Mãe de jovem morto em treinamento do Exército questiona laudo da perícia: 'Muito estranho'
Perícia Forense concluiu que Wanderson de Holanda morreu em decorrência de uma cardiomiopatia hipertrófica, mas família não acredita
A família do jovem Wanderson de Holanda Nogueira, 19, soldado que morreu após treinamento do Exército Brasileiro em Maranguape, na Grande Fortaleza, não está satisfeita com o laudo que indicou que ele morreu por doença cardíaca. A mãe, Liduina Holanda, classificou a causa como "muito estranha".
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De acordo com a comerciante, a doença era desconhecida pela família.
"Se ele sentiu alguma coisa, nunca me disse. Ele lutava muay thai e fazia treinos pesados desde adolescência, acredito que se ele tivesse essa doença já teria morrido em alguma luta", pontua.
Em entrevista ao Diário do Nordeste nesta quarta-feira (10), Liduina defendeu a necessidade de novos exames para saber "o que realmente aconteceu" e não descarta pedir a exumação do corpo.
O laudo da Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce) foi divulgado nesta quarta, mas os parentes de Wanderson foram informados ainda na terça-feira (9). Wanderson morreu no dia 21 de outubro.
Doença cardíaca
Segundo o documento, feito pelo Núcleo de Patologia Forense (Nupaf), a vítima morreu por cardiomiopatia hipertrófica, um tipo comum de doença cardíaca. A enfermidade é caracterizada pelo engrossamento do músculo do coração, o que inviabiliza o bombeamento de sangue pelo órgão.
O médico perito legista Anderson da Silva Costa, supervisor do Nupaf, destacou que não foram detectadas lesões externas no corpo durante o exame de necropsia.
A reportagem solicitou ao Comando da 10ª Região Militar mais informações do caso, investigado via Inquérito Policia Militar (IPM), e aguarda resposta.
"Vou até o fim", diz mãe de soldado
Demonstrando insatisfação com o laudo pericial, dona Liduina Holanda garante que irá "até o fim" para obter respostas sobre o óbito do filho.
Segundo ela, se Wanderson tivesse cardiopatia, já haveria sentido sintomas. "Ele nunca se queixou de nada, e inclusive os amigos do Exército falavam que ele até ficava depois dos treinamentos sozinho para treinar mais", indica.
Eu tenho que tirar essa dúvida da minha cabeça. Foi uma vida tirada de mim, eu perdi meu filho. Preciso disso pois está sendo muito difícil. Meu filho era tudo na minha vida, uma pessoa do bem, que todo mundo gostava. E perder a vida, assim, do nada? Eu não acredito que ele tinha essa doença
Suspeitas sobre a morte
Desde o último dia 3 de novembro, familiares e amigos do jovem protestam por respostas sobre o caso. Em sessão da Câmara Municipal de Capistrano, município cearense onde Wanderson nasceu, o grupo chegou a citar que não acreditava na possibilidade de "morte natural".
"Ele era um menino saudável, o Exército disse que foi morte por causa natural. Mas eu acredito que nenhuma morte é natural — existe algo por trás disso. A mãe dele entregou ele vivo e saudável", destacou Antonielda Holanda, tia da vítima.
Dias antes da morte, o soldado pediu à mãe que ela viesse a Fortaleza para visitá-lo. O motivo, segundo o jovem, seria o esforço que a semana seguinte exigiria dele.
"Ele falou que seria muito difícil, que a semana mais difícil do Exército seria essa. Como ele tava se sentindo com medo do que o pessoal tava dizendo, que lá é muito pesado, ele tava com receio. Mas como ele não queria dar o braço a torcer, ele foi", relatou a mãe.
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