Curso de formação para forças especiais da PM do Ceará tem dois casos de alunos feridos
A Aesp respondeu que 'investigações preliminares foram instauradas para o esclarecimento dos fatos em todas as suas circunstâncias, notadamente quanto à obediência dos normativos que nortearam as instruções'
Pelo menos dois policiais militares tiveram lesões graves durante um treinamento organizado pela Academia Estadual de Segurança Pública do Ceará (Aesp), neste mês de agosto. Um PM apresentou múltiplas lesões pelo corpo, enquanto o outro agente pisou em uma bomba e precisou passar por cirurgia.
Questionada sobre as lesões dos policiais, a Academia Estadual de Segurança Pública do Ceará respondeu, em nota enviada nesta sexta-feira (16), que "nos dois casos citados, investigações preliminares foram instauradas para o esclarecimento dos fatos em todas as suas circunstâncias, notadamente quanto à obediência dos normativos que nortearam as instruções".
Ressaltamos que a Aesp/CE não coaduna com qualquer ação que fira os preceitos estabelecidos pela Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social e suas forças vinculadas".
As lesões dos policiais ocorreram durante o VII Curso de Ações Táticas Especiais (Cate), desenvolvido e coordenado pelo Batalhão de Operações Especiais (Bope), da Polícia Militar do Ceará (PMCE). Segundo a nota da Aesp, o Curso tem "o objetivo de capacitar praças e oficiais da própria PMCE, de outras instituições e de demais estados da federação".
De acordo com publicação da Aesp nas redes sociais, o curso conta com 59 participantes do Ceará e um do Maranhão, entre praças e oficiais, todos policiais militares. "Essa turma deve enfrentar grau extremo de dificuldade a fim de capacitar o possível formando para fazer parte do Batalhão de Operações Especiais (Bope)", diz a Aesp.
A reportagem apurou, com fonte da Polícia Militar, que um cabo PM deu entrada no Hospital Regional Vale do Jaguaribe (HRVJ), em Limoeiro do Norte, com múltiplas lesões pelo corpo, no último fim de semana. Ele teria sofrido uma "punição" em uma atividade do Curso. O objetivo, segundo um PM que teve acesso ao prontuário médico do policial ferido, era fazer ele desistir do curso.
O Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar (ISGH), que administra o Hospital Regional Vale do Jaguaribe, foi questionado sobre o estado de saúde do policial militar, mas a Instituição respondeu, através da assessoria de comunicação, que todas as demandas que envolvem Segurança Pública no Estado do Ceará, incluindo o estado de saúde de policiais, são centralizadas na Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará (SSPDS) - que tem como uma vinculada a Aesp, que respondeu à demanda. Porém, a Academia de Segurança não detalhou o estado de saúde dos dois policiais feridos.
O outro PM teve ferimentos graves no pé esquerdo, após pisar em uma bomba caseira, durante treinamentos do Cate. Devido à gravidade da lesão, o soldado precisou passar por cirurgias para reparar os danos. Familiares e amigos do militar realizaram uma "vaquinha" (ação solidária de arrecadação de dinheiro) para ajudar no pós-operatório do policial.
Em publicações da Aesp nas redes sociais sobre o Curso, é possível ver alguns trechos do treinamento. Um cântico faz referência a situações perigosas: "Granada de gás/ pânico geral/ 302/ passei muito mal./ Foi na semana zero/ que eu sofri bastante/ desligar os fracos/ só ficarem fortes".
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Ainda nas redes sociais, a Academia Estadual de Segurança Pública do Ceará publicou, no dia 2 de agosto deste ano, que o Cate é "referência nacional em formação de policiais" e "exige e desenvolve habilidades para o trabalho em situações críticas". "Serão 54 dias de instruções em conteúdos fundamentais para a capacitação de especialistas em ações táticas", detalhou a publicação.
policiais participam do Curso, entre praças e oficiais da Polícia Militar. São 59 agentes do Ceará e um do Estado do Maranhão.
A Aesp detalhou, na nota enviada à reportagem, que "essa capacitação busca o desempenho de atividades de ações táticas especiais em situações críticas, como resgate de reféns, localização de artefatos explosivos, busca e captura de infratores em locais de difícil acesso e operações de contra terrorismo, entre outros exemplos".
"Todas as disciplinas que compõem a grade curricular do Cate devem seguir as normatizações previstas pela Academia. Intercorrências envolvendo discentes e docentes da capacitação são devidamente apuradas, por meio de investigação preliminar ou sindicância acadêmica, sendo encaminhadas para as unidades de origem dos servidores envolvidos", completou a nota.