Justiça mantém prisão temporária de um dos suspeitos de comandar Chacina da Sapiranga

Raí César da Silva Araújo foi preso no Rio Grande do Norte, nessa quarta-feira (29). Até o momento, 13 suspeitos de participarem da matança foram detidos

Escrito por Emanoela Campelo de Melo , emanoela.campelo@svm.com.br
Raí preso chacina
Legenda: Raí foi preso nessa quarta-feira (29), no Rio Grande do Norte
Foto: Divulgação/PCCE

Poucas horas após a prisão de Raí César da Silva Araújo, um dos apontados pela Polícia Civil do Ceará como mandante Chacina da Sapiranga, o Judiciário decidiu relaxar o flagrante do suspeito, mas Raí não foi solto por que contra ele havia um mandado de prisão expedido pela Justiça. Na audiência de custódia realizada nesta quinta-feira (30) durante o Plantão Judiciário da Comarca de Fortaleza, o juiz considerou que não há requisitos legais para converter o flagrante em preventiva, mas manteve a prisão temporária que havia sido decretada em desfavor de Raí no último dia 29.

Conforme o documento que a reportagem teve acesso, após o recesso natalino o processo deve voltar a conclusão para nova decisão. "Considerando que hoje é, ainda, o primeiro dia de cumprimento desse prazo, a apreciação da procedência ou não de prisão preventiva deve ser novamente examinada após pelo menos dez dias de cumprimento de prazo, considerando ainda que o múltiplo homicídio foi cometido aproveitando-se do período natalino", cita trecho da decisão.

Raí César, conhecido como 'Jogador' foi preso no Rio Grande do Norte, nessa quarta-feira (29). Até o momento, 13 suspeitos de participarem da matança foram detidos pelas autoridades.

TRAMITE PROCESSUAL

Na audiência de custódia, o Ministério Público do Ceará requereu a conversão da prisão em flagrante em prisão preventiva. Já a defesa pediu o relaxamento do flagrante alegando que pelo suspeito ter sido localizado em posse de um cigarro de maconha isso se tratava de um delito de menor potencial ofensivo e, portanto, da competência do Juizado Especial.

A defesa ainda alegou que não há provas suficientes que Raí pertença a uma fação criminosa. O juiz entendeu que neste momento não há prova suficiente de materialidade de crime de integrar organização criminosa, mas pontuou que "durante o cumprimento do prazo da prisão temporária podem surgir novas provas que possam fundamentar o decreto de prisão preventiva".

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QUEM É RAÍ JOGADOR

Conforme a Polícia Civil, 'Jogador' é um dos mandantes da chacina que deixou cinco mortos e pelo menos seis baleados na madrugada do Natal deste ano. Raí e João Ricardo Sousa da Silva, o 'Das Facas' ou 'RJ' trocaram mensagens pelo Whatsapp falando sobre o crime, instantes após o ocorrido.

O Diário do Nordeste noticiou nesta quinta-feira (30) trechos das conversas entre Raí e 'Das Facas', também preso e tido pelas autoridades como outro mandante da chacina. Nos áudios, a dupla revela temer ser presa e em determinado momento indicam ter se arrependido da quantidade de mortes provocadas na Sapiranga.

DEMAIS PRESOS

A Justiça Estadual já converteu a prisão em flagrante em prisão preventiva dos outros oito homens presos, inclusive João, por suspeita de participarem da Chacina da Sapiranga. Além deles, quatro adolescentes foram apreendidos pelos crimes.

  • Alessandro Vieira da Silva

  • Antônio Gabriel Sousa da Silva

  • Charles Dantas Oliveira

  • Gabriel Sousa Freitas 

  • Mateus Acelino da Silva

  • Mateus Aguiar de Sousa

  • Thiago Farias de Lima

chacina sapiranga
Foto: Fabiane de Paula

A reportagem apurou que a matança foi motivada por disputa de território para o tráfico de drogas. Dissidentes de uma facção de origem carioca, que passaram a integrar outra organização criminosa (o que é conhecido no mundo criminoso como "rasgar a camisa"), praticaram a carnificina com o intuito de tomar o território do Campo do Alecrim.

Além dos detidos, a Polícia apreendeu seis pistolas (calibres 380, Ponto 40 e 9 milímetros), dois equipamentos que transformam pistolas em rifles, 98 munições de calibres variados, a quantia aproximada de R$ 800 em espécie, uma pequena quantidade de cocaína e aparelhos celulares. A investigação continua e demais suspeitos envolvidos no massacre já identificados permanecem foragidos.

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