continuavam saindo do terminal também eram reforçados por três policiais cada um, embarcados nos coletivos.
Às 22h, o terminal do Conjunto Ceará já não tinha mais ônibus circulando. A estudante Cecília Nascimento, 18, chegou ao local no horário e foi informada de que não havia mais coletivos. Ela caminhou da UPA do bairro até o equipamento já por não conseguir transporte e tentava encontrar uma outra maneira de chegar em casa, no bairro Bom Jardim.
VLT
Os vagões do VLT Parangaba/Mucuripe ficaram lotados de passageiros, com a redução do horário de funcionamento nesta quarta-feira. O equipamento, que geralmente funciona até 20h40, esteve funcionando até as 20h, conforme comunicado pela Cia. Cearense de Transportes Metropolitanos (Metrofor). "Cheguei em cima da hora do último, vim correndo para não perder. Moro em Maracanaú e para chegar aqui na estação hoje eu tive que pagar dezesseis reais de Uber, senão não dava tempo de pegar o VLT", conta o vendedor Rafael do Carmo.
A designer gráfico Francisca Souza também fez de tudo para chegar cedo à estação. "Ir de ônibus seria um desgaste grande", diz.
Já Maria dos Anjos, doméstica, chegou à estação depois da saída do último VLT. Ela e os três filhos seguiriam para a casa, no Montese. "Não sabia que ia fechar mais cedo, foi uma frustração. Mas fazer o que? Vamos voltar e tentar pegar o ônibus", relata.