Naufrágio pode atrapalhar navegação
Escrito por
Redação
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Outro alerta é que ainda existem riscos de o vazamento de óleo do navio afetar toda a cadeia alimentar
Cinco dias após o naufrágio do navio mercante NM Seawind, uma série de dúvidas ainda permanecem, especialmente no que diz respeito aos danos ambientais. Além do vazamento de óleo - que cria um problema generalizado, uma vez que afeta toda a biodiversidade marinha -, outra preocupação é com a questão da rota dos navios.
Depois de ficar impedido de seguir viagem devido a dívidas trabalhistas, desde 2011, o Navio NM Seawind naufragou, na semana passada FOTO: LUCAS DE MENEZES
É o que alerta Marcelo Soares, professor do curso de Ciências Ambientais do Instituto de Ciências do Mar (Labomar) da Universidade Federal do Ceará (UFC). Por estar na entrada do canal do Porto do Mucuripe, onde passam, diariamente, cerca de três navios mercantes, o especialista teme que o naufrágio atrapalhe a navegação.
Outros possíveis danos ambientais que cita é em relação ao vazamento de óleo, o que pode gerar um problema "gigantesco", por tratar-se de um material que demora muito tempo para se degradar naturalmente, afetando toda a cadeia alimentar. Prejudica ainda os botos, as tartarugas, os peixes e corais. Por isso, destaca a necessidade de fazer uma investigação para avaliar para onde o óleo está indo.
Outra questão é a do casco do navio. Apesar de não saber qual é o do NM Seawind, o especialista esclarece que, normalmente, com o tempo, as tintas vão se decompondo, passando a liberar toxina para o ambiente. Por causa da contaminação, algumas fêmeas poderão sofrer processo de reversão sexual. Segundo afirma, isso já acontece no Mucuripe e é um fenômeno global chamado "inposex".
Outra pergunta que se faz é em relação ao fundo onde o navio afundou, se é de areia ou de recifes. Caso seja de recifes, Marcelo Soares avisa que o impacto será grande. "Apesar de raro, naufrágios em alto mar podem ocorrer por causa do vento ou das ondas grandes. O que me pergunto é por que o navio não foi retirado antes já que estava lá há quase um ano", questiona.
Dinâmica
Outro ponto que tem de ser avaliado é se o naufrágio não irá atrapalhar o processo de dinâmica costeira da área. O biólogo explica que as correntes transportam o sedimento (areias e lamas) e, como ela poderá se acumular no navio, a dúvida é se não atrapalhará essa dinâmica. "Pode ser que o navio retenha a areia, e aquela região fique ainda mais rasa, o que prejudicará tudo. A praia é alimentada pela onda, é ela que traz e leva os sedimentos e o navio pode atrapalhar essa dinâmica", frisa. Em Fortaleza, esse processo está bastante danificado. "As dunas e os rios foram ocupados, e o Pajeú está acabado. Os espigões também influenciam, então, tudo tem que ser avaliado", afirma.
Todas as informações relacionadas ao naufrágio do navio NM Seawind estão concentradas na Capitania dos Portos do Ceará (CPCE) e na Companhia Docas do Ceará (CDC) que, diariamente, divulgam notas à imprensa. Ontem, na nota de número sete foi informado que, apesar da pouca quantidade, não foi possível precisar o volume de óleo que vazou do navio, pois em muito se mistura com a água do mar.
No último domingo, focos de óleo foram encontrados na praia do Pirambu, onde haviam pequenos detritos juntos a materiais absorventes de contenção empregados na embarcação. Uma balsa salva-vidas do navio também foi encontrada na mesma praia. Segundo a CPCE e a CDC, a balsa sofreu vandalismo por pessoas não identificadas.
Vazamento
Para minimizar os danos ambientais pelo vazamento, a nota informa ainda que prosseguem os esforços nas medidas de contenção do óleo pelo Centro de Defesa Ambiental (CDA) da Petrobras. Caso ocorram novos vazamentos de óleo, acrescentam, os mesmos serão retidos na área de contenção e, posteriormente, retirados da água por sucção e armazenados pela embarcação offshore em apoio à operação. Somado a isso, tem ainda os constantes esforços de limpeza no entorno do navio mercante.
Para evitar possíveis acidentes na área de navegação, alertas foram dados aos navios que se destinam aos portos de Fortaleza e do Pecém sobre o posicionamento do navio afundado. Foi instalado um sinal luminoso na superestrutura do NM Seawind para alertar os navegantes durante o período noturno.
