Hiperplasia em Boxer

Escrito por Redação ,
"Tenho um Boxer de quase 9 anos, que está com a gengiva inferior inflamada já algum tempo. A inflamação já cobriu todos os dentes, ficando de fora somente as presas. Mas o animal consegue se alimentar bem. O que fazer nesta situação?", pergunta Ana Dias.

Pelo que podemos prever seu cão nos dá indicação de possuir aquilo que na Medicina Veterinária chamamos de Hiperplasia Gengival, que consiste num sobre-crescimento da gengiva caracterizado por aumento gradual na sua espessura, sobretudo ao nível do bordo gengival, e/ou pela presença de massas firmes e não dolorosas. Também conhecida por hiperplasia periodontal fibromatosa.

A causa é desconhecida, mas pensa-se que haja uma resposta exagerada das células epiteliais a uma estimulação antigênica crônica por parte dos componentes periodontais. Esta situação é mais comum em raças grandes a gigantes, tendo sido frequentemente diagnosticada em Boxers de meia idade e mais velhos, o que comprova a predisposição familiar/racial da patologia. Outras raças afetadas incluem o Dogue Alemão, o Collie e ainda o Dobermann, Pinscher e o Dálmata. Também estão descritos casos de Hiperplasia Gengival secundária ao uso de determinados fármacos como, por exemplo, antibióticos da classe dos macrolídeos e anti-infeccioso da série dos nitroimidazóis.

O diagnóstico faz-se essencialmente por exame físico a partir de um exame cuidadoso da cavidade bucal, havendo forte suspeita, caso se tratem de lesões generalizadas num Boxer ou em outra das raças predispostas ao aparecimento, de hiperplasia gengival.

Os sinais clínicos mais comuns são os espessamentos e aumento de tamanho da gengiva e bordo gengival, por vezes cobrindo completamente a superfície dos dentes. As lesões podem ser localizadas, mas geralmente o padrão é difuso. Pode haver halitose (mau hálito), salivação excessiva, disfagia (dificuldade em ingerir os alimentos) e sangramento nos casos mais severos.

Nas lesões localizadas, pode haver desenvolvimento de áreas hiperplásicas. Nestes casos, a biópsia é recomendada para descartar neoplasia.

A hiperplasia gengival é um problema crônico e recorrente que frequentemente requer mais do que um tratamento. O prognóstico é bom com cuidados regulares por parte do dono, dos quais é exemplo a escovação diária dos dentes, o que irá minimizar os efeitos da placa bacteriana e sua acumulação.

No caso do seu cão, aconselho que deverão ser efetuadas consultas de rotina em que o médico veterinário irá proceder a um exame extensivo de toda a cavidade bucal na procura de sinais de recorrência: aparecimento de zonas de espessura aumentadas, perda do contorno gengival ou aparecimento de formações nodulares ao nível do bordo da gengiva.

Desta feita, ele poderá designar o tratamento ideal, como também se existe necessidade ou não de intervenção cirúrgica, exames complementares (biopsia) ou até mesmo tratamentos prolongados associado a uma boa alimentação.


MÁRCIO ALMEIDA DE ARAÚJO*
Médico veterinário. Esta coluna é mantida por meio de uma parceria com a Favet-Uece. Interessados em tirar dúvidas sobre seus animais, contatar o e-mail anavaleria@diariodonordeste. com.br ou (85) 3266.9790/ 3266.9771.