Professor é investigado por assédio sexual cometido contra aluna adolescente pelas redes sociais, no Interior do Ceará
A Seduc informou que afastou o profissional da escola em que a vítima estuda. Uma sindicância foi aberta pela Secretaria para apurar a denúncia contra o professor, em âmbito administrativo
Um professor da rede estadual de ensino é investigado pela Polícia Civil do Ceará (PCCE) por suspeita de assédio sexual contra uma aluna, de 16 anos, no Município de Iracema (a cerca de 285 km de distância de Fortaleza), no Interior do Ceará. O crime teria sido cometido a partir de mensagens enviadas pelo suspeito à adolescente, nas redes sociais.
A Polícia Civil confirmou, por nota, que "investiga um crime contra a dignidade sexual ocorrido no município de Iracema - Área Integrada de Segurança 18 (AIS 18) do Estado". "Mais informações serão repassadas em momento oportuno para não comprometer os trabalhos policiais. O caso está a cargo da Delegacia Municipal de Iracema", completou a Instituição, sem passar mais informações sobre a investigação.
A Secretaria da Educação do Ceará (Seduc) informou que, "para garantir a preservação do espaço escolar, afastou o profissional da escola onde ocorreram os fatos". Uma sindicância foi aberta pela Secretaria para apurar a denúncia contra o professor, em âmbito administrativo.
O nome do professor não será publicado nesta reportagem porque ele ainda não foi indiciado pela Polícia Civil e também para preservar a vítima, que tem menos de 18 anos. A reportagem não conseguiu contato com o suspeito.
Conforme documentos obtidos pelo Diário do Nordeste, a denúncia do assédio sexual chegou à direção da escola onde a jovem estudava, em agosto de 2024. A denúncia apontava que, no mês de julho último, o professor utilizou as redes sociais Instagram e WhatsApp para enviar mensagens "em horários inoportunos" para a aluna, que estava se sentindo perseguida.
A direção da escola recebeu "prints" das conversas entre o professor e a aluna. "Não lhe vejo com olhos de pais", disse o suspeito, à 1h58, na madrugada de um dia. Em outro momento, por volta de 0h10, o professor diz para a jovem que "mas, pelo que estou vendo, tu ia querer era tomar a minha namorada [...] Quando acabasse com ela, ia namorar com você".
Em uma mensagem enviada às 22h17, o professor pede para a estudante: "Se afoba não, gata. Relaxa. [...] Chega aqui e dá um cheiro". A adolescente responde: "Me deixa em paz. Por favor". E o suspeito reage: "Calma. Estamos só conversando".
O professor também se declarou para a aluna. "Te amo", publicou em um 'story' da rede social Instagram. Após ser bloqueado no Instagram e no WhatsApp, ele enviou uma mensagem por SMS: "Já tá tá na hora de me tirar do castigo no Insta e no Zap né! [...] Eu entendo que você nesse momento esteja organizando os seus sentimentos e a sua vida! Espero que no momento certo eu consiga me encaixar em sua trajetória, pois o que sinto por você vai além de um mero sentimento casual, é amor de verdade!".
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MPCE pediu abertura de inquérito policial
No dia 8 de novembro último, o Ministério Público do Ceará (MPCE) enviou um ofício urgente para a Polícia Civil, com documentos em anexo, para "requisitar a instauração de inquérito policial para apurar as condutas possivelmente criminosas ali noticiadas, assim o fazendo mediante realização das diligências investigativas pertinentes".
A Promotoria de Justiça de Iracema também solicitou que o Núcleo de Atendimento às Vítimas de Violência (NUAVV), do MPCE, realizasse uma escuta especializada da adolescente vítima do crime; que a Seduc repassasse informações sobre os processos administrativos que o professor já respondia; e que o Conselho Tutelar de Iracema buscasse os colégios onde o suspeito trabalhava.
Já a Secretaria da Educação emitiu nota em que "repudia todo tipo de assédio, dentro ou fora do ambiente escolar. A Secretaria orienta que as denúncias sejam registradas por meio da Ouvidoria, pela Central 155, e através das autoridades legais. Para garantir a preservação do espaço escolar, afastou o profissional da escola onde ocorreram os fatos".
"Desde o momento das denúncias, a Seduc, em conjunto com a Coordenadoria Regional de Desenvolvimento da Educação (Crede) 11 está adotando todas as providências necessárias para que a apuração seja feita de maneira eficiente e dentro da legalidade. Informamos ainda que foi aberto procedimento de sindicância para apurar os fatos relacionados ao suposto assédio sexual", completou a Seduc.