Ex-secretária que interrompeu quadrilha junina inspirada no candomblé é denunciada pelo MPCE
No evento, em Uruburetama, a gestora teria chamado a apresentação de "macumba"
A ex-secretária de Turismo e Cultura de Uruburetama, Fernanda Carneiro, foi denunciada pelo Ministério Público do Ceará (MPCE), nessa segunda-feira (10), por suposta discriminação religiosa praticada durante uma apresentação da quadrilha “Trem Maluco” em 19 de junho de 2022.
Conforme apuração do Diário do Nordeste, a gestora teria chamado a atração de "macumba". O enredo da quadrilha tratava de uma união matrimonial entre um noivo de candomblé e a noiva católica.
O que diz a denúncia do MPCE
Na denúncia do MPCE, Fernanda Mara Mota Braga Carneiro teria interrompido a apresentação.
"Se eu soubesse que era desse jeito eu não teria convidado vocês", disse a denunciada ao fundador e proprietário da atração, Cosmo de Andrade Alves. "Ei, para! Eu mandei parar! Eu pensei que o Cosmo ia trazer uma quadrilha, mas trouxe candomblé", contou um integrante.
Outro integrante ainda relatou ao MPCE que foi impedido de filmar o momento da interrupção pela denunciada.
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Acordo de Não Persecução Penal
Em maio de 2023, o promotor de Justiça Edilson Izaias de Jesus Júnior, propôs um Acordo de Não Persecução Penal (ANPP) devido à pena do crime ser menor que quatro anos e a denunciada não possuir antecedentes criminais.
Contudo, Fernanda Mara não aceitou a proposta. A legislação destaca que é crime “praticar, induzir ou incitar a discriminação, ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional”. A pena é de reclusão de um a três anos e multa.
A reportagem não conseguiu contato com a ex-secretária.
Relembre o caso
A então secretária teria mandado parar a apresentação no momento em que os participantes estavam de branco e prestavam uma homenagem à Irmã Dulce, freira brasileira que atuou em prol dos pobres na Bahia.
Fernanda Mara teria dito que o festival era um "evento católico" e que a apresentação do grupo parecia um "terreiro de macumba".
Após a repercussão do caso, Fernanda Mara pediu afastamento, alegando "problemas emocionais". Na época, a Prefeitura e a paróquia do Município se manifestaram contrárias à atitude da gestora.
Em nota divulgada nas redes sociais antes do afastamento de Fernanda Carneiro, o prefeito Branco do Angelim (PT) pediu desculpas ao grupo e disse que não compactua com preconceito ou intolerância.