Mulheres alvos de Operação planejavam usar granada e explosivos em atos contra o Estado, diz PF
Uma das investigadas é esposa de um chefe de uma organização criminosa, que está detido na Unidade Prisional de Segurança Máxima Estadual
A Polícia Federal (PF) teve acesso a conversas em que mulheres, familiares de presos, planejavam utilizar uma granada e explosivos em atos criminosos contra o Estado, com o objetivo de desestabilizar o Sistema Penitenciário cearense. Quatro suspeitas foram alvos de mandados de busca e apreensão, na Operação DEFCON 4, deflagrada na última terça-feira (28).
Uma das investigadas é esposa de um chefe de uma organização criminosa, ligada a uma facção de origem paulista, que está detido na Unidade Prisional de Segurança Máxima Estadual, em Aquiraz, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). A identidade das mulheres e do preso não podem ser divulgadas pela PF.
Em entrevista exclusiva ao Diário do Nordeste, o coordenador da Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (FICCO), delegado federal Igor Conti, contou que "em outubro deste ano, a Secretaria da Administração Penitenciária encaminhou um relatório técnico mencionando que existia um coletivo de pessoas que estava organizando manifestações, que não seriam pacíficas. Eram atos que descambariam para atos de violência".
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As suspeitas arregimentavam, nas conversas, outras familiares de presos para participarem de atos como ataques a servidores públicos - inclusive policiais penais -, prédios públicos, fóruns da Justiça e penitenciárias, ataques a ônibus e amotinamentos, com uso de explosivos, granadas, artefatos incendiários e pneus, segundo a PF.
Uma das ações planejadas pelo grupo - e executada - foi um protesto que fechou a BR-116, com queima de pneus, em frente a unidades penitenciárias, em Itaitinga, em outubro deste ano. O movimento "extrapolou para o uso da violência", afirmou o delegado Igor Conti.
O suposto grupo criminoso tinha o objetivo de gerar motins e revoltas dentro dos presídios e de provocar a substituição do secretário da Administração Penitenciária e Ressocialização do Ceará (SAP), Mauro Albuquerque.
As mulheres alvos dos mandados de busca e apreensão não tinham passagens pela Polícia. "Isso pode ser utilizado como subterfúgio, pelas próprias organizações criminosas, de delegar uma possível liderança que não ostenta registros criminais, porque estariam abaixo do radar das Forças Estatais", explicou Conti.
Celulares e manuscritos apreendidos
Com as suspeitas, a FICCO apreendeu aparelhos celulares e manuscritos "que parecem indicar a prática de crimes, mas a gente precisa de mais tempo, para analisarmos com detalhes", disse o coordenador da Força Integrada, Igor Conti.
O delegado completa que a investigação será aprofundada: "as intimadas serão interrogadas, apresentarão a sua versão dos fatos, e depois será elaborado uma conclusão, diante de tudo que foi arrecadado na Operação".
As investigadas podem responder pelos crimes de integrar organização criminosa armada, com penas de até 12 anos de prisão. A Operação foi nomeada de "DEFCON 4", que remete a condições de prontidão de defesa utilizados por forças policiais e armadas.
A FICCO é composta pela Polícia Federal, Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Ceará (SSPDS-CE), Polícia Militar do Ceará (PMCE), Polícia Civil do Estado do Ceará (PCCE), Polícia Rodoviária Federal (PRF), Secretaria Nacional de Políticas Penais (SENAPPEN), Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce) e Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização do Estado do Ceará (SAP).