Facção PCC utilizou nome do Comando Vermelho nas redes sociais para atrair a atenção da Polícia para rival no Ceará

A Justiça Estadual condenou 12 integrantes dos dois grupos criminosos a um total de 223 anos de prisão. 'Salves' atribuídos ao CV tinham ameaças ao Estado e a policiais

(Atualizado às 08:56)
Polícia Civil descobriu que criminosos ligados a uma facção utilizaram o nome de outro grupo criminoso em 'salves' nas redes sociais
Legenda: Polícia Civil descobriu que criminosos ligados a uma facção utilizaram o nome de outro grupo criminoso em 'salves' nas redes sociais
Foto: Divulgação/ PCCE

Uma investigação da Polícia Civil do Ceará (PCCE) descobriu que um braço da facção criminosa paulista Primeiro Comando da Capital (PCC) utilizou o nome da facção carioca Comando Vermelho (CV), em "salves" (mensagens de ordem) disparados pelas redes sociais, para atrair a atenção das autoridades para o grupo rival, no Interior do Ceará. A Justiça Estadual condenou 12 integrantes dos dois grupos criminosos a um total de 223 anos de prisão.

A sentença foi proferida pela Vara de Delitos de Organizações Criminosas, no dia 5 de dezembro deste ano, e foi publicada no Diário da Justiça Eletrônico (DJE) da última quarta-feira (11). Os 12 réus foram condenados pelos crimes de integrar organização criminosa, tráfico de drogas e associação para o tráfico e devem cumprir a pena em regime fechado. Outros dois acusados pelos mesmos crimes foram absolvidos.

33
anos de prisão foi a maior pena determinada pela Justiça no processo, para o réu Alexandre da Silva Facundo, conhecido como 'Godzila'. Segundo a investigação policial, ele é uma liderança do PCC no Município de Ipu e foi o principal responsável pelos "salves" atribuídos ao CV, com ameaças ao patrimônio público e a policiais. Por outro lado, Facundo foi absolvido do crime de corrupção de menores.

Companheira de 'Godzila' e acusada de também integrar o PCC e de ajudar o namorado nos crimes, Diana Nogueira Costa foi sentenciada pela Justiça a 21 anos e 1 mês de prisão.

Os outros dez réus condenados são apontados pelos investigadores como integrantes da facção Comando Vermelho. As penas impostas pela Justiça variaram de 14 anos a 19 anos de prisão. A Polícia chegou ao grupo criminoso justamente depois das mensagens ameaçadoras atribuídas ao CV serem publicadas nas redes sociais.

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Confira as penas individuais dos réus:

  • Alexandre da Silva Facundo: 33 anos de reclusão
  • Diana Nogueira Costa: 21 anos e 1 mês de reclusão
  • Antônia Jéssica Veras Peres: 16 anos e 3 meses de reclusão
  • Emanuel Marcelio Bernardo Peres: 18 anos e 11 meses de reclusão
  • Felipe Feitosa Roseno: 18 anos e 9 meses de reclusão
  • Francisco Alison do Nascimento Silva: 14 anos e 10 meses de reclusão
  • Francisco Fábio Ribeiro Cunha: 16 anos e 3 meses de reclusão
  • Gleison Rodrigues da Silva: 14 anos e 10 meses de reclusão
  • Luis Antônio da Costa Sampaio: 18 anos e 9 meses de reclusão
  • Maria Sueli Nonato Torres: 16 anos e 3 meses de reclusão
  • Maiara Alves Pereira: 16 anos e 3 meses de reclusão
  • Paulo Ricardo Rodrigues de Sousa: 18 anos e 9 meses de reclusão

Ameaças ao patrimônio público e a policiais

A morte de um líder da facção Comando Vermelho, em uma ação policial no Município de Crateús, em setembro de 2021, virou motivo para uma página denominada de 'Colecionador de Armas', na rede social Facebook, fazer "uma publicação decretando um 'salve' na cidade de Ipu, exigindo que criminosos ligados ao CV depredassem patrimônio público do município, bem como, como forma de vingar a morte do prefalado criminoso, matassem policiais e guardas municipais da cidade", segundo a sentença judicial.

A Polícia Civil aprofundou a investigação sobre a atuação do Comando Vermelho em Ipu, identificou integrantes da facção e realizou uma operação no Município para cumprir prisões e apreensões contra os suspeitos.

Nessa toada, com o aprofundamento das investigações, descortinou-se que as ameaças contra os agentes de segurança pública de Ipu, em verdade, partiram de integrantes de organização criminosa diversa, qual seja, o Primeiro Comando Capital (PCC), com intuito de direcionar as atenções das forças de segurança para a organização criminosa rival (Comando Vermelho) e, consequentemente, 'facilitar' a conquista/retomada de territórios para o tráfico, fortalecendo assim a hegemonia do PCC na região."
Justiça Estadual
Em sentença

Os investigadores perceberam que o perfil 'Colecionador de Armas' tinha como "amigo", no Facebook, o perfil 'Restrito do Primeiro' - ligado ao Primeiro Comando da Capital - e chegaram a Alexandre da Silva Facundo, um chefe do PCC na região, como o autor das mensagens ameaçadoras atribuídas ao CV. A descoberta levou à deflagração da Operação Fake Threat contra as facções criminosas, na manhã de 28 de outubro de 2021.

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