Ampliação do Mercado São Sebastião ainda é promessa
Além da recuperação dos espaços, a expectativa é a construção de um anexo dedicado à gastronomia
Que o Mercado São Sebastião é um dos principais e mais antigos centros de comércio alimentar da cidade, a maioria dos fortalezenses já sabe. Diariamente, milhares de pessoas frequentam os corredores de carnes, frutas, verduras e produtos naturais, além dos boxes reservados para plásticos, metálicos e peças artesanais. Porém, apesar da importância econômica e cultural do espaço, a promessa de criação de um anexo gastronômico ainda não saiu do papel e os problemas na infraestrutura persistem.
O açougueiro Luís Carlos Pacheco, 60, é permissionário do São Sebastião há décadas. Mesmo com problemas pontuais enfrentados pelo mercado atualmente, ele acredita que as reformas e a expansão do espaço só trouxeram benefícios para comerciantes e compradores: "Quem conhece isso aqui desde antigamente sabe que, hoje em dia, está uma maravilha".
Contudo, nem todos compartilham do mesmo otimismo. Um vendedor de hortifrútis, que não quis se identificar, reclama das obras inacabadas decorrentes da última reforma, apontando espaços nas paredes onde vários azulejos deixaram de ser colados. Ele se queixou, ainda, das janelas e outros suportes metálicos atualmente deteriorados pela ferrugem, dizendo que as más condições físicas do mercado podem atrapalhar a aquisição de novos clientes.
No entanto, para além da estética, os defeitos estruturais também podem trazer riscos. Uma usuária relatou que passava pelo local quando viu um pedaço da estrutura, visivelmente enferrujada, despencar do teto. Ela registrou o incidente em vídeo e contou que um homem precisou se esquivar do objeto para não ser atingido. "A situação do Mercado é essa de abandono, mas não devia ser, visto que é um ponto de referência. Muitas pessoas de outros estados e até outras nacionalidades andam por ali", afirmou a cliente.
Firmo Bezerra, administrador do equipamento, reconhece a existência dos problemas arquitetônicos, mas salienta que algumas reformas estão sendo executadas para melhorar o acesso do público aos banheiros, corredores e pátios. "É uma obra que tem 20 anos e a estrutura metálica, que é muito velha, se desgasta por natureza. É essa parte de ferragem que nós estamos recuperando", afirma.
Os serviços de manutenção interna decorrem de uma parceria entre a Associação dos Lojistas e Permissionários do Mercado São Sebastião (Almess) e a Prefeitura de Fortaleza, por meio da Secretaria Regional do Centro (Sercefor), que gere o Mercado São Sebastião desde o ano passado. Em nota, o órgão informou que, dentre os serviços realizados, estão a reforma dos banheiros, a revisão das instalações elétricas e hidrossanitárias, a troca da coberta e a reposição de telhas, a pintura geral e a recuperação da escada de incêndio. A previsão é que a obra esteja finalizada até o fim de junho.
Planos
Ainda segundo a assessoria de comunicação da Sercefor, o projeto executivo de construção do anexo do mercado ainda está em processo de elaboração por parte da Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seinf). Na última quarta-feira, porém, uma equipe de engenharia já realizava um estudo de solo na Praça para verificar como as obras do estacionamento subterrâneo podem ser iniciadas.
Em março de 2013, o prefeito Roberto Cláudio visitou o São Sebastião e, após ouvir as demandas dos permissionários, afirmou que levaria um projeto de revitalização da área destinada à venda de peixes ao Ministério da Pesca. Comerciantes de outras áreas do espaço interno do equipamento também reivindicaram a criação de um polo gastronômico popular.
À época, o Instituto de Planejamento de Fortaleza (Iplanfor) informou que buscaria financiamento para reformar a Praça do Mercado, fazendo com que cafés, lanchonetes e restaurantes funcionassem dia e noite, com lazer e entretenimento, agregando uma agenda cultural ao espaço de vendas.
Memória
Segundo historiadores, a antecessor do São Sebastião foi o Mercado de Ferro, inaugurado em 1897, no espaço onde hoje é a Praça Waldemar Falcão, no Centro de Fortaleza.
Em 1937, a estrutura começou a ser desmontada. Parte dela foi movida para a Aldeota, transformando-se no Mercados dos Pinhões. Outra parte foi levada para a Praça Paula Pessoa, no bairro Jacarecanga.
No fim da década de 1960, a estrutura metálica ficou pequena para atender ao intenso comércio da Praça e o mercado foi novamente desfeito. A estrutura foi remontada às margens da BR-116, como Mercado da Aerolândia.
Na Praça do São Sebastião, uma nova estrutura de alvenaria foi construída e sendo ampliada no decorrer dos anos.
O projeto do Novo São Sebastião, inaugurado em 1997, na gestão do prefeito Juraci Magalhães, foi idealizado pelo arquiteto cearense Fausto Nilo. Ele também assinará o projeto do novo anexo do mercado.
(Colaborou Nícolas Paulino)