Bolsonaro volta a dizer que Moro mentiu sobre interferência na PF
"Lamentavelmente o ex-ministro mentiu sobre interferência na PF. Nenhum superintendente foi trocado por mim. Todos foram indicados pelo próprio ministro ou direto geral", defendeu Bolsonaro
A troca de farpas entre o ex-ministro Sérgio Moro e o presidente Bolsonaro (Sem Partido) não cessou com a saída do Moro do ministério da Justiça e Segurança Pública. Neste domingo (26), Bolsonaro voltou a dizer que o ex-auxiliar mentiu sobre as acusações de interferência do Planalto na Polícia Federal (PF), ao compartilhar um vídeo da presidente do Sindicato dos Policiais Federais de São Paulo, Susanna Val Moore, no Twitter.
"Lamentavelmente o ex-ministro mentiu sobre interferência na PF. Nenhum superintendente foi trocado por mim. Todos foram indicados pelo próprio ministro ou direto geral. Para mim, os bons policiais estão em todo o Brasil, e não apenas em Curitiba, onde trabalhava o então juiz", afirmou o presidente.
No vídeo, Susana diz que nos últimos 20 anos a Polícia Federal tem se destacado em ações de combate à corrupção e que a estrutura do órgão e a qualidade dos agentes garante um autonomia nas ações. Ela cita, ainda, que o Ministério Pública faz um papel de controle externo da instituição.
O presidente ainda não bateu o martelo sobre quem deve substituir Moro no ministério da Justiça e Valeixo na PF. O atual ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Jorge Oliveira, que tem a confiança do presidente e de seus filhos, e Alexandre Ramagem, diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), são os nomes mais cotados para o cargo no ministério e na PF, respectivamente.
Na sexta (24), o ex-ministro anunciou sua demissão durante uma coletiva de imprensa, após o Governo Federal publicar a exoneração do então diretor geral da PF, Maurício Valeixo, indicado de Moro. Segundo ele, a demissão de Valeixo não foi feita "a pedido", conforme informou o Diário Oficial da União, e nem o ex-juiz assinou a demissão, como constava no documento. Moro afirmou, ainda, que a troca no comando da PF era uma interferência política, porque o presidente gostaria de ter uma pessoa que lhe informasse sobre investigações e inquéritos em andamento.
De lá para cá, os dois têm trocado farpas, intensificando a crise no Governo em meio à tensão com o Congresso Nacional e Supremo Tribunal Federal (STF). Novos pedidos de impeachment do presidente tê chegado ao Parlamento, junto com requerimentos para abertura de CPI, após as trocas de acusações.
Os líderes da Casas Legislativa, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Davi Alcolumbre (DEM-AP), ainda não se manifestaram sobre o assunto, o que deixa o cenário ainda mais incerto, coforme avaliam especialistas. Em meio à crise política, o Governo ainda enfrenta crise sanitária e econômica provocada pelo avanço do novo coronavírus, além de queda de braços com governadores e prefeitos por conta de medidas de isolamento social.