Em entrevista exclusiva ao Sistema Verdes Mares, volante falou sobre sua origem no interior de Minas Gerais, a rápida adaptação ao estado e seus gostos fora de campo
Com o jeito mineiro de ser e um riso fácil, Zé Ricardo vem conquistando o seu espaço com a camisa do Ceará. Após estrear bem diante do Atlético-GO, o volante parece se estabelecer cada vez mais entre os titulares da equipe alvinegra. Zé iniciou e atuou durante os 90 minutos nos últimos três jogos do Vozão na Série B.
"Tem que ter muita paciência e resiliência para entender que a gente não é uma máquina, que o corpo humano precisa de um tempo para se recuperar. Como eu vinha de muito tempo sem jogar a parte mental tinha que estar forte, mas me senti preparado e pronto para poder atuar. Foi muito bom. Foi um jogo difícil contra o Atlético-GO lá, a gente conquistou uma baita de uma vitória. Fico feliz por ser valorizado pelo meu trabalho, afinal a gente trabalha para isso. É tentar disso pra mais. Trabalhar para poder ajudar sempre", disse.
Zé Ricardo vive sua primeira experiência fora de Minas Gerais. Foram quase 10 anos no América-MG, entre categorias de base e elenco profissional, antes de chegar ao Ceará na temporada atual. A escolha pelo Vovô foi vista com naturalidade para o atleta que queria experimentar "novos ares".
"É um time grande, que está em uma situação que não merece. Então, vejo um projeto ambicioso de voltar para a Série A, de estar brigando por grandes coisas. Foi isso que pesou muito para eu vir pra cá, queria vivenciar a questão da torcida, sentir a torcida grande. Isso serviu como base para a minha escolha e está sendo bem legal", reforçou.
CRIAÇÃO NA ROÇA
Zé Ricardo é natural de Bom Jesus do Amparo, no interior de Minas Gerais, cidade que conta com cerca de cinco mil habitantes. O atual camisa 7 alvinegro foi criado na zona rural e ajudava os pais na roça, além de vender pastel e caldo de cana. Porém os caminhos da vida o levaram para o campo, mas o de futebol. "Sou da zona rural, não é considerado nem distrito. Já fiz de tudo na roça. Se eu não fosse jogador, seria fazendeiro", afirma Zé.
O jeito do interior também reflete no gosto musical. O volante se considera eclético, mas ressalta que é fã da música sertaneja. "Eu gosto de Gusttavo Lima, gosto do piseiro, que é característico aqui do Nordeste, mas sou bem eclético e gosto de todos os estilos, até de música ruim (risos). Mas o meu forte mesmo é sertanejo, curto bastante", comenta.
PELA PRIMEIRA VEZ
Atuando longe de casa pela primeira vez em sua carreira, o atleta de 27 também vive outras experiências inéditas, como, por exemplo, entrar em campo com os seus dois filhos, os pequenos Davi e Alice. No entanto, a distância do restante da família também é nova para o atleta. Os pais de Zé Ricardo, inclusive, viajaram de avião pela primeira vez na vinda para a capital cearense.
"A família gostou demais daqui, foi uma experiência sensacional. Meus pais viajaram de avião pela primeira vez e vieram para cá no jogo contra o CRB. Foi bem bacana legal, puderam sentir o calor da torcida. Eles também estão com saudades dos netinhos e querem voltar o quanto antes. Agora é ver o preço das passagens e comprar mais para eles voltarem novamente", declarou em tom bem-humorado.
O novo lar também está trazendo uma grande novidade para Zé, a esposa Fernanda e seus dois filhos: a proximidade com o mar e o clima litorâneo. Fã de peixe, Zé aproveita o tempo livre com a família para conhecer as belezas e a culinária do nosso estado.
"A cidade é maravilhosa, muito boa de morar, cheia de praias bonitas. Eu falo da praia porque lá em Minas não tem mar e quando você vê o mar aqui, você fica louco. Tem um litoral grande para ser explorado e estamos conhecendo. Quando tem um folga, vamos dando uma volta. Já fomos no Porto das Dunas, na Prainha. Eu também tenho experimentado as comidas. É uma outra cultura e tudo que tem de prato diferente é interessante, mas meu forte mesmo é o peixe. Estou gostando muito daqui, minha família está adorando também. É muita coisa legal, é uma cidade maravilhosa", disse.
FOCO NA SÉRIE B
Atualmente, o Vovô é o 9º colocado da Série B, com 24 pontos. A distância para o G-4 da competição é de seis. De acordo com Zé Ricardo, a união dentro do vestiário, onde todos estão olhando para o mesmo objetivo, é preponderante para o Ceará alcançar os objetivos.
"A Série B é uma competição difícil, são viagens longas, e precisamos do grupo todo. Estamos bem focados e unidos para alcançar esse objetivo. A gente tem pouco tempo até acabar a competição. Daqui a pouco, encerra o primeiro turno, e logo o restante do campeonato. Esperamos estar comemorando o acesso para a Série A no fim do ano", reforçou.
Com a chegada de Guto Ferreira, o Ceará ganhou um novo ânimo para a sequência da Série B. Para Zé não é diferente. Ele foi titular nos dois jogos sob o comando de Guto Ferreira e ressalta que o time está evoluindo com o novo comando técnico.
"O Guto é um baita gestor, está trazendo as ideias dele no dia a dia. Cada dia ele vai agregando mais. Tá sendo muito bom poder trabalhar com um grande treinador como ele, que tem uma história linda aqui, uma energia sensacional, e é um cara de grupo, que está trazendo confiança para nós", completou.