Secretário da Segurança aponta 'complexidades' do crime organizado no Ceará, na comparação com o RJ

Há dois meses no cargo no Ceará, Roberto Sá também foi secretário da Segurança Pública no Rio de Janeiro

Escrito por Messias Borges , messias.borges@svm.com.br
Policiamento foi reforçado em áreas com maiores índices de violência, no Ceará
Legenda: Policiamento foi reforçado em áreas com maiores índices de violência, no Ceará
Foto: Thiago Gadelha

O secretário da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará (SSPDS), Roberto Sá, completará dois meses à frente do cargo, no próximo sábado (3). Esse tempo já foi suficiente para ele apontar semelhanças e diferenças do crime organizado e da Segurança Pública do Ceará com a realidade do Rio de Janeiro, seu estado de origem, onde também foi secretário da Segurança Pública.

Em entrevista ao vivo à Rádio Verdinha FM 92.5 e à TV Diário nesta quarta-feira (31), Roberto Sá destacou que a principal semelhança entre os dois estados é a presença das facções criminosas, "o que não é uma peculiaridade do Rio nem do Ceará. Eles estão no Brasil inteiro e o que é pior, já estão até em países vizinhos, dominando uma cadeia comercial. Antes eram apenas receptadores ou consumidores de armas e drogas, passaram também a ser fornecedores".

Entretanto, o secretário aponta "complexidades" do crime organizado no Ceará: "aqui, o número deles (grupos criminosos) é maior, e eles estão presentes muito próximos. Diferente de lá, daqueles grandes complexos de favelas, em que um grupo criminoso domina e outro, para se fazer presente ou disputar, tem que fazer um grande deslocamento de um grupo criminoso armado, e muito bem armado, para atacar o outro".

Aqui, eles (grupos rivais) estão em bairros muito próximos. E outro fenômeno aqui, que não aconteceu lá: dissidência de dois grupos. Como eles eram do mesmo grupo, do mesmo bairro, vizinhos de casa, hoje se executam sabendo onde o outro mora, onde está, que horas está em casa e que horas não está. Tornando, inclusive, muito mais difícil o trabalho das Forças de Segurança, porque patrulhar as ruas já não evita esse deslocamento deles. Então, isso aumenta a taxa de letalidade."
Roberto Sá
Secretário da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará

Roberto Sá afirma que a Polícia, "além de saturar e reforçar o patrulhamento nos bairros e vias onde eles se deslocam, agora está com um trabalho muito forte de identificação dessas pessoas e prisão".

Legenda: Secretário diz que forças policiais estão integradas e focadas em reduzir homicídios e desarticular facções
Foto: Fabiane de Paula

O secretário da Segurança Pública compara ainda que policiais do Ceará e do Rio de Janeiro "são profissionais tão valorosos quanto (os outros), capacitados, vocacionados, nesse sacerdócio que é ser policial". 

"Mas uma grande diferença: eu estive secretário lá (Rio de Janeiro), em um estado que tinha decretado calamidade pública financeira e administrativa. Aqui, ao contrário, eu encontro um Estado saneado, com investimento nas Forças. É o primeiro Estado que eu pego com um concurso público em andamento, posse de policiais, entrega de viaturas, entrega de armamento, tecnologia. Isso tudo aumenta nossas possibilidades de enfrentamento ao crime, para devolver mais paz à população", completa.

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Aumento de homicídios no Estado

O principal desafio de Roberto Sá à frente da SSPDS é reduzir os números de homicídios no Ceará, que teve aumento de Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLIs) em todos os meses de 2024, na comparação com os meses referentes de 2023.

23,5%
é o aumento de CVLIs no acumulado do ano corrente, que já teve 1714 CVLIs entre janeiro a junho, na comparação com igual período do ano passado, que teve 1387 crimes.

"É o nosso desejo, desde o primeiro dia que pisei no Ceará, trabalhar dia e noite para reverter esse cenário de elevação dessa taxa de letalidade. Encontrei um aumento de cerca de 30%. No mês passado, esse aumento desacelerou, caiu para 23%. Esse mês (julho), a tendência é diminuir esse aumento ou até empatar. A população pode ter certeza que nossos valorosos profissionais das Forças de Segurança estão, dia e noite, arriscando a vida para diminuir essa taxa de violência no Estado do Ceará", garante Roberto Sá.

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