Defesaça, fé e festa contra Corinthians: Fortaleza recupera esperança na Série A
Mais de 56 mil pessoas lotaram a Arena Castelão
Respira fundo, tricolor. Respira. Outra batalha foi vencida nesta quarta-feira (3). O Castelão testemunhou um Fortaleza que viveu pequenos milagres na partida que garantiu o 2 a 1 diante do Corinthians. Em campo, a tensão latente converteu-se em garra. Na arquibancada, as vozes banharam o estádio de fé. Os gols de Pochettino e Herrera, além da defesa inominável de Brenno representaram bem isso. Com o resultado, o Leão do Pici chegou à nona partida seguida sem derrota no Brasileirão e respira fora da zona de rebaixamento após 27 rodadas.
O último jogo em casa recebeu o maior público do clube na temporada. Quem tentou ouvir o jogo pelo rádio, dentro da Arena, teve dificuldade. Não houve silêncio que resistisse ao coral ensurdecedor dos donos da casa. Pois mais de 56 mil corações esperançosos fizeram o lugar pulsar.
Era ainda o primeiro tempo de mais uma partida decisiva para o Leão do Pici, que respira na luta para escapar do descenso. Apesar de bastante modificado, o grupo paulista propôs as ações ofensivas. Mas foi Pochettino quem abriu o placar para o time de Palermo aos 7 minutos. Numa jogada veloz construída por Breno Lopes e Bareiro, o meio-campista carimbou as redes adversárias. Seria a primeira intervenção divina?
As luzes piscaram, o copo de cerveja voou, teve abraço de um lado, sorriso do outro... A comemoração durou pouco porque o placar ainda era apertado, perigoso. O Timão pressionava ofensivamente e parava num Fortaleza aguerrido. Mas Breno Bidon quase empatou. Quase. Era Brítez apertando a marcação de um lado, era Lucas Sasha se jogando na bola na frente...
O Tricolor se defendeu com determinação. Levou sustos, muitos. É verdade. E mesmo com vantagem no placar, a cena era de gente com as mãos em prece, coçando o queixo, mandando o juiz para lugares impronunciáveis. A preocupação ainda existia. Naturalmente. Com menos posse de bola, o Fortaleza se fechou para resistir à pressão do grupo paulista. Foi aí que Breno apareceu com pelo menos duas grandes defesas na etapa inicial. Outra intenção divina?
À beira do campo, o técnico Maritn Palermo conduzia os jogadores feito maestro. Nervoso, gesticulava com firmeza e, por vezes, entrava na área de jogo. Para ele jogar junto, só faltava mesmo o uniforme. O argentino fez mudanças no time. A dança no gramado, a atmosfera criada pela música vinda da arquibancada acompanhavam o ritmo frenético que se repetiu no segundo tempo.
As mãos levadas à cabeça pelo lance perigoso do visitante logo se convertiam no aplauso pela jogada interceptada. E, em seguida, em gritos empolgados pelo contra-ataque. Um vai e vem de cenários e sentimentos que judiava do Tricolor a cada troca de passes. O desafogo veio aos 12 minutos, com Herrera, após ótimo passe de Rossetto. O atacante, num capricho que só quem entende do assunto sabe, deu uma cavadinha para superar o goleiro. Até quem não gosta de futebol sabe reconhecer beleza nisso. Eis mais uma graça alcançada na noite.
Mas o Corinthians queria tomar a festa para si. Aos 24, André recebeu na entrada da área e feriu o gol tricolor. Em busca do empate, Dorival Júnior também fez alterações e deixou o time mais ofensivo. Era tropeço em campo, dividida feia, bola tirada de qualquer jeito. O Fortaleza se sustentava como podia e tinha Brenno numa noite inspirada.
Nos acréscimos, o goleiro do Leão fez a defesa mais importante da partida e, caso o Laion se salve, da carreira dele. Romero cabeceou bem de frente, e o camisa 12 defendeu com o ombro direito. Ele parecia proteger a própria vida com as mãos. Mais um milagre. Inacreditável.
Após o apito final, jogadores exaustos se atiraram ao chão. Outros foram abraçar o goleiro. Na arena batizada nas cores vermelha, azul e branca, a torcida entoava “Fica Leão, na primeira divisão". Uma vitória coletiva de um time que tem juntado forças para se reerguer.
Foi a quarta seguida do Tricolor nesta reta final de Série A. Longe de ser o melhor futebol, mas perto daquele Fortaleza de temporadas recentes: vibrante e forte. O clube ainda não está garantido na elite do futebol em 2026, mas vai em busca da benção final diante do Botafogo, no Nilton Santos. Respira e acredita, torcedor, que você faz parte dessa fé que cada jogador carrega no peito.