Técnico de enfermagem detido com droga em presídio no Ceará é solto em audiência de custódia

Entretanto, o suspeito está impedido de trabalhar em unidades penitenciárias por 6 meses

Escrito por Messias Borges , messias.borges@svm.com.br
Um cão farejador foi acionado para procurar ilícitos na ala de saúde da Unidade Penitenciária
Legenda: Um cão farejador foi acionado para procurar ilícitos na ala de saúde da Unidade Penitenciária
Foto: Reprodução

O técnico de enfermagem preso em flagrante, na posse de droga, em um presídio da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), na última terça-feira (28), foi solto pela Justiça Estadual, em audiência de custódia. Entretanto, ele está impedido de trabalhar em unidades penitenciárias por 6 meses. A decisão foi publicada na última quinta (30).

Lucas Pereira Amora, servidor terceirizado da Unidade Prisional de Itaitinga 3, foi detido com 69 gramas de maconha escondidos em frascos de remédios, uma quantidade do suplemento creatina (que os policiais penais acreditam que seria misturado a cocaína), canetas (que seriam utilizadas para membros de uma facção criminosa se comunicarem) e remédios antidepressivos.

Na audiência de custódia, o juiz do 4º Núcleo Regional de Custódia e de Inquérito (Caucaia) acatou as manifestações da defesa do preso e do Ministério Público do Ceará (MPCE) a favor da liberdade provisória do suspeito.

Entendo que não se encontram presentes os requisitos para decretação da prisão, inexistindo qualquer ameaça à garantia da ordem pública ou à aplicação da lei penal ou à conveniência da instrução criminal. Crime sem violência ou grave ameaça. Ínfima quantidade de drogas apreendidas."
Juiz do 4º Núcleo Regional de Custódia e de Inquérito
Audiência de custódia

Em contrapartida, o magistrado aplicou medidas cautelares ao técnico de enfermagem, por 6 meses: obrigação de manter o endereço e telefone atualizados; comparecer a todos os atos processuais; e suspensão do exercício de função pública ou de atividade de natureza econômica ou financeira dentro dos estabelecimentos penais. A reportagem não conseguiu contato com a defesa de Lucas Pereira Amora.

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Como se deu a prisão

Conforme documentos obtidos pelo Diário do Nordeste, a equipe de policiais penais do presídio começou a desconfiar do técnico de enfermagem Lucas Pereira Amora quando o viu transitar com uma mochila dentro da Unidade. A recomendação para servidores ou prestadores de serviço é deixar qualquer bolsa no setor administrativo.

Outro comportamento suspeito do técnico de enfermagem foi solicitar o acompanhamento de um policial penal para entregar uma medicação a detentos da "ala de segurança máxima" do presídio, por volta de 10h40. Sendo que a equipe de saúde já havia distribuído os remédios no horário padrão, às 6h.

A Secretaria da Administração Penitenciária e Ressocialização do Ceará (SAP) confirmou a prisão em flagrante, em uma ação "envolvendo a Coordenadoria de Inteligência (COINT) da SAP, o Grupo de Ações Penitenciárias com Cães (GAP-CANIL), a direção da Unidade Prisional (UP) Itaitinga 3 e policiais penais plantonistas".

Um cão farejador foi acionado para procurar ilícitos na ala de saúde da Unidade Penitenciária e encontrou a droga dentro da mochila de Lucas. Foram apreendidos 69 gramas de maconha escondidos em frascos de remédios, além de uma quantidade do suplemento creatina (que os policiais penais acreditam que seria misturado a cocaína), canetas (suspeita-se que seriam utilizadas para membros de uma facção criminosa se comunicarem), um remédio antidepressivo e o aparelho celular do suspeito.

Contratado por advogadas

Lucas Pereira Amora foi levado à Delegacia de Narcóticos (Denarc), da Polícia Civil do Ceará (PC-CE), e autuado pelo crime de tráfico de drogas, com os agravantes de ser cometido por servidor público ou terceirizado do Estado na função de guarda e de ocorrer dentro de unidade prisional.

Em depoimento à Polícia, o técnico de enfermagem contou que trabalha há 5 anos na UP Itaitinga 3 e confessou que já foi contratado por duas advogadas e por um familiar de um preso, para entregar drogas a detentos.

R$ 4 mil
teriam sido pagos a Lucas, através de uma transferência por Pix, feita por um familiar de um detento, para o profissional de saúde levar a maconha para dentro do presídio. Em outra transferência, o técnico de enfermagem teria recebido R$ 2 mil de uma advogada.

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