Quem é 'Menino Rei', chefe do CV que 'rasgou a camisa' de dois grupos criminosos em Fortaleza

Réu foi preso dois dias depois do grupo criminoso chefiado por ele sofrer uma tentativa de chacina, que deixou dois mortos e 15 feridos, na Barra do Ceará

Escrito por Messias Borges , messias.borges@svm.com.br
Festa de aniversário que acontecia no Morro Santiago foi interrompida por disparos de armas de fogo
Legenda: Festa de aniversário que acontecia no Morro Santiago foi interrompida por disparos de armas de fogo
Foto: Thiago Gadelha

O chefe da facção carioca Comando Vermelho (CV) com atuação em Fortaleza, que teria "rasgado a camisa" de outras duas facções (ou seja, teria trocado de grupo criminoso por duas vezes), foi condenado a 11 anos de prisão, pela Justiça Estadual. Conforme a sentença da Vara de Delitos de Organizações Criminosas, Cristiano de Lima Nunes, conhecido como 'Menino Rei', de 27 anos, foi preso no dia 9 de janeiro deste ano e já foi condenado no dia 16 de maio último.

O processo foi julgado em apenas 4 meses. A decisão foi publicada no Diário da Justiça Eletrônico (DJE) da última segunda-feira (20).

11 anos
de reclusão foi a pena definida para o réu, a serem cumpridos em regime inicialmente fechado. Além de definir a condenação, o colegiado de juízes que atua na Vara também manteve a prisão preventiva de Cristiano Nunes.

Mas quem é 'Menino Rei'? Ele foi apontado pela investigação da Polícia Civil do Ceará (PCCE) como líder da facção carioca Comando Vermelho (CV) no Morro Santiago, na Barra do Ceará, em Fortaleza. Antes, ele teria integrado as facções cearenses Guardiões do Estado (GDE) e Massa/Neutros/Tudo Neutro (TDN). Publicações nas redes sociais, analisadas pelos investigadores, ajudaram a identificá-lo.

"Pela análise do arcabouço probatório dos autos, não há a mínima dúvida de que Cristiano de Lima Nunes era quem exercia o comando da organização criminosa tratada nos presentes autos. As testemunhas de acusação, de forma uníssona, revelaram que o acusado Cristiano de Lima Nunes era a pessoa que dava as ordens aos outros integrantes do grupo criminoso e, também, o responsável por liderar os atos violentos ocorridos no Morro do Santiago e adjacências", justificou a Vara de Delitos de Organizações Criminosas.

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Os magistrados consideraram ainda, conforme a decisão, que há "indicativos de reiteração delitiva, visto que o acusado possui em seu desfavor condenação definitiva por tráfico de drogas, além de duas condenações em grau de recurso, sendo uma por homicídio qualificado, corrupção de menores e por integrar organização criminosa (5ª Vara do Júrida Comarca de Fortaleza/CE) e a outra por roubo majorado (9ª Vara Criminal da Comarca de Fortaleza/CE). Sendo processado, ainda, por uma tentativa de homicídio qualificado, corrupção de menores e por integrar organização criminosa (1ª Vara do Júri da Comarca de Fortaleza/CE)".

A defesa de Cristiano de Lima Nunes ingressou com um Recurso de Apelação, na última terça-feira (21), para pedir à Justiça para o cliente recorrer da condenação judicial em liberdade. "A regra seria a liberdade e a sua exceção a prisão, porém, de forma continuada, dia após dia, alguns juízes estão invertendo tal princípio basilar", argumentou.

Tentativa de chacina na Barra do Ceará

A prisão do chefe do Comando Vermelho aconteceu dois dias depois de um ataque criminoso praticado pela facção Guardiões do Estado a membros da organização criminosa de origem carioca, no Morro Santiago, na Barra do Ceará.

Duas pessoas foram mortas e 15 ficaram feridas, em uma tentativa de chacina, no Morro Santiago, na noite de 7 de janeiro deste ano. Conforme testemunhas, cerca de 100 pessoas comemoravam um aniversário, quando um veículo Chevrolet Prisma, de cor branca, passou pela rua. 

Quatro ocupantes do veículo desceram e começaram a atirar para todas as direções. Houve correria. Idosos, mulheres e crianças participavam da festa. Um homem de 34 anos levou um tiro na cabeça e morreu no local. Já um adolescente de 17 anos foi socorrido ao Frotinha do Antônio Bezerra, mas também não resistiu aos ferimentos.

Segundo a decisão judicial, Cristiano de Lima Nunes entrou no alvo da Polícia Civil porque "seria uma importante liderança do Comando Vermelho na região e estaria organizando um revide contra a facção Guardiões do Estado, o que poderia acarretar novo atentado na área rival".

O documento detalha ainda que o Morro Santiago já havia sido dominado pelas facções cearenses GDE e Massa (em momentos distintos), na disputa pelo controle do tráfico de drogas, mas o território foi tomado pelo Comando Vermelho, em novembro do ano passado.

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