Setor de flores no Ceará projeta um crescimento de 5% neste ano

Aumento de voos internacionais, alta do dólar e qualificação de mão de obra especializada impulsionam produção de flores e plantas ornamentais no Estado, setor que ainda se recupera do impacto de anos de seca

Escrito por Bruno Cabral , bruno.Cabral@svm.Com.Br
Legenda: A produção na Serra da Ibiapaba está distribuída em sete municípios
Foto: FOTO:HELENE SANTOS

Após quase cinco anos de escassez hídrica, o mercado da floricultura do Ceará mostrou recuperação neste ano, devendo apresentar um crescimento em torno de 5%. "O que a gente tem visto é que, mesmo com essas dificuldades, estamos conseguindo produzir. Nós temos um mercado em expansão, com mão de obra qualificada, e o setor tem buscado investir", aponta Ana Teresa Barbosa, presidente do Instituto Agropolos do Ceará (Iace).

Segundo o documento "Panorama da Floricultura do Território da Ibiapaba", elaborado pelo Iace, o Ceará voltou a atingir, ao longo de 2019, a média nas exportações, puxada pelo aumento de voos internacionais a partir do Aeroporto Pinto Martins, que facilitou "a logística de comercialização que, durante algum tempo, foi uma das grandes dificuldades (do setor)", conforme aponta o documento. Além disso, para o Iace, as recentes altas do dólar e do euro ante o real aumentaram a competitividade dos produtos locais no mercado internacional.

Embora de janeiro a novembro, o Ceará esteja apenas na sexta posição entre os estados exportadores, com o envio de 12,11 toneladas ao exterior, os principais meses da safra cearense são outubro, novembro e dezembro, o que cria a expectativa de que o Estado feche o ano em igual patamar do ano passado, quando ficou na quarta posição, atrás de São Paulo, Rio Grande do Sul e Minas Gerais, com US$533.138,00.

O último levantamento do Instituto Brasileiro de Floricultura (Ibraflor) aponta que o Estado ocupou a oitava posição no ranking nacional. Só na Serra da Ibiapaba, principal região produtora de flores e plantas ornamentais do Ceará, foram criados 798 empregos diretos, dos quais 740 formais e 58 de agricultura familiar. Hoje, a produção na Serra da Ibiapaba está distribuída em sete municípios (São Benedito, Tianguá, Ubajara, Viçosa do Ceará, Guaraciaba, Carnaubal e Ibiapina), em uma área plantada de 113,47 hectares.

"O setor sofreu com a crise econômica, mas não tanto. Tivemos um crescimento do número de produtores. Mas o impacto da seca foi mais grave", observa Alexandre Maia, coordenador da área técnica do Iace. Em 2015, diante da estiagem, uma das principais empresas produtoras de bulbos deixou o Estado.

Expectativa

Com um cenário mais favorável, o setor está otimista com o futuro. "Estamos bem animados para 2020. Os produtores estão aumentando a área cultivada, com novos clientes. Só aqui na Agropolos, nós capacitamos 300 pessoas, nos últimos quatro anos, para que as empresas produtoras não precisem buscar mão de obra em outros estados", diz Ana Teresa. "Nossa preocupação agora é com o mercado interno", acrescenta.

Em 2018, o Ceará exportou para quatro países, sendo o principal destino o mercado americano, seguido pelo holandês. Até junho de 2019, a produção foi exportada apenas para os Estados Unidos e Gana. Entretanto, a maior parte do que é fornecido sai no segundo semestre do ano.

Os destaques das últimas 24h resumidos em até 8 minutos de leitura.
Assuntos Relacionados