Fortaleza registra anualmente 4.384 multas na malha cicloviária
Motoristas que estacionam e/ou transitam nas partes exclusivas para ciclistas estão sujeitos a ser punidos com R$ 880,00 e sete pontos na carteira de motorista. Estacionar é infração de natureza gravíssima.
Desde 2015, a Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania (AMC) aplicou 17.537 multas aos motoristas que cometem infrações por trafegar e/ou estacionar sobre a malha cicloviária de Fortaleza. A média é de 4.384 infrações por ano - pouco mais de 12 por dia.
O professor do Departamento de Engenharia de Transportes da Universidade Federal do Ceará (UFC), Mário Azevedo, considera baixo o número de multas registradas para as dimensões de Fortaleza, e acredita que exista uma subnotificação desses casos. "Pela quantidade de infrações que você vê ao andar na rua, e sabe que ali não tem nenhuma fiscalização para multar, dá a impressão que o número deve ser maior", completa o professor Mário Azevedo.
A fiscalização por videomonitoramento da AMC se iniciou em março de 2017. Contudo, o órgão divulgou os dados de multas registradas desde 2015, por conta da expansão da malha viária na Capital cearense que tem como marco esse período.
De acordo com a autarquia, "a maioria das vias monitoradas por câmeras de videomonitoramento possui ciclofaixas o que dá maior segurança ao ciclista e evita que infrações sejam cometidas pela presença da fiscalização".
Disraelli Brasil, gerente de operações e fiscalização da AMC, revela as consequências das violações do trânsito. "A infração de transitar é de natureza gravíssima, com fator multiplicativo de 3, portanto, o valor é R$ 880, e prevê sete pontos no prontuário do condutor. Estacionar é uma multa de natureza grave", completa o representante da AMC.
O gerente do Órgão destaca que nos locais onde há vias para bicicletas, a Autarquia instala a sinalização de "proibido estacionar", justamente para fazer o embarque e desembarque, permitidos nesses espaços. "Transitar nas ciclovias e ciclofaixas está entre as dez multas mais registradas, já estacionar é um número bem menor", finaliza Disraelli.
Disputa injusta
Murilo Viana, que utiliza a bicicleta como principal meio de transporte há quatro anos, revela que como ciclista, a sensação no trânsito é de ser um "intruso". Contudo, o servidor público reverbera o discurso de "maior segurança" aos ciclistas nas ciclovias, por conta da separação física da estrutura que isola os condutores de bicicleta dos motoristas e motociclistas. Porém, ele reclama que a situação está longe de ficar perfeita, especialmente nas ciclofaixas.
"A gente vê algumas coisas desagradáveis, tipo moto invadindo ciclofaixa. Ciclovia é mais difícil porque tem uma estrutura física que separa. Mas na ciclofaixa, é muito normal ver quem não deveria circular", complementa o servidor público que utiliza principalmente a malha viária da Rua Senador Pompeu, para ir e voltar do trabalho.
Voluntário do projeto Rede Bike Anjo, Murilo complementa que a prioridade na hora de fazer uma conversão é dos ciclistas, por conduzirem um veículo não motorizado, contudo, segundo ele, isso também não acontece.
"Quando a gente está na rua mesmo (não em ciclovias), o que a gente mais percebe é a questão da proximidade quando vão ultrapassar a gente, principalmente os carros. Pelo Código de Trânsito Brasileiro, os carros têm que ultrapassar com um metro e meio de distância, mas a gente não vê isso", finaliza o ciclista.
Ampliação da malha
A AMC revela que com o desenvolvimento do Programa de Expansão da Malha Cicloviária, "a meta estabelecida pelo Plano Diretor Cicloviário Integrado (PDCI) para 2020, que era de cerca de 236 km de rede para deslocamento de ciclistas, já foi ultrapassada".
O objetivo do órgão agora é dar um passo "bem mais à frente". A Autarquia revelou que "a Prefeitura de Fortaleza projeta uma meta maior até o fim de 2020, que é chegar a uma marca de cerca de 400 km de malha cicloviária [...] e 524 km de malha cicloviária disponível até 2030.
Reforço alternativo
Os moradores de Fortaleza que desejam adotar a bicicleta como principal meio de mobilidade urbana contam com o apoio da Rede Bicicletar, desde dezembro de 2014. "Fortaleza conta com 80 estações desse sistema. A previsão é que, até o fim da gestão do prefeito Roberto Cláudio, haja um total de 200 estações do Bicicletar", revela a Secretaria Municipal de Conservação e Serviços Públicos (SCSP).
"Até o momento, o sistema recebeu mais de 221.625 cadastros, sendo que 91% dos cadastros ativos utilizam o Bilhete Único. Nesse período, o Bicicletar realizou 2.418.765 viagens", complementa a SCSP.