Presidente da Câmara eleva tom em críticas ao Governo Bolsonaro

Rodrigo Maia responsabilizou o Ministério da Economia pelo atraso no andamento das reformas e alfinetou sobre o avanço tímido do PIB

Escrito por Redação ,
Legenda: Rodrigo Maia (DEM-RJ) voltou ontem a tecer críticas públicas sobre o Governo Bolsonaro
Foto: Foto: Agência Câmara

A nove dias das manifestações convocadas por grupos e lideranças bolsonaristas contra o que chamam de “parlamentarismo branco” do Congresso, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ) subiu o tom nas críticas ao Executivo. Em palestra realizada nesta sexta-feira, na Fundação Fernando Henrique Cardoso, em São Paulo, o parlamentar disse que o “entorno do Governo” age para atacar as instituições nas redes sociais.

Maia afirmou ainda que as dificuldades para a realização de reformas e a retomada econômica no País se devem ao descompromisso do Governo Bolsonaro com a defesa da democracia e do meio ambiente.

O deputado responsabilizou o Ministério da Economia pelo atraso no andamento das reformas, mas afirmou que líderes do Congresso vão se reunir com integrantes da Pasta para organizar uma pauta que ajude a aumentar a confiança no Brasil e a enfrentar os problemas econômicos gerados pela crise do coronavírus.

O deputado também atribuiu o baixo crescimento à atuação de ministros que promovem “desequilíbrios” no cenário nacional e defendeu acordo no Congresso para enfrentamento dos efeitos do novo coronavírus no País.

“Ontem mesmo recebi um grupo de investidores estrangeiros e faltaram quatro europeus. O líder do grupo disse: ‘olha, infelizmente os investidores europeus foram impedidos de vir ao País por causa do tema da sustentabilidade’. Há um mau humor claro dos investidores em relação ao Brasil por esse tema”, afirmou.

“Precisamos ser pragmáticos para não perder o que construímos na área ambiental e garantir a retomada do diálogo com esses investidores”. Mesmo após o acordo entre o presidente Jair Bolsonaro e o Congresso Nacional que resultou na manutenção aos vetos ao Orçamento Impositivo e definiu uma nova partilha do orçamento, lideranças e deputados bolsonaristas mantiveram os atos e o tom agressivo contra o Congresso.

“Eles inventam essas matérias para poder ter alvo. Transformam temas falsos em verdades nas redes sociais para gerar um inimigo contra o Governo, como se a gente quisesse tirar as prerrogativas do presidente da República. De forma alguma”, disse o presidente da Câmara. 

PIB

Maia também criticou diretamente o General Augusto Heleno, chefe do Gabinete da Segurança Institucional, que acusou o Congresso de chantagear o Executivo. Foi após a declaração que os atos ganharam força nas redes sociais. 

Segundo Maia, Heleno deveria ser o “ministro do equilíbrio”, mas se tornou o “ministro do desequilíbrio”. 

O anúncio do PIB pelo IBGE de crescimento 1,1% também foi alvo de Maia. “O Governo prometeu muito, não entregou. Tinha uma previsão de crescimento de 2,5% e cresceu”, afirmou. 

O evento começou com a apresentação de um vídeo da Fundação Fernando Henrique Cardoso que criticou a “onda global de governos autoritários” e pediu “respeito às divergências. Política não é guerra”. Em seguida, FHC disse que o Brasil está em um “imbróglio” e que o País está “sem rumo”. “Quando o presidente não exerce o poder político, outras forças exercem”, afirmou o ex-presidente.

Bolsa Família

O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) disse, nesta sexta, que convocará o ministro Onyx Lorenzoni (Cidadania) para prestar esclarecimento sobre notícias de que o Governo Bolsonaro destinou apenas 3% dos novos benefícios do Bolsa Família para a região Nordeste, enquanto Sul e Sudeste responderam por 75% dos destinos.

“Uma das extravagâncias mais perversas que já vi de um Governo foi essa notícia recente que, na distribuição do Bolsa Família, coube ao Nordeste brasileiro, reconhecidamente região mais pobre e necessitada, apenas 3%”, postou Tasso.

Ele pediu a convocação do ministro, com urgência, e cobrou “ medidas cabíveis”. “Isso pode significar o rompimento do Nordeste com o Governo Federal”.

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