Cartões de crédito clonados: sócios-torcedores do Fortaleza denunciam vazamento de dados
O clube disse que o programa Sócio Fortaleza tomou as medidas necessárias para a resolução do problema
Torcedores do Fortaleza Esporte Clube denunciam nas redes sociais que tiveram seus cartões de crédito clonados. As vítimas passaram a desconfiar que o vazamento de dados está vinculado ao cadastro de sócio-torcedor do clube, após dezenas de relatos similares, em menos de uma semana. Atualmente, o Fortaleza tem aproximadamente 40 mil sócios-torcedores. Em um dos casos, um dos sócios chegou a ter compra no valor de R$ 11 mil passada no cartão clonado.
Em nota, o time disse que “o programa de Sócio Fortaleza informa que tomou todas as medidas necessárias para a resolução do problema desde que surgiram os primeiros casos. Diante da situação, iniciamos, no dia 06/01/2025, uma força-tarefa interna para investigar os fatos e identificar as causas do ocorrido e se possui relação com o nosso sistema”.
Acionada pela reportagem, a Polícia Civil do Ceará (PCCE) informou que apura as circunstâncias de um possível vazamento de dados de cartões de sócio-torcedores. A PCCE orienta que possíveis vítimas registrem um Boletim de Ocorrência (BO) na Delegacia Eletrônica (Deletron) ou procurem a delegacia mais próxima. O caso está a cargo da Delegacia de Repressão aos Crimes Cibernéticos (DRCC).
Já o Fortaleza disse ainda estar entrando “em contato com sócios para coletar mais detalhes, entender os padrões e tranquilizá-los de que estamos trabalhando em estreita colaboração com as empresas parceiras que operam conosco (gateway de pagamento, operadora de cartão, equipes de TI e da prestadora de serviço), com o objetivo de resolver a questão o mais rapidamente possível e garantir a segurança de todos os nossos usuários”.
Veja também
RELATOS
A reportagem conversou com dois torcedores que contam o 'susto' que passaram ao verem em suas contas compras que não partiram deles. Um dos torcedores afirma que já sabia da fragilidade no sistema, porque "um amigo que mexe com T.I chegou a mostrar uma vez como era fácil entrar e pegar a planilha com dados pessoais".
"Aconteceu quando eu fiz a renovação do meu sócio, na penúltima semana do ano. Dia 28 ou 29 de dezembro apareceu uma notificação no meu celular passando ingresso de show de Réveillon no Rio de Janeiro, de R$ 1.200. Fiquei assustado, na segunda-feira resolvi com o banco. Entre as redes sociais com torcedores começaram essas reclamações, diversas pessoas"
Outra vítima que conversou com o Diário do Nordeste contou que teve o cartão clonado no último dia 3 de janeiro: "eu estava no trabalho, quando começaram a aparecer compras no meu cartão de crédito em um aplicativo de delivery. Eu estranhei, porque não tinha pedido nada. Liguei pra minha esposa, que compartilha o cartão comigo, ela também disse que não pediu nada. Então, eu vi que estava sendo clonado".
"Foram várias compras de 0 a 9 reais. Ainda bem que meu banco estranhou a movimentação, rejeitou as compras e me perguntou se eu reconhecia. Eu respondi prontamente que não, e o cartão foi bloqueado. Tive que ligar pro banco e pedir um novo cartão, que vai demorar 11 dias pra chegar. Por enquanto, estou sem poder fazer compras virtuais. Só descobri no último fim de semana que dezenas de torcedores do Fortaleza também tiveram o cartão clonado. Eu não tenho certeza que meus dados vazaram do Sócio Torcedor, mas é um indício forte. Agora tô preocupado como vou colocar outro cartão pra pagar meu sócio-torcedor"
Outras vítimas disseram que: "aqui em casa foi bloqueado o meu e o da minha esposa" e que "primeiro, fizeram uma compra de 300 reais e depois tentaram uma de 3 mil".
>> Acesse nosso canal no Whatsapp e fique por dentro das principais notícias.
CRIME
O advogado e doutor em Direito Comercial, João Rafael Furtado, destaca que clonagem é um crime previsto pela Lei, a partir da prática do estelionato. Conforme o especialista, já quando há vazamento de dados, é obrigatório que seja instaurado um incidente de segurança e tomadas medidas para minimizar os prejuízos: "isso pode gerar ao controlador dos dados desde uma advertência à multa". Pode gerar ao controlador dos dados, desde multa, advertência,
"É óbvio que se uma pessoa teve um prejuízo em virtude desse vazamento de dados com a clonagem do cartão e esse prejuízo se deu na ordem material, ela vai poder pleitear ao responsável, seja, quem fez a clonagem dos dados, seja, em hipótese, a pessoa que guardava os dados e deixou ele vazar, danos materiais. Pode pedir o ressarcimento do prejuízo que teve", disse João Rafael.
O Fortaleza acrescenta ainda que como parte das medidas adotadas, vem realizando uma “revisão abrangente de acessos, sistemas e procedimentos internos, além de ações específicas para o fortalecimento da nossa estrutura de segurança. Pedimos que qualquer sócio(a) que identifique movimentações suspeitas entre em contato imediatamente pelos nossos canais oficiais para que possamos oferecer o suporte necessário. Agradecemos a compreensão e a confiança de todos”.
NÚMEROS APROXIMADOS
Nesta segunda-feira (13), o Diário do Nordeste noticiou que o número de sócios-torcedores de Ceará e Fortaleza iniciam a temporada de 2025 quase igualados. Após um amplo domínio tricolor ao longo de 2024, o Leão segue na frente, mas viu a vantagem de associados diminuir nos últimos dias. No momento, soma 40.574 contra 40.483 do lado alvinegro.
No Nordeste, o líder do ranking é o Bahia, com aproximadamente 75 mil. Vale ressaltar que a instituição não tem plataforma para fazer o acompanhamento em tempo real.
Confira a nota da Polícia Civil na íntegra
"A Polícia Civil do Estado do Ceará (PCCE) informa que apura as circunstâncias de um possível vazamento de dados de cartões de sócio-torcedores ocorrido em ambiente virtual. A Polícia Civil orienta que possíveis vítimas registrem um Boletim de Ocorrência (BO) na Delegacia Eletrônica (Deletron) ou procurem a delegacia mais próxima. O caso está a cargo da Delegacia de Repressão aos Crimes Cibernéticos (DRCC), unidade especializada da PCCE.
A população pode contribuir com as investigações repassando informações que auxiliem os trabalhos policiais. As informações podem ser direcionadas para o número 181, o Disque-Denúncia da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), ou para o (85)3101-0181, que é o número de WhatsApp, pelo qual podem ser feitas denúncias via mensagem, áudio, vídeo e fotografia ou ainda via "e-denúncia", o site do serviço 181, por meio do endereço eletrônico: https://disquedenuncia181.sspds.ce.gov.br/. O sigilo e o anonimato são garantidos.
As denúncias também podem ser feitas para o telefone (85) 3101-7586, do DRCC. O sigilo e o anonimato são garantidos."