Chefe de facção vai a julgamento por chacina no Bom Jardim

'Naldinho' também será levado ao banco dos réus pela morte de uma mulher que "pregava a palavra de Deus" e foi alvo de "bala perdida". O líder do CV teria ordenado os dois atentados, mesmo preso. A defesa nega a autoria dos crimes

Escrito por Redação , seguranca@svm.com.br
Legenda: Quatro homens foram assassinados a tiros, na Rua Aguapé Verde, no bairro Bom Jardim, em outubro de 2017
Foto: Kléber A. Gonçalves

A Justiça Estadual decidiu levar Antônio Edinaldo Cardoso de Sousa, o 'Naldinho', a julgamento em dois processos por homicídio e organização criminosa, oriundos de uma chacina e de uma morte por "bala perdida". O réu é considerado o chefe da facção Comando Vermelho (CV) na região do Grande Bom Jardim, na Capital, e teria ordenado as duas ações criminosas, mesmo detido no sistema penitenciário estadual. Agora, ele se encontra recluso em um presídio federal de segurança máxima.

A pronúncia de 'Naldinho' pela chacina foi proferida pela 1ª Vara do Júri de Fortaleza, no último dia 15 de maio. Conforme a denúncia do Ministério Público do Ceará (MPCE), ele deu aval para uma emboscada que terminou na morte de Adriano dos Santos Moreira, Francisco Josué Araújo da Silva, Luís Carlos de Oliveira e Rafael Bezerra de Oliveira, na Rua Aguapé Verde, no bairro Bom Jardim, no dia 8 de outubro de 2017.

Os quatro homens também eram integrantes do CV, mas estariam envolvidos em uma briga interna e teriam matado outro membro da facção. Naquele dia, eles foram chamados pelo "padrinho" deles dentro do grupo criminoso para selar a paz, mas terminaram mortos.

A defesa de 'Naldinho' não atendeu aos telefonemas. No processo, o advogado argumenta que o cliente, na época da chacina, estava preso por um crime de roubo qualificado, desde 2015; afirma que o MPCE não conseguiu comprovar como se deu a participação dele nos homicídios, quando e para quem partiu a suposta autorização para a matança; e nega que o cliente integra organização criminosa.

Em janeiro de 2019, a 1ª Vara do Júri já tinha decidido levar a julgamento os outros sete acusados pela chacina. O juiz não se manifestou sobre a pronúncia ou a impronúncia de 'Naldinho' naquele momento porque a defesa do réu ingressou com um Recurso de Sentido Estrito (Rese) no Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE), que ainda precisava ser analisado. Entretanto, nenhum réu foi julgado ainda pelas quatro mortes.

'Bala perdida'

'Naldinho' também irá a julgamento pela morte de Luziane Ferreira da Silva, por duas tentativas de homicídio e organização criminosa, junto dos comparsas Alfelison do Nascimento Freitas, o 'Chen', e Renan Pereira da Silva. A decisão de pronúncia foi proferida pela 3ª Vara do Júri de Fortaleza, no dia 22 de abril deste ano.

De acordo com a denúncia do MPCE, 'Naldinho' e Renan ordenaram a morte de dois integrantes da facção rival Guardiões do Estado (GDE), com os quais disputavam o domínio do tráfico de drogas no Grande Bom Jardim. No dia 17 de maio de 2017, um grupo formado por 'Chen' e criminosos não identificados chegou em um bar, na Rua Maria Marques, atirando em várias direções. Os alvos do atentado foram atingidos, mas resistiram aos ferimentos e fugiram.

Quem não sobreviveu ao tiroteio foi Luziane que, segundo as investigações, estava "pregando a palavra de Deus" para os dois membros da GDE. Outra mulher também foi atingida por "bala perdida", mas socorrida a tempo.

Neste processo, a defesa em comum de 'Naldinho' e Renan alegou que os clientes também estavam detidos na época do homicídio e que a denúncia do Ministério Público não tem "qualquer comprovação". Já a defesa de Alfelison não se manifestou no processo e não foi encontrada.

Outros crimes

Antônio Edinaldo Cardoso de Sousa responde a pelo menos sete ações penais por homicídio, na Justiça Estadual. Ele também é acusado de comandar o tráfico de drogas na região do Grande Bom Jardim e de ordenar - mesmo preso - ataques a bens públicos e privados em Fortaleza, em janeiro de 2019, motivo pelo qual o Estado pediu e conseguiu a transferência do interno para um presídio federal de segurança máxima, naquele mês.

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