Reparo foi feito um dia antes do desabamento, diz filha de síndica
Anita Graziele detalhou o processo de escolha da empresa e reforçou versão dos moradores sobre início das obras, em 14 de outubro
Em depoimento ao 4º DP, que investiga o desabamento do Edifício Andrea, Anita Graziele Rodrigues Barbosa, informou que um dia antes da tragédia, quatro colunas do imóvel já teriam passado por intervenção. A constatação foi feita pela filha da síndica Maria das Graças Rodrigues, no dia 14 de outubro último, data de início da obra, por volta de 15h30, quando ela percebeu que a estrutura já estava com revestimentos retirados e ferros expostos no pilotis.
Na manhã seguinte (15), o condomínio situado no cruzamento das ruas Tibúrcio Cavalcante e Tomás Acioli, ruiu, às 10h28, deixando nove mortos e sete feridos. Entre as vítimas, além da síndica, estão Frederick Santana dos Santos, Maria da Penha Bezerril Cavalcante, Izaura Marques Menezes, Antônio Gildasio Holanda Silveira, Nayara Pinho Silveira, Rosane Marques de Menezes, Vicente de Paula Menezes e José Eriverton Laurentino Araújo.
A filha da síndica revelou que no dia do desabamento chegou a falar com a sua mãe às 8h30 por telefone, ocasião em que a síndica disse estar esperando a chegada do responsável técnico que faria o escoramento do prédio. No entanto, vídeo obtido pelo Diário do Nordeste mostra um funcionário do engenheiro José Andresson Gonzaga dos Santos quebrando uma das colunas do pilotis naquela data.
Valor da obra
Três orçamentos discutidos em assembleia para reformas estruturais no Edifício Andrea foram apresentados à Polícia Civil por ela. A empresa Ceará Inspeção ofereceu proposta no valor de R$ 35.412, enquanto a MH Construções calculou a obra em R$ 25.261. Os condôminos, porém, optaram pela oferta da Alpha Engenharia que apresentou a menor oferta, de R$ 22.200, para recuperação e pintura de 14 pilares e vigas.
Ainda durante o depoimento, Anita Grazielle Rodrigues Barbosa esclareceu que o pagamento da intervenção foi dividido em quatro vezes de R$ 4.400. Um extrato da conta do condomínio entregue à polícia comprova o repasse da primeira parcela à Alpha Engenharia. As outras três foram pagas com cheques pré-datados a serem compensados no dia 14 do meses de novembro, dezembro e janeiro de 2020.
A filha de Maria das Graças Rodrigues deixou ainda a cópia da Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) para ser anexada nos autos do processo. O documento confirma a versão dela mostrando que a obra começou no dia 14 de outubro, contrariando a versão de José Andresson Gonzaga dos Santos. O engenheiro alegou que o serviço começou somente no dia 15 último.
Por meio de nota, a Polícia Civil do Ceará informou que 21 pessoas já foram ouvidas no inquérito para apurar as causas do acidente e que segue com as oitivas. "Parte dos bens recuperados entre os escombros - aparelhos celulares, tablets, joias, perfumes, artigos pessoais - estão sendo restituídos às vítimas ou familiares que procuram a delegacia com o intuito de receber o bem. A Polícia Civil segue com as oitivas que podem ajudar a elucidar as causas do desabamento", completa.