PM filmado ao agredir homens em lanchonete já responde por atirar em educador físico em Cascavel

Policial militar acabou preso por desobediência a um militar superior, na última terça-feira (2)

Escrito por Messias Borges , messias.borges@svm.com.br
Policial militar responde a pelo menos dois inquéritos na Delegacia de Assuntos Internos, da CGD
Legenda: Policial militar responde a pelo menos dois inquéritos na Delegacia de Assuntos Internos, da CGD
Foto: Fabiane de Paula

O cabo Fabrício Marques de Araújo, da Polícia Militar do Ceará (PMCE), filmado agredindo e ameaçando homens em uma lanchonete, em Cascavel, no último domingo (30), também é suspeito de atirar em um educador físico, durante uma briga, em janeiro de 2022. Ele acabou preso por desobediência a um militar superior, na última terça-feira (2)

Um ano e três meses após a confusão, o disparo efetuado pelo servidor público continua a ser apurado na Delegacia de Assuntos Internos (DAI), da Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos da Segurança Pública e Sistema Penitenciário do Ceará (CGD).

A CGD informou, em nota, que, "à época dos fatos, instaurou procedimento disciplinar em desfavor do policial militar para as devidas apurações, o qual encontra-se em fase processual final, seguindo o ordenamento jurídico pátrio".

Durante esse período, o cabo Fabrício Marques continuou em atividade na Corporação. Mas, depois das agressões em uma lanchonete serem filmadas por uma câmera de segurança, o militar foi afastado das funções pela Controladoria, "diante da reiteração da conduta delituosa disciplinar", esclareceu o Órgão.

O educador físico Matheus Lima conta que a confusão ocorrida na madrugada de 23 de janeiro de 2022, em uma festa, na Praia de Barra Nova, em Cascavel, começou com uma briga entre duas mulheres - sendo uma delas a companheira do PM, que também estava no local, de folga.

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Matheus afirma que ele e um segurança do evento teriam contido as duas mulheres. Que o policial militar teria tirado satisfação com o segurança e o agredido. Que teria sido quando o educador físico tentou pedir calma para o agente de segurança, e houve um princípio de briga. O policial sacou uma arma de fogo e atirou na parte posterior do quadril do jovem.

Não foi uma briga. Eu não tive possibilidade de defesa porque estava de costas. Aí, eu lembro de poucas coisas. Eu tive quatro paradas cardíacas e quase morro, porque o tiro transfixou minha veia femoral. Praticamente um milagre eu ter escapado. Ainda hoje tenho sequelas na minha perna. Toda ajuda que recebi foi de populares, porque eu não trabalhei por três meses."
Matheus Lima
Educador físico

Ao saber que o policial militar continuou a trabalhar, até se envolver em outro episódio de violência, o educador físico pontuou que "a sensação é de completa impunidade". "Eu não sei até que ponto isso pode chegar", lamentou.

PM agrediu homens em lanchonete. Veja vídeo:

Versão do policial militar

A defesa do cabo Fabrício Marques de Araújo não foi localizada. Mas, conforme documentos obtidos pelo Diário do Nordeste, o policial militar apresentou a sua versão ao se apresentar na Delegacia Metropolitana de Aquiraz, da Polícia Civil do Ceará (PC-CE), horas depois da briga que terminou com o tiro efetuado contra o educador físico Matheus Lima, no dia 23 de janeiro de 2022.

Na ocasião, o PM registrou um Boletim de Ocorrência (BO) em que confirmou que a confusão começou com uma briga entre a sua companheira e outra mulher. Segundo o militar, o segurança do evento segurou a sua esposa com "uso excessivo da força" e ele pediu para que o profissional parasse.

"Que nesse momento um rapaz que não é segurança chegou sem que o noticiante percebesse a aproximação e deu um soco no rosto do noticiante, chegando inclusive a quebrar os óculos de grau do noticiante", narra o BO registrado por Fabrício Marques de Araújo.

Em seguida, o policial teria pedido para ele não se aproximar porque era um agente de segurança e colocou a mão na cintura para sinalizar que estava armado. Mas Matheus Lima se aproximou de novo, o que motivou o PM a sacar a arma e efetuar "um disparo direcionado e acertando a perna desse rapaz, para que ele parasse, cessando qualquer tipo de agressão".

O militar garantiu ainda que não fez ingestão de bebida alcoólica, que pediu para amigos acionarem o socorro médico e que saiu do local "para resguardar sua integridade física e não acontecer mais nenhum tipo de incidente".

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