ONU receberá denúncia sobre Caso Moïse; crimes de racismo e xenofobia são apontados

A Coalizão Negra por Direitos cobra um posicionamento da ONU e das autoridades, pedindo providências sobre a morte

Escrito por Redação ,
Congolês
Legenda: Congolês Moïse Kabagambe foi morto a pauladas em quiosque onde trabalhava no Rio de Janeiro
Foto: Reprodução/Facebook

O assassinato do congolês Moïse Kabamgabe será apontado como possível crime de racismo e xenofobia pela Coalizão Negra por Direitos, que enviará, nesta quarta-feira (2), uma denúncia ao Comitê para a Eliminação da Discriminação Racial da ONU (Organização das Nações Unidas).

A coalizão cobra um posicionamento da ONU e das autoridades, pedindo providências sobre a morte, de acordo com informações de Mônica Bergamo, do jornal Folha de S. Paulo.

"Ou a ONU se posiciona, ou será conivente e cúmplice. O mundo precisa saber que o Brasil é um país racista onde, em pleno 2022, é possível que se amarre pelas mãos e pés uma pessoa negra, espanque e mate a pauladas", disse Douglas Belchior, um dos coordenadores da coalizão, ao jornal.

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Além disso, segundo Belchior, "há indícios de que milicianos tenham sido responsáveis pelo assassinato brutal de Moïse".

A Coalizão Negra por Direitos, articulação que reúne mais de 200 entidades, coletivos e organizações do movimento negro, organiza manifestações de rua em cidades como Rio de Janeiro e São Paulo nos próximos dias.

ENTENDA O CRIME

Moïse Kabamgabe, de 24 anos, nasceu no Congo, na África, e veio morar no Brasil como refugiado político em 2014 com a mãe e os irmãos, quando tinha 11 anos. Ele prestava serviço por diárias no quiosque Tropicália, próximo ao Posto 8, na Barra da Tijuca (Rio de Janeiro).

Segundo a família da vítima, o proprietário do quiosque devia dois dias de pagamento, o que levou Moïse a questioná-lo, na última terça-feira (25), quando o débito seria quitado. 

Ao cobrar as diárias, no entanto, o jovem foi espancado até a morte. O corpo dele foi achado amarrado em uma escada. Yannick Iluanga Kamanda, 33, primo da vítima, afirma que o atendente sofreu golpes de mata-leão (chave de pescoço), socos, chutes, madeirada e chegou a ter as mãos e pés amarrados com um pedaço de fio.

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CAUSA DA MORTE

O laudo do Instituto Médico Legal (IML) do Rio apontou que Moïse morreu de traumatismo do tórax, com contusão pulmonar, causada por ação contundente. O documento detalha que havia áreas hemorrágicas de contusão e também vestígios de broncoaspiração de sangue nos pulmões do congolês.

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