Estupro e pornografia na 'deep web': PF prende no CE 11 suspeitos de crimes sexuais contra crianças

A maior parte das prisões está relacionada a abuso sexual infantojuvenil, conforme a Polícia Federal

Escrito por Emanoela Campelo de Melo , emanoela.campelo@svm.com.br
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Legenda: Um mandado de prisão foi cumprido pela PF nesta terça-feira (4), em Fortaleza
Foto: Divulgação/PF

Em um ano, a Polícia Federal prendeu no Ceará 11 suspeitos de cometerem crimes sexuais contra crianças e adolescentes. Todos os casos se tornaram de competência federal porque ficou comprovada a 'transnacionalidade do crime', incluindo produção e reprodução de pornografia infantojuvenil veiculada na 'deep web'.

Conforme dados obtidos pela reportagem do Diário do Nordeste, a Delegacia de Repressão aos Crimes Cibernéticos realizou no Ceará, de junho de 2022 a junho de 2023, 26 operações para combater a exploração sexual. As buscas resultaram em 60 mandados de busca e apreensão. Das 11 prisões, oito são relacionadas a abuso sexual.

O delegado federal chefe da Delegacia de Repressão aos Crimes Cibernéticos, Victor Mesquita, afirma que não há um perfil de suspeito delimitado, mas a maior parte dos presos é de homens e em 90% dos casos os crimes acontecem dentro do contexto familiar.

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"É exceção quando o crime parte de alguém estranho à vítima. A gente não pode achar que o abusador tem uma cara. Não temos relatos no Ceará que quando esses crimes partem para a deep web exista uma venda de pornografia. Essas pessoas divulgam o conteúdo por participarem de uma comunidade com outras pessoas que têm o mesmo interesse".

PRISÃO NO BAIRRO SIQUEIRA

Nessa terça-feira (4), a Polícia Federal cumpriu um mandado de prisão preventiva contra um homem residente no bairro Siqueira, em Fortaleza, suspeito de cometer crimes de estupro de vulnerável, produção, armazenamento e divulgação de material pornográfico envolvendo duas crianças de menos de 10 anos.

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Legenda: Vítimas eram crianças e adolescentes às quais o investigado tinha acesso
Foto: Divulgação/PF

As autoridades chegaram ao investigado a partir de denúncias, recebidas pela organização não governamental norte-americana National Center for Missing and Exploited Children (NCMEC), de que estaria ocorrendo confecção, depósito e compartilhamento de conteúdo pornográfico infanto juvenil em plataformas virtuais internacionais.

A partir das acusações, a PF identificou indícios de que muitas das imagens produzidas e divulgadas eram de fato cenas de estupro de vulnerável cometidas pelo investigado.

"Hoje, tivemos a certeza que de fato ele [suspeito] é o real autor de tudo que apuramos. Identificamos, pelo menos, duas vítimas."
Victor Mesquita
titular da Delegacia de Repressão aos Crimes Cibernéticos da PF
   

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O preso pode responder pelos crimes de abuso infantil, confecção, armazenamento e compartilhamento de material pornográfico com menores. Se condenado pelos delitos, pode ter penas somadas de até 33 anos de prisão, sem prejuízo da descoberta de outros delitos mais graves praticados, a partir da análise do material digital apreendido, conforme a PF.

 

 

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