Número de crianças com 6 e 7 anos não-alfabetizadas cresce mais de 66% no País

A conclusão é da organização Todos Pela Educação, que analisou dados da Pnad Contínua de 2012 a 2021

Escrito por Carol Melo , carolina.melo@svm.com.br
Crianças levantam a mão durante aula
Legenda: Conforme a instituição, indivíduos na faixa etária que são pretos ou pardos e moram em lares pobres registraram maior aumento do percentual
Foto: jcomp/Freepik

O número de crianças de 6 e 7 anos que não sabem ler e escrever cresceu 66,3% entre 2019 e 2021, segundo divulgou, nesta terça-feira (8), a organização da sociedade civil Todos Pela Educação. A entidade chegou a conclusão ao analisar a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) de 2012 a 2021.

Enquanto em 2019 cerca de 1,4 milhão de pessoas na faixa etária não eram alfabetizadas, no ano passado essa quantidade saltou para 2,4 milhões. Na nota técnica, a instituição afirma que o crescimento foi uma consequência da pandemia da Covid-19.

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Na Pnad Contínua, os servidores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) questionam os pais ou responsáveis das crianças se elas sabem ou não ler e escrever. Com base na resposta, é calculado o percentual de indivíduos com 6 e 7 anos que são ou não alfabetizados. 

Em termos relativos, o percentual de crianças na faixa etária que, segundo os genitores, não sabiam ler e escrever foi de 25,1% em 2019 para 40,8% em 2021. Segundo é definido pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC), uma criança deve acabar a alfabetização aos 7 anos.

Conforme esclarece a organização, a não-alfabetização das crianças em idade adequada traz prejuízos para aprendizagens futuras e aumenta os riscos de reprovação, abandono e evasão escolar.

"A alfabetização na idade correta é etapa fundamental na trajetória escolar de uma criança, e por isso esse prejuízo nos preocupa tanto. E porque os danos podem ser permanentes, uma vez que a alfabetização é condição prévia para os demais aprendizados escolares. É inadmissível retrocedermos em níveis de alfabetização e escolaridade."
Gabriel Corrêa
líder de políticas educacionais do Todos Pela Educação

Impacto maior em crianças pretas e pobres

A pandemia do novo coronavírus ainda aumentou a disparidade entre indivíduos de pele preta ou parda dos que são brancos. Conforme a nota técnica da instituição, enquanto crianças pretas e pardas não-alfabetizadas correspondiam a 28,8% e 28,2% em 2019, em 2021 passaram a ser 47,4% e 44,5%. Já as crianças brancas registraram um aumento menor, de 20,3% para 35,1% no mesmo período.

Também foi verificado uma diferença relevante entre as crianças residentes dos domicílios mais ricos e mais pobres do país. Dentre as crianças com menor poder aquisitivo, o percentual das que não sabiam ler e escrever aumentou de 33,6% para 51,0% entre 2019 e 2021. Dentre as crianças mais ricas, por outro lado, o aumento foi de 11,4% para 16,6%.

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