Após 3 dias do fim do motim, "quase 100%" dos PMs voltam à ativa

A afirmação é do secretário da Segurança Pública do Ceará, André Costa, ontem, em entrevista concedida ao Sistema Verdes Mares. As autoridades ainda contabilizam quantos militares aderiram à paralisação

Escrito por Redação , seguranca@svm.com.br
Legenda: A Pasta analisa as manchas criminais com objetivo de saber onde reforçar o policiamento
Foto: FOTO: CAMILA LIMA

O motim protagonizado por grupos de policiais militares no Ceará teve fim na noite do último domingo (1º). Desde então, a cúpula da Segurança Pública busca voltar a alinhar o policiamento ostensivo no Estado. De acordo com o titular da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), André Costa, ontem, quase 100% dos militares que chegaram a aderir ao movimento já haviam retornado à ativa. Ontem, o presidente Jair Bolsonaro antecipou o fim da ação das Forças Armadas na área de segurança do Estado e encerrou a operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), que deveria durar até sexta (6).

A Pasta permanece contabilizando o prejuízo durante a paralisação, assim como a quantidade de servidores que em determinado momento aderiram ao ato. Centenas de viaturas da Polícia Militar do Ceará foram sequestradas por amotinados. Parte dos veículos foi depredada. Os carros tiveram pneus esvaziados ou furados e ficaram durante 13 dias impossibilitados de serem utilizados na patrulha.

Em entrevista concedida ao Sistema Verdes Mares, André Costa afirmou que o principal objetivo da SSPDS neste momento é "continuar com as estratégias que vinham sendo adotadas e trazendo redução nos índices de criminalidade". Em nove dos 13 dias de motim, o Estado contabilizou 225 mortes violentas. Maior parte das vítimas era do sexo masculino e na faixa etária de 20 a 29 anos.

Milícias

Questionado sobre a possibilidade de os policiais amotinados terem envolvimento em homicídios, o secretário destacou que todas as mortes estão sendo investigadas. "Como qualquer morte que acontece no Estado do Ceará, para todos os casos foram instaurados inquéritos na Polícia Civil. A gente sempre vai apurar e quem tem responsabilidade por esses crimes será responsabilizado. A gente dá o mesmo tratamento e a mesma atenção a crimes praticados em outros períodos. Tudo isto está sendo apurado e não podemos antecipar", disse.

Para a Secretaria, um dos principais pontos observados vinculado às ocorrências de assassinatos é onde a vítima foi morta. Segundo Costa, a análise do georreferenciamento é feita para que em cima dela seja redistribuído o policiamento ostensivo e adotadas estratégias para a Polícia Judiciária.

O secretário também pondera que o alto número de homicídios só aconteceu porque o policiamento esteve defasado. "A motivação, o que levou, é objeto de cada investigação, fica difícil eu fazer uma afirmação e conjecturar. O principal fator para melhorar a vida da população é a atuação das nossas polícias. No momento em que parte deles se recusa a atuar e, mesmo sendo uma minoria, que até toma parte das viaturas, impedindo assim o patrulhamento normal dos policiais que estavam trabalhando. Não adianta ter tecnologia, câmeras, quartéis, armas, se o principal fator é o trabalho humano. Naturalmente, os índices tenderiam a aumentar, como de fato aconteceu nesse período".

Ainda de acordo com André Costa, os indicadores da Segurança Pública correspondentes ao último mês de fevereiro ainda não estão consolidados. No entanto, além do aumento nos Crimes Violentos Letais e Intencionais (CVLIs), a Pasta já sabe que também houve escalada da violência relacionada aos Crimes Violentos Contra o Patrimônio (CVPs).

Reforço

Pelo menos 300 Inquéritos Policiais Militares (IPMs) foram instaurados contra servidores que participaram do motim. A Controladoria Geral de Disciplina (CGD) ainda chegou a afastar 230 militares, que devem responder a processo administrativo e foram retirados da folha de pagamento no último mês de fevereiro.

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