Hacker se passou por Camilo Santana e por outras autoridades para tentar desviar verbas públicas

Investigação da Polícia Civil do Ceará resultou na prisão do suspeito em uma residência de alto padrão, em São Luís, no Maranhão

Escrito por Redação ,
Polícia apreendeu diversos equipamentos eletrônicos na residência do suspeito, inclusive um celular e um notebook utilizados para clonar o aparelho do governador Camilo Santana
Legenda: Polícia apreendeu diversos equipamentos eletrônicos na residência do suspeito, inclusive um celular e um notebook utilizados para clonar o aparelho do governador Camilo Santana
Foto: Divulgação/ PCCE

O homem que invadiu e clonou o celular do governador do Ceará, Camilo Santana, e de autoridades de outros estados e até do Governo Federal tinha o objetivo de desviar verbas públicas, segundo a investigação da Polícia Civil do Ceará (PCCE). O hacker foi preso em São Luís, no Maranhão, no último domingo (8).

Leonel Silva Pires Júnior, de 33 anos, já havia sido capturado por crimes semelhantes pelas polícias Federal (PF) e Civil do Maranhão (PCMA), em 2018 e em 2019, respectivamente. "Ele é um hacker altamente capacitado, que era especializado em desvio de recursos públicos através de estratégias cibernéticas e tecnológicas", define o secretário da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará (SSPDS), Sandro Caron.

Ele procurava clonar o celular de autoridades e, a partir de aplicativos de trocas de mensagens, contactava gerentes que cuidavam de contas públicas pelo Interior do Brasil. E fingindo que era uma dessas autoridades, ele tentava obter as chaves de segurança.
Sandro Caron
Titular da SSPDS

O nome do governador Camilo Santana foi utilizado para tentar acessar um recurso do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), que era destinado a um município do Pará. Caron destacou que, 4 horas depois da clonagem, no último dia 4 de agosto, a Polícia Civil já havia conseguido bloquear o acesso do hacker ao celular de Camilo. "Não teve tempo de consumar o golpe", conclui o secretário.

De acordo com as investigações, Leonel Júnior também tentou clonar o aparelho celular de um ministro do Governo Federal, outros dois governadores e pelo menos cinco prefeitos. Os nomes das autoridades e os Estados onde atuam não foi revelado pela Polícia, para não atrapalhar outras investigações.

Suspeito ostentava em São Paulo antes da prisão

A Delegacia de Combate aos Crimes de Lavagem de Dinheiro (DCCLD) e o Departamento de Inteligência Policial (DIP), da Polícia Civil do Ceará, descobriram que Leonel Júnior estava em São Paulo. Segundo os investigadores, o suspeito estava "ostentando" na capital paulista com dinheiro proveniente de golpes, em restaurantes e hotéis luxuosos.

Trabalho policial também apreendeu três veículos - um Land Rover Discovery, um Fiat Cronos e um UTV (veículo utilitário multitarefas)
Legenda: Trabalho policial também apreendeu três veículos - um Land Rover Discovery, um Fiat Cronos e um UTV (veículo utilitário multitarefas)
Foto: Divulgação/ PCCE

Uma equipe policial se deslocou para São Paulo, mas Leonel viajou para a sua terra natal, São Luís, onde outra equipe policial também o esperava. Na capital maranhense, os agentes de segurança conseguiram cumprir um mandado de prisão preventiva contra o hacker, em uma residência de alto padrão onde ele morava.

No imóvel, a Polícia apreendeu três veículos (um Land Rover Discovery, um Fiat Cronos e um UTV – veículo utilitário multitarefas), aparelhos celulares, notebooks, drone e maquinetas para cartões magnéticos. Entre o material, estavam um celular e um notebook utilizados pelo suspeito para clonar o aparelho do governador Camilo Santana.

Trata-se de um criminoso de alto conhecimento tecnológico, que não visava buscar dados financeiros e retirar dinheiro da conta do governador. Ele usava a imagem de autoridades de todos os estados da Federação para aplicar golpes em instituições financeiras, visando a retirada de dinheiro público.
Edvando França
Diretor do DIP

Leonel Júnior foi autuado pelos crimes de invasão de dispositivo eletrônico, estelionato tentado e consumado. E ainda será investigado por lavagem de dinheiro e furto mediante fraude.

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