Crianças podem ter dengue assintomática; saiba riscos e impactos

O acometimento da dengue em crianças ocorre de modo mais súbito do que em adultos nos casos assintomáticos

Escrito por Redação , metro@svm.com.br
dengue
Legenda: As transmissões da dengue ocorrem somente por meio do mosquito Aedes Aegypti.
Foto: Shutterstock

Somente em 2021, até a 24ª semana epidemiológica, casos de dengue somaram 24.101 notificações no Ceará, de acordo com o IntegraSUS, portal de transparência da Secretaria da Saúde (Sesa). No entanto, especialistas relatam que diversos casos da doença podem acontecer de modo assintomático e não entrarem nas estimativas, principalmente no grupo infantil.

Segundo o biomédico e virologista Mário Oliveira, o acometimento da dengue em crianças ocorre de modo mais súbito do que em adultos. Muitas vezes, “ela [criança] não apresenta nenhum sintoma, está assintomática e, de repente, quando apresenta, já está em estado grave”.

Isso ocorre quando o vírus não está conseguindo se replicar de maneira adequada no organismo, não estabelecendo, assim, a infecção propriamente dita. Nesses casos, “o vírus quase não tem uma viremia - presença de vírus no sangue -, dessa maneira, a criança não produz sintomas”, explica o especialista.

Existe uma estimativa de que 1 a cada 5 pessoas que se contaminem com a dengue vão ser assintomáticas, e a maior parte dos assintomáticos a gente acaba não descobrindo”
Mário Oliveira
biomédico e virologista

A infectopediatra do Hospital Infantil Albert Sabin (Hias), Michele Pinheiro, destaca também que as transmissões da dengue ocorrem somente por meio do mosquito Aedes aegypti. “Uma pessoa infectada não transmite para outra pessoa, quem faz essa transmissão é o mosquito”.

Neste cenário, “o risco da criança estar com dengue é o mesmo risco da população geral, e essa complicação de forma mais grave [pode], até mesmo, evoluir para um acometimento de um choque circulatório e essa criança precisar de cuidados de terapia intensiva (UTI)”, prossegue a médica.

SINAIS DA DENGUE

Nas crianças abaixo de dois anos, a doença pode aparecer como uma síndrome gripal ou febril aguda, com “uma criança muito irritada, chorosa e um quadro bem inespecífico”, podendo até ser confundida com outras doenças, esclarece Pinheiro.

Já, quando mais velhas, elas podem apresentar a doença de forma bem característica como os adultos, com dores no corpo, na cabeça e atrás dos olhos, febre e manchas no corpo, por exemplo.

Os sinais de gravidade a serem observados são tonturas, episódios de muitos vômitos, dores abdominais, desmaios e sangramentos, sendo necessário buscar o acompanhamento de um profissional da saúde, “porque em alguns casos as crianças precisam ficar fazendo exames ou serem internadas”, diz Michele.

Casos notificados por Superintendência Regional de Saúde

  • Fortaleza: 14.883
  • Litoral Leste: 3.884
  • Norte: 3.091
  • Sertão Central: 1.126
  • Cariri: 1.117

PROTEÇÃO

A proteção ocorre com o cuidado em torno dos focos de proliferação dos mosquitos transmissores da doença. “Primeiro, tem que cuidar do ambiente domiciliar, não deixar nada que possa acumular água, principalmente porque a gente tá num período chuvoso”, destaca a especialista do Hospital Infantil Albert Sabin. 

“Se tiver quintal ou varanda [em casa], sempre deixar as plantas com areia, as tampas de sanitário fechadas, evitar tudo o que possa vir com mosquito, que possa ter a proliferação [dele], usar repelente nas crianças e evitar roupas escuras”, continua.

DENGUE E COVID-19

Com a disseminação do coronavírus pelo mundo, a dengue tem sido confundida, em muitos casos, com o vírus da Sars-Cov-2, principalmente nas crianças. “Na dúvida, sempre é bom procurar uma assistência médica para que a criança possa ser examinada para tentar fazer esse diagnóstico diferencial”, expõe a infectopediatra Michele Pinheiro.

“Os próprios exames de sangue inicias podem também assemelhar um pouco os quadros de dengue, de Covid-19 ou de Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica (SIM-P), por isso, a gente sempre tem que tá alerta e procurar ajuda de um profissional da saúde para poder orientar”, reitera a médica.

 

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