Criança de dois anos volta da creche com machucados pelo corpo; polícia apura o caso

Segundo a mãe, a criança passou a aparecer com arranhões, ferimentos e mordidas. No último dia 29 de maio, as marcas de violência ficaram mais intensas e a mãe denunciou o caso à polícia

Escrito por Cinthia Freitas ,
Legenda: Mãe denuncia que filho de dois anos foi vítima de maus-tratos em creche da Paupina
Foto: Foto: Arquivo Pessoal

Após o filho aparecer com marcas de machucados no corpo, uma mãe denunciou professoras de uma creche municipal de Fortaleza por maus-tratos. A criança apresentou arranhões, machucados e, segundo a mãe, mais de 10 marcas de mordidas. O menino passou por exame de corpo de delito e o caso foi registrado na Delegacia de Combate à Exploração da Criança e Adolescente (Dececa).  

A Polícia Civil informou que investiga o caso, registrado em boletim de ocorrência no dia 31 de maio. Mais informações não foram repassadas para não comprometer os trabalhos de apuração. 

A mãe deixava o filho na creche União, no Bairro Paupina, para ir trabalhar. A criança estava matriculada na instituição desde que tinha pouco mais de um ano, permanecendo no local no período de 7h às 16h. No último dia 29 de maio, ao buscar o filho, ela o encontrou com mais de 10 marcas de mordidas pelo corpo e arranhões, segundo afirmou à reportagem.

“Eu deixava ele na creche pra poder trabalhar. Já vinha acontecendo dele chegar com algumas marcas, eu perguntava e ela [a professora] dizia que ele ou tinha caído ou [ela] não tinha visto. Uma vez ele chegou machucado no rosto, resolvi falar com a coordenadora, falei que vinha acontecendo isso. A coordenadora falou que ia falar com a professora e isso não ia mais acontecer”, conta a mãe. 

Legenda: Criança de dois anos aparece com marcas de agressão após sair de creche
Foto: Foto: Arquivo Pessoal

Este ano, depois de mudar de sala, que passou à responsabilidade de uma nova professora com ajuda de uma auxiliar, o menino passou a voltar para casa com marcas de suposta agressão há cerca de um mês, informou a mãe.  

“Uma vez ele chegou mordido, uma mordida. Outra vez foi a orelha machucada, vermelha, e a perna roxa. Outra vez o rosto arranhado de unha, dos dois lados”, relata. 

Com as agressões, ela percebeu mudanças no comportamento do filho.  

“Ele chora mais, tá mais sensível, fica se assustando à noite. E não fala nada ainda”. 

Ela também diz que, quando questionada, a professora alegava que as agressões eram feitas por outra criança, uma menina. 

“Quando fui pegar ele, tava daquele jeito. Ela disse que não viu, que o menino não chorou e que tinha sido uma menina da mesma idade que tinha feito aquilo. Impossível duas pessoas na sala não verem. Até se eu brigar com ele ele já chora”, enfatiza a mãe. 

Legenda: Mãe diz que filho de dois anos foi vítima de maus-tratos em creche
Foto: Foto: Arquivo Pessoal

No dia último dia 29, quando o filho saiu da creche com mais machucados, a mãe foi chamada pela coordenadora para conversar. “Peguei ele e ia embora, mas a filha da coordenadora, que trabalha lá, pediu pra eu aguardar. Ela [coordenadora] pediu desculpa e disse que ia trocar ele de sala e que a professora ia ser demitida”, afirma. 

Depois deste dia, mãe e filho não retornaram ao local. Atualmente, a criança fica aos cuidados de uma tia para que a mãe possa trabalhar. 

Incidente entre as duas crianças

Em nota, a Secretaria Municipal de Educação (SME) classificou o caso ocorrido na creche parceira União da Paupina como um incidente ocorrido entre duas crianças da mesma sala e faixa etária.

Segundo a SME, foi prestado atendimento tanto à família do bebê machucado, quanto a da criança que teria provocado os ferimentos. Foram dados os "encaminhamentos necessários, visando assegurar a proteção, integridade e preservação das crianças envolvidas", diz a nota.

Em relação aos relatos da mãe envolvendo a professora, a SME informou que está em contato com a entidade que coordena a creche para apurar o caso e tomar as devidas providências. "Em 30 anos de atuação da creche na comunidade, esta é a primeira ocorrência nesse sentido", disse a nota.

O órgão está em contato com o Conselho Tutelar e a equipe da Célula de Mediação Social e Cultura da Paz da SME já está trabalhando no caso.
 

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