Avanço da mobilidade elétrica molda o futuro da Engenharia Elétrica no Brasil

Novos profissionais deverão propor soluções disruptivas em prol de uma economia de baixa emissão de carbono

Escrito por Agência de Conteúdo DN ,
Legenda: Mobilidade elétrica está entre as novas soluções para uma economia zero carbono
Foto: Shutter

Hidrogênio verde, energia eólica e solar, biocombustíveis. Em meio à busca constante por formas de energias mais limpas e duradouras no mercado, o setor da engenharia vem investindo em soluções para agilizar a transição energética e assim promover uma economia mais sustentável. 

Uma das inovações de maior destaque é a mobilidade elétrica. Com a aceleração tecnológica do século XXI e o aumento das discussões entre autoridades e empresariado, grandes montadoras mundiais estão substituindo motores à combustão por baterias elétricas para reduzir consideravelmente a emissão de carbono e outros gases do efeito estufa.  

Para Ricardo Silva Thé Pontes, engenheiro e professor do curso de Engenharia Elétrica da Universidade de Fortaleza (Unifor), o pacto por uma economia mais verde é condição fundamental para o equilíbrio e sobrevivência da Terra.  

“A ideia é que paremos de utilizar fontes não renováveis para uma matriz energética mais limpa e renovável. Essa transformação contínua vai levar a uma descarbonização global, promovendo um desenvolvimento mais sustentável com máquinas melhores e a diminuição da emissão de gases do efeito estufa, que tanto tem causado prejuízos a nossa sociedade”, explica. 

Muito além de veículos elétricos 

No Brasil, a mobilidade elétrica passou de sonho a realidade. Segundo dados do Renavam/ABVE, há 66 mil carros eletrificados na frota de veículos do país. Apenas entre janeiro e outubro deste ano, mais de 27.097 unidades chegaram às concessionárias, o que equivale a um aumento de 74% sobre os emplacamentos do mesmo período em 2020. 

Apesar dos números otimistas, professor Ricardo explica que a eletromobilidade não envolve apenas a modernização do transporte rodoviário, mas também o desenvolvimento de uma mobilidade urbana com infraestrutura mais inteligente e sustentável. 

“Por muitos anos, todo o sistema de transporte foi baseado nos motores de combustão interna. A eletromobilidade chega para contribuir fortemente para redução do efeito dos gases provenientes da queima de combustíveis fósseis, principalmente nos grandes centros urbanos. A transição traz uma redução substancial de consumo de derivados de petróleo, que chamamos de economia de baixo carbono. Os novos sistemas de eletrificação logo devem buscar aperfeiçoar e transformar a transição energética de forma mais rápida possível, possibilitando um maior uso de veículos elétricos”, ressalta. 

Geração distribuída e desafios no Brasil 

Pré-sal, hidrelétricas e produção de etanol. Atualmente, o Brasil é referência mundial na produção de energias renováveis, com cerca de 84% da matriz energética total constituída por energia limpa e renovável. 

Para além da produção energética em grandes usinas, os brasileiros têm investido cada vez mais na geração distribuída, processo no qual os consumidores geram sua própria energia seja a solar por meio de placas fotovoltaicas ou eólica, com aerogeradores.  

Estudos feitos pela Absolar (Associação Brasileira de Energia Solar Voltaica) indicam que a geração solar distribuída entre os meses de janeiro a novembro deste ano já superou mais de 2.673 MW ao longo de todo o ano de 2020 e responde a cerca de 2,4% da matriz energética nacional.  

Apesar dos avanços significativos, o Brasil ainda enfrenta muitos desafios para substituir completamente o consumo de combustíveis fósseis e vivenciar a mobilidade elétrica, é o que explica o professor Ricardo. “A primeira questão está relacionada aos custos. Hoje temos um custo muito alto para ter um carro elétrico puro. Esse tipo de bem ainda está muito caro. Mas claro que essa é uma questão de escala e de políticas públicas de incentivo a esse tipo de equipamento”, explica. 

Para além dos desafios econômicos do momento, o estudioso ainda ressalta a necessidade de modernizar a estrutura dos eletropostos no país e buscar inovações industriais e incentivos à geração distribuída para facilitar o acesso aos veículos elétricos e obter uma autonomia tal quanto um motor à combustão. 

“Com a readequação das redes elétricas junto com o aumento das unidades de geração distribuída, as centrais de distribuição de energia poderão efetivamente atender toda a rede de eletromobilidade futura, aumentando a disponibilidade de eletropostos e a autonomia dos veículos elétricos assim como os veículos de combustão interna”, explica Ricardo.  

Soluções para o futuro 

Com tantas transformações tecnológicas e preocupações socioambientais, os futuros profissionais da Engenharia Elétrica deverão investir em inovação para se adaptar às novas necessidades do mercado. E uma formação universitária sólida tende a ser um dos caminhos para o sucesso profissional. 

“As soluções que temos hoje não atenderão aos problemas que vão ser gerados para os desafios da sociedade do amanhã. Esta é uma preocupação que as universidades têm na formação de futuros engenheiros. Na Unifor, professores e gestores do centro tecnológico têm proposto novas formas de gestão da aprendizagem do aluno, onde o aluno passa a ser o protagonista do seu próprio aprendizado e criador das soluções do futuro. Em particular no curso de Engenharia Elétrica, os alunos terão acesso a multidisciplinas, desafios pedagógicos e tecnológicos e estímulo à inovação, quer seja dentro dos laboratórios quer seja na composição de ideias dentro da sala de aula”, destaca o professor.  

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