Mais um gestor do IBGE pede exoneração em protesto contra cortes no Censo
Foi o quinto gestor do instituto a entregar o cargo por divergências com a condução do Censo Demográfico de 2020
O gerente da Coordenação de Métodos e Qualidade do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), José Guedes, pediu exoneração nesta sexta (7). Foi o quinto gestor do instituto a entregar o cargo por divergências com a condução do Censo Demográfico de 2020.
Guedes reforça um movimento de protesto contra cortes no questionário da após três anos de preparação na pesquisa. Na quinta (6), durante cerimônia de lançamento da campanha Todos pelo Censo, outros quatro gestores anunciaram a entrega de seus cargos em protesto.
São eles Andrea Bastos, assessora da diretoria de Pesquisas; Marcos Paulo Soares, coordenador de Metas e Qualidade; Bárbara Cobo Soares, coordenadora de População e Indicadores Sociais; e Leila Ervatti, gerente de Demografia. Todos permanecem como servidores do instituto.
O movimento ocorre uma semana depois que o diretor de Pesquisas nomeado por Guerra, Eduardo Rios-Neto, anunciou que o questionário do Censo terá 25 perguntas em sua versão básica e 76 na versão completa, aplicada a 10% dos domicílios brasileiros. Originalmente, eram 34 e 112, respectivamente.
Os cortes seguem determinação da presidente do instituto, Susana Cordeiro Guerra, que assumiu falando em reduzir em 25% o custo do Censo, orçado inicialmente em R$ 3,4 bilhões. Em abril, Guerra indicou o economista Ricardo Paes e Barros para estabelecer prioridades, o que gerou críticas sobre intervenção externa em funções do quadro técnico do instituto.
Técnicos e sindicatos alegam que há risco de perda na qualidade de informações sem garantia de que cortes no questionário gerem economia no orçamento total. O Censo mobiliza cerca de 160.000 pessoas em visitas a todos os 5.570 municípios brasileiros.
Na quinta, cerca de 260 pessoas participaram do lançamento da campanha, ainda na expectativa de reverter a proposta de Rios-Neto. Entre eles, estavam três ex-presidentes do IBGE e políticos de oposição ao governo Bolsonaro, além de sindicalistas e técnicos do instituto.
Em nota, o IBGE disse que entende e respeita a decisão, por ser um direito dos servidores envolvidos.
"Todos são excelentes profissionais e deram contribuições técnicas significativas até o presente momento. Como ótimos serão os profissionais que irão substituí-los", diz o texto.
"O importante é unir forças para realizar um excelente Censo, preservando a missão institucional da Casa", conclui o instituto.