Cinco dias após o naufrágio do navio mercante NM Seawind, uma série de dúvidas ainda permanecem, especialmente no que diz respeito aos danos ambientais. Além do vazamento de óleo - que cria um problema generalizado, uma vez que afeta toda a biodiversidade marinha -, outra preocupação é com a questão da rota dos navios.
Depois de ficar impedido de seguir viagem devido a dívidas trabalhistas, desde 2011, o Navio NM Seawind naufragou, na semana passada FOTO: LUCAS DE MENEZES
É o que alerta Marcelo Soares, professor do curso de Ciências Ambientais do Instituto de Ciências do Mar (Labomar) da Universidade Federal do Ceará (UFC). Por estar na entrada do canal do Porto do Mucuripe, onde passam, diariamente, cerca de três navios mercantes, o especialista teme que o naufrágio atrapalhe a navegação.
Outros possíveis danos ambientais que cita é em relação ao vazamento de óleo, o que pode gerar um problema "gigantesco", por tratar-se de um material que demora muito tempo para se degradar naturalmente, afetando toda a cadeia alimentar. Prejudica ainda os botos, as tartarugas, os peixes e corais. Por isso, destaca a necessidade de fazer uma investigação para avaliar para onde o óleo está indo.
Outra questão é a do casco do navio. Apesar de não saber qual é o do NM Seawind, o especialista esclarece que, normalmente, com o tempo, as tintas vão se decompondo, passando a liberar toxina para o ambiente. Por causa da contaminação, algumas fêmeas poderão sofrer processo de reversão sexual. Segundo afirma, isso já acontece no Mucuripe e é um fenômeno global chamado "inposex".
Outra pergunta que se faz é em relação ao fundo onde o navio afundou, se é de areia ou de recifes. Caso seja de recifes, Marcelo Soares avisa que o impacto será grande. "Apesar de raro, naufrágios em alto mar podem ocorrer por causa do vento ou das ondas grandes. O que me pergunto é por que o navio não foi retirado antes já que estava lá há quase um ano", questiona.
Dinâmica
Outro ponto que tem de ser avaliado é se o naufrágio não irá atrapalhar o processo de dinâmica costeira da área. O biólogo explica que as correntes transportam o sedimento (areias e lamas) e, como ela poderá se acumular no navio, a dúvida é se não atrapalhará essa dinâmica. "Pode ser que o navio retenha a areia, e aquela região fique ainda mais rasa, o que prejudicará tudo. A praia é alimentada pela onda, é ela que traz e leva os sedimentos e o navio pode atrapalhar essa dinâmica", frisa. Em Fortaleza, esse processo está bastante danificado. "As dunas e os rios foram ocupados, e o Pajeú está acabado. Os espigões também influenciam, então, tudo tem que ser avaliado", afirma.
Todas as informações relacionadas ao naufrágio do navio NM Seawind estão concentradas na Capitania dos Portos do Ceará (CPCE) e na Companhia Docas do Ceará (CDC) que, diariamente, divulgam notas à imprensa. Ontem, na nota de número sete foi informado que, apesar da pouca quantidade, não foi possível precisar o volume de óleo que vazou do navio, pois em muito se mistura com a água do mar.
No último domingo, focos de óleo foram encontrados na praia do Pirambu, onde haviam pequenos detritos juntos a materiais absorventes de contenção empregados na embarcação. Uma balsa salva-vidas do navio também foi encontrada na mesma praia. Segundo a CPCE e a CDC, a balsa sofreu vandalismo por pessoas não identificadas.
Vazamento
Para minimizar os danos ambientais pelo vazamento, a nota informa ainda que prosseguem os esforços nas medidas de contenção do óleo pelo Centro de Defesa Ambiental (CDA) da Petrobras. Caso ocorram novos vazamentos de óleo, acrescentam, os mesmos serão retidos na área de contenção e, posteriormente, retirados da água por sucção e armazenados pela embarcação offshore em apoio à operação. Somado a isso, tem ainda os constantes esforços de limpeza no entorno do navio mercante.
Para evitar possíveis acidentes na área de navegação, alertas foram dados aos navios que se destinam aos portos de Fortaleza e do Pecém sobre o posicionamento do navio afundado. Foi instalado um sinal luminoso na superestrutura do NM Seawind para alertar os navegantes durante o período noturno